sábado, julho 22, 2017

Mãe do mercenário russo encontra filho na cadeia ucraniana

O jornalista russo Pavel Kanygin, na companhia da cidadã russa Svetlana Ageeva, visitaram o filho desta, cabo das FA russas no ativo, Victor Ageev, detido na cadeia SIZO ucraniana na cidade de Starobelsk, na região de Kharkiv.

Primeiro, a mãe falou com filho na presença dos jornalistas, apenas ocidentais, mais o russo Pavel Kanygin, afinal, Svetlana Ageeva exigiu (Sic!) que a imprensa ucraniana não esteja presente no seu encontro com o filho e SBU consentiu essa exigência, impensável, na maioria das situações semelhantes, depois deste enconro, as autoridades ucranianas permitiram que mãe e filho fiquem conversar à sós.
Svetlana Ageeva trouxe ao filho doces e roupa. O mercenário russo está em boa forma física, embora é visível que está bastante nervoso, a visita da mãe foi uma surpresa para ele, os dois não se viam por quase quatro meses. Ele agradeceu a oportunidade de se encontrar com a mãe.

Como escreve Pavel Kanygin, desde a sua prisão em 24 de junho de 2017, Ageev não recebeu nenhuma visita do nenhum responsável russo, embora a Rússia possui o consulado ativo na cidade de Kharkiv. Svetlana Ageeva conta que não recebeu nenhuma resposta ao seu apelo público ao presidente russo e aos ministros da defesa e dos negócios estrangeiros. Embora nas vésperas da visita à Ucrânia (3 dias atrás), recebeu um telefonema do FSB em que foi lhe aconselhado à “ter cuidado na Ucrânia”.
As únicas autoridades que ajudaram organizar o encontro são Administração Presidencial da Ucrânia e a secreta ucraniana SBU. Que, deve ser dito, cumpriram todas as suas promessas, que fizeram à mãe do terrorista detido.

Bastante interessante é ouvir o que a mãe do terrorista russo detido tem à dizer sobre a sua percepção da situação atual em que se encontra o seu filho e o tratamento que ela e o seu filho recebem na Ucrânia, país à onde Victor Ageev foi ilegalmente para matar os ucranianos e destruir a infra-estrutura da região ocupada.
Svetlana Ageeva (SA): “o que vi em dois dias após estar na Ucrânia: a recepção tolerante; tratamento amigável; tentaram me dar a atenção; alojaram no hotel; tratamento é muito bom, humano; as pessoas tratam do nosso caso; sinto que estão tratar do nosso caso e estou muito grata”.

SA (ao filho): eu quero muito para que você volte para casa.
Victor Ageev (VA): eu também quero...
SA: ...tirar as ilações...
VA: não vou conseguir esquecer...

Pavel Kanygin (PK): diga, então, pelo menos uma ilação [que retirou do caso]!
SA: as pessoas não devem atirar uns contra outros ... não devem estar em guerra, mas na amizade... políticos devem pensar nisso... a imprensa...
PK: mesmo Solovyov e Kiselev? [os propagandistas russos mais assanhados na propaganda anti-ucraniana que roça abertamente e xenofobia].
SA: com toda o respeito sim... não se deve atirar a lenha à fogueira e precisa fazer o esforço na direção um ao outro... não se pode viver assim... é assim meu filho [se dirigindo ao filho].

Formalmente acusado de terrorismo

O chefe do SBU, general Vasyl Hrytsak, disse na conferência de imprensa, decorrida neste sábado em Kyiv que “as ações do Ageev são qualificados de terrorismo”. O general Hrytsak também informou que o respetivo processo-crime será concluído em breve.

O próprio Victor Ageev confirmou publicamente ser um militar russo no ativo: «Sou militar. Unidade № 65246» (aquartelada na cidade de Novocherkassk, regimento de comunicações e Centro de formação de força aérea e cósmica do exército russo). O mesmo foi dito pela sua mãe, com toda a convicção e com diversos pormenores, desde o primeiro dia em que se soube da detenção do mercenário russo na Ucrânia.

Apesar de todas essas evidências, as forças separatistas e autoridades russas teimam em não reconhecer o óbvio: a dita “lnr” continua a dizer que Ageev é “cidadão da lnr”; e o serviço de imprensa da Circunscrição Militar Sul (YuVO) afirma que “desde a primavera de 2016 Ageev passou à reserva e não tem mais a relação com o serviço militar [russo]”.

Nunca esquecer, nunca perdoar!
A ucraniana Iryna Dovhan maltratada publicamente em Donetsk. Fotos @Maurício Lima (NYT)

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