O
jornalista russo Pavel
Kanygin, falou com Svetlana Ageeva, a mãe do cabo russo Victor
Ageev, capturado recentemente no leste da Ucrânia com as armas nas mãos,
mais um entre os milhares de terroristas e mercenários russos, desta atual agressão russa contra o leste ucraniano.
Svetlana
Ageeva é professora de inglês, para ver o jornalista ele viajou cerca de 100 km
até a cidade russa de Barnaul,
onde vive o seu filho mais velho, Maxim, o irmão do Victor. O encontro se deu
no escritório Aleksandr Goncharenko, o famoso na região de Altay defensor dos
direitos humanos. Svetlana conta que recentemente ela recebeu a visita do comissário
militar da sua cidade, Konstantin Eller que lhe declarou categoricamente o
seguinte: Victor não era militar do exército russo contratado, foi para a dita “lnr”,
na qualidade do mercenário [ação punível no Código Penak russo com a pena prisional
de até 15 anos].
—
Svetlana Victorovna, você disse que ele [Victor Ageev] tinha um contrato com o
Ministério da Defesa russo. Mas o Ministério nega tudo. Você tem os respetivos papéis?
—
Nega sim. Mas eu já nem sei, eu própria. Afinal de contas, ele me dizia: eu vou
sob contrato. Enviou [me] via rede social “OK” a digitalização da ordem em que recebeu
[a patente] do cabo. Ele estava tão feliz com isso! E eu tinha certeza de que
ele está na região de Rostov e serve lá na 22ª unidade. Temos tantas vezes falado
ao telefone, ele me enviava as fotos de lá, onde ele está em uniforme militar com
três outros rapazes, e eles seguram uma bandeira, e nela estava escrito algo
sobre as unidades da federação russa... Bem, talvez era coisa a romântica, os
meninos estão à brincar. O comissário [Konstantin Eller], quando vinha, me disse
que a bandeira não é verdadeira. Então agora eu não sei o que pensar.
[...]
Svetlana Ageeva conta que desde a sua chegada em Rostov, ela falava com filho semanalmente.
Um mês depois, Victor até lhe mandou do seu salário 5.000 rublos (84,2 dólares).
“Ele disse que para já não pode [mandar] mais. Mas mesmo assim estava feliz...
Vitinho me ajuda a pagar o empréstimo, sabe que isso não é me muito fácil” [...]
—
Você, em geral, segue ativamente as notícias? Aquilo que está acontecendo na
Donbas, por exemplo?
— Sim! Gosto
muito da política. Sempre assistir nosso famoso Solovyov, Kiselev [os dois
propagandistas mais patrioteiros em alinhamento pró-Kremlin], gosto os seus “60
Minutes”. Embora Kiselev de alguma forma não muito bom, mas Solovyov gosto
muito. Em geral, eu entendo um pouco, me parece [da política].
—
A conclusão é essa de que
a mídia ucraniana e a nossa [russa] trabalham algo assim, apenas para demonizar
o outro. Veja. Por que os ucranianos têm tal ódio [aos russos]? Talvez os nossos
meios de comunicação também lançam a sujeira sobre os ucranianos mais do que é necessário? Talvez isto acontece de propósito?.. Ou os acordos de Minsk. Em
toda parte se ouve constantemente que eles não funcionam, e eu não consigo
entender quando irão funcionar! Quem deve tomar os passos para isso? Kiev sozinho
ou os nossos também devem? Acho que precisa que ambos os lados devem trabalhar.
Esta situação [no sudeste da Ucrânia] está se arrastando. Por outro lado, eu
escutei uma barragem de negatividade dirigido à mim e à Rússia dos ucranianos,
e era assustador. Ameaças de morte, insultos. Talvez eles foram contratados
especificamente para escrever isso? Eu claramente não sei, mas parece-me que os
russos não reagem tão fortemente [contra os ucranianos], tão agressivamente e
com tanto ódio. Eu mesmo não reajo, de tudo, com ódio contra eles [ucranianos].
Acho que a minha geração de ucranianos também – assim eu acho. É apenas a
juventude que cresceu durante estes 25 anos [desde a queda da URSS em 1991], é
má. Desde que a política lá [na Ucrânia] era anti-russa, foi isso o que
aconteceu. Mais uma vez, eu não vivi lá, apenas tiro as conclusões a partir da
mídia, dos programas do Kiselev, Solovyov. De que outra fonte seria? Onde mais se falam
de forma tal convincente? Agora eu estou interessado nesta questão, quando me tocou.
Eu só quero saber por que eles nos odeiam tanto, então? Ou eles não nos odeiam?
Talvez apenas isso seja apresentado a nós assim?
—
Você está surpresa com a reação das pessoas pelo facto do seu filho ir participar
na guerra num outro país?
—
(longa pausa) Eu, apenas, não iria reagir assim, se a tal [invasão] estaria no
meu território. Bem, agiria de forma mais inteligente, de alguma forma. Mas
eles são jovens, são mais emocionais, maximalistas. Estou confusa. Eu
sempre pensei sobre essa guerra na Ucrânia, assisti todos os programas de
televisão, e é assim que a vida se virou.
Apelo
da Svetlana V. Ageeva ao presidente Putin e aos ministros da Defesa, Shoigu e
dos Negócios estrangeiros, Lavrov.
Meu
filho, cumprindo o serviço militar regular há um ano, expressou o desejo de trabalhar
sob contrato e queria voltar aos mesmos lugares, onde ele serviu o SMO. Ele viajou
em março [de 2017], dizendo que iria trabalhar sob contrato. Foi dito a cidade
de Bataisk. Ele estava constantemente entrando em contato comigo ao telefone,
uma vez por semana, uma vez à cada duas semanas. Eu sabia das suas realizações
mais ou menos, porque não podíamos falar por muito tempo — isso era caro.
<…>
Victor! E espero sinceramente que a parte ucraniana fará as concessões (Sic!), mostrará
a humanidade (Sic!!) e nos permitirá comunicar consigo ao telefone. Ou permitirá
lhe transmitir a minha mensagem de vídeo através do jornalista da “Novaya
Gazeta”. Pelo menos, eu quero acreditar nisso.
Blogueiro:
a mãe do mercenário defende o seu filho com “unhas e dentes”, mas seguramente
já recebeu a orientação dos órgãos militares/estatais russos, daí a menções de “já
não saber”, “de estar confusa”, de acreditar na “brincadeira dos meninos” com
as bandeiras e armas à fingir... Interessantes são duas revelações da Sra. Svetlana:
a participação ativa do Victor na guerra russa contra Ucrânia e na morte dos
ucranianos na Ucrânia, ajuda a sua mãe à pagar o empréstimo bancário e outro
ponto, as suas conversas telefónicas eram caras, por isso eram curtas. Este elemento
indica que as conversas, muito provavelmente, eram em roaming, à partir do
território da Ucrânia, como tal eram caras, sendo internacionais.
Outro ponto interessante é
a maneira como Svetlana lê o seu apelo, como se pode ver nas imagens, ela lê
algum texto que fica à esquerda da câmara. Quem é o autor do texto para já é uma
incógnita...
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