quinta-feira, junho 07, 2018

Como União Soviética tentava “curar” os seus cidadãos canhotos

Até o ano 1986 o sistema educativo soviético considerava que os canhotos são alunos “errados” e devem ser, obrigatoriamente “curados” e “reeducados”, isso é, obrigados à passar escrever com a mão direita.

Os métodos da “cura canhota”
Os métodos variavam dependendo do grau de sadismo e do fanatismo dos professores. Havia escolas onde era usada a coerção moral, em outros lugares a mão esquerda do aluno era amarrada à carteira escolar — impedindo que este pudesse escrever com a mão “errada”. Os professores batiam os canhotos com a régua, também para desencorajar o uso da mãe esquerda.
Os pais eram obrigados a participar neste processo, o sistema soviético propunha os seguintes métodos — quando a criança estará fazer as tarefas escolares, colocar na sua mão “maldita” uma luva especial (grossa e sem a separação dos dedos) e proibir de a tirar. Como alternativa, se propunha colocar nos dedos da mesma mão a ligadura em forma de bandagem.

As razões da “cura canhota”

Primeiro, a doutrina soviética não previa a existência de diferença, das pessoas que milimetricamente pudessem ser diferentes da massa cinzenta dos cidadãos obedientes. Por isso, em diversas épocas a URSS perseguia os canhotos, rapazes que usavam o cabelo longo ou que gostavam de roupas ocidentais (ler sobre fartsovka), hippies ou stilyagi — simplesmente porque todos eles eram “diferentes”.
Stilyagi: ler mais
A razão “oficial” evocada para a “cura canhota” era simples: todos os objetos usados no dia-a-dia eram criados para os destros, e os canhotos teriam dificuldades de viver neste mundo – por exemplo, escrever da esquerda para a direita, com a mão esquerda e não manchar o papel com a tinta de china, era praticamente impossível.
Existia mais uma razão, que não era evocada amplamente, conexa com o serviço obrigatório no exército soviético – nas armas automáticas os seus mecanismo essenciais (como as travas de segurança, etc.) eram localizados no lado direito da arma, para o lado direito eram projetadas as cápsulas usadas. Se a arma for usada por um canhoto, as cápsulas iram diretamente ao seu rosto – o que dificultaria ou mesmo impossibilitaria o seu serviço ativo no exército.

Como terminou a “cura canhota”?

Observações dos canhotos “curados” mostraram o impacto claramente negativo sobre a sua psique – canhotos se sentiam culpados, muitas vezes tornavam-se párias e rejeitados nas salas de aula, o seu aproveitamento escolar baixava, devido ao facto de terem constantemente à lutar contra o seu “mau hábito”. Muitos canhotos, submetidos aos métodos soviéticos de reeducação forçada, também apresentavam os sintomas de insónia, gaguez e tiques nervosos.
Os estudos científicos demonstram que é impossível “curar” ou “reeducar” os canhotos completamente – o hemisfério direito do seu cérebro lidera (nos destros – o hemisfério esquerdo), e é impossível de alterar essa dinâmica. Apenas uma parte dos canhotos, se adaptou razoavelmente bem à vida, após o esforço empreendido de “reeducação”. Mesmo assim, eles não se tornavam destros completos, mas começavam à usar, de uma forma mais ou menos igual, ambas as mãos. Como resultado, a “cura canhota” foi abolida na URSS em 1986, coincidentamente ou não, com início da Perestroika.

Foto: GettyImages | Texto: Maxim Mirovich

Blogueiro: sabemos que a “cura canhota” não era praticada exclusivamente na URSS, como tal, os fãs da URSS podem não perder o seu rico tempo com este tipo de argumentos.

1 comentário:

francisco júnior disse...

Aqui no Brasil algumas escolas já adotaram essa cura no passado.