Na
foto estamos a ver os funcionários de um Instituto de Pesquisa Científica (NII) de Moscovo,
na triagem de repolho, sujo e podre, numa base horto-frutícola, provavelmente no outono de 1982.
A
caso dos NII´s soviéticos é bastante interessante. Os institutos
existiam na URSS aos milhares, tinham ligação bastante fraca às indústrias,
eram centros de pesquisa fechados em si, as suas criações e pesquisas pouquíssimas
vezes foram aproveitadas pela máquina industrial soviética.
Como
um dos últimos atavismos soviéticos da “união entre cidade e o campo”, os
funcionários destes institutos, algumas vezes por ano, eram enviados, de forma compulsiva, aos
kolkhozes para auxiliar na safra ou então, às bases horto-frutícolas, para
ajudar na triagem de repolho, batata ou outros leguminoso de baixo valor comercial (portanto nada de bananas ou laranjas) geralmente bastante sujos e já meio podres.
Escusado de dizer que este trabalho era pouco apreciado pelos cientistas, mas
não podia ser recusado, sob pena de sanções disciplinares. A única maneira de
escapar da união kolkhoziana, era através da apresentação do boletim médico ou da deliberação médica, que
livrava o seu portador dos trabalhos braçais.
Os
salários dos funcionários dos NII´s também eram bastante baixos, em média cerca de 150 rublos mensais
antes de impostos (254 dólares ao câmbio oficial da época), apenas dois
salários mínimos. Como tal, a motivação também era baixa e em cada departamento
havia diversos funcionários que nada ou quase nada faziam, enquanto todo o
trabalho científico e de pesquisa, por vezes era de responsabilidade de um(a)
ou outro(a) trabalhador(a)
compulsivo(a).
Crachá do membro da Equipa Popular Voluntária de Defesa da Ordem Pública (DND) |
Os restantes funcionários resolviam as palavras cruzadas,
trocavam as receitas de doces e salgados, dormiam, se engajavam nas atividades sindicais e
de diversas outras associações supostamente cívicas e na realidade estatais,
tais como Sociedade Voluntária de Auxílio ao Exército, Aviação e Armada (DOSAAF) ou Equipas Populares Voluntárias
de Defesa da Ordem Pública (DND),
que patrulhavam as ruas das cidades soviéticas em auxílio da milícia (polícia
de segurança pública). Basta dizer que em 1984 na URSS existam 13 milhões (!)
de membros dessas unidades “voluntárias”.
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