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anos atrás nasceu a artista gráfica e desenhadora ucraniana Halyna Mazepa de Koval,
a filha do Isaak Mazepa,
o primeiro-ministro da República Popular da Ucrânia que a maior parte da sua
vida passou na Venezuela, que se tornou a “segunda pátria” dessa talentosa ucraniana,
pertencente a uma geração inteira dos ucranianos e ucranianas geniais que deixaram
o seu país e até a Europa, se salvando do comunismo soviético.
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"As bruxas", 1977 |
Halyna
era a filha caçula do jovem casal Mazepa, jovens social-democratas e
estudantes, pai engenheiro agrónomo e a mãe médica bacterióloga. Nascida em
1910 em São Petersburgo, aos cinco anos se mudou para atul cidade de Dnipro, em
1920 a família emigra para Lviv e em 1923 se afixa em Praga.
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"As lavadeiras", 1975 |
Mostrando,
desde a pequena, o talento para o desenho, Halyna aprende a sua arte com os
diversos artistas ucranianos que escolheram a Checoslováquia como um porto
seguro, após a derrota da 1ª república ucraniana. Assim, após terminar o
ginásio, Halyna Mazepa frequenta os Estúdios ucranianos de arte plástica,
depois estuda arte em Escola de arte industrial e na Academia da Arte em Praga.
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"Mavka", 1977 |
Sonhando
com a viagem ao Paris, a jovem desenhadora ilustrava os livros infantis, colaborava
com as revistas humorísticas e femininas (Pražаnka, List pani a dívek, Frauenfreude, Mädchenglück).
No mesmo período conhece a arte popular ucraniana, recebendo os convites para criação
de capas paras as revistas ucranianas, desenha os figurinos para os teatros.
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A capa da revista ucraniana "Nova Hata" (Casa Nova), 1934 |
Em
1933 se concretiza o seu sonho, a jovem Halyna Mazepa visita a Paris, onde
conhece o seu futuro marido, Volodymyr Koval.
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O retrato do Volodymyr Koval, 1933 |
O
seu trabalho torna-se rapidamente reconhecível graças ao seu próprio estilo
moderno – “este modernismo se manifestava em um desenho simples, inexistente
até ai entre nos e na mesma composição simples, ao mesmo tempo as obras eram
marcadas pela ousadia e imaginação forte, eram ligeiramente estilizados,
enquanto as cores ousadas, em contraste, muito bem harmoniosas reforçavam ainda
mais essa impressão...” Halyna Mazepa fazia as exposições com sucesso em Lviv,
Praga, Roma.
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Cesto de fruta, 1937 |
Em
1939 ela casa em Praga com Volodymyr Koval, tragicamente os dois seus filhos,
Volodymyr e Yuriy, juntamente com a avó, a mãe da Halyna – Natália Synhalevych-Mazepa, morreram em fevereiro de 1945 no decorrer do bombardeamento aliado da Praga. A
tragédia obrigou a família se mudar de Praga para Alemanha, deixando por trás
as suas obras e até os documentos pessoais. O destino posterior destas obras é
desconhecido.
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Menina com Scilla (1947) e Avô e avó (1947), Alemanha |
No
fim de 1947 a família Koval-Mazepa emigra para Venezuela, se estabelece em Caracas,
onde Volodymyr Koval trabalha como engenheiro elétrico na construção civil e
depois como professor na Universidade de Caracas. Já em 1948 Halyna começa a
trabalhar na empresa cinematográfica Bolivar
Films e na produtora ARS Publicidad que se dedicava aos desenhos animados. Em
1948 Halyna Mazepa de Koval (como é conhecida na Venezuela) realizou a sua
primeira exposição individual na Venezuela, no mesmo ano participa no IX Salão
Oficial, em que concorre na seção de artes plásticas com óleos e guaches e
artes aplicadas como ceramista. Desde 1956 e durante 25 anos ela ilustra a
revista popular de escolas primárias «Tricolor», publicada pelo Ministério de
Educação da Venezuela. Com o ícone cerâmica “Proteção da Virgem” (protetora dos
navios em uma grande tempestade), obteve em 1956 o Prémio Nacional de Artes
Aplicadas, atribuído pelo Ministério da Educação da Venezuela. Halyna também se
torna a colaboradora assídua das revistas “El Farol”, “Creole” “Revista Shell” e
“Tópicos Shell”. Ilustrou os livros publicados pelo Ministério de Educação da Venezuela
e do Instituto Nacional de Cultura e Belos Artes (INCIBA).
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Autoretrato, 1950 |
A
artista mantinha o contacto permanente com os artistas ucranianos dos EUA e do Canadá,
expondo em exposições coletivas e individuais no Instituto da Ucrânia. Faz
ilustrações para as revistas e os livros infantis e de poesia da diáspora
ucraniana e em 1982 é lhe dedicada uma monografia do Ministério da Educação da
Baviera da Alemanha Federal. Em 1991 a editora japonesa, “Kagyusha” publicou em
japonês um livro com os temas indígenas infantis venezuelanos pintados pela
artista ucraniana.
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As capas dos livros ucranianos publicados na Diáspora |
Além
disso, Halyna se realizava em cerâmica artística, que estudou ainda em Praga –
produzia em casa os pratos, placas, figuras humanas (caracteres do Vertep), mais
tarde, as suas obras foram reproduzidos em duas fábricas de cerâmica. Com o
dinheiro do prémio nacional pelo ícone “Proteção da Virgem” ela comprou um
piano aos seus filhos, na Venezuela Halyna Mazepa novamente se sente a
felicidade da maternidade: em 1945 na Alemanha nasceu Bohdan e já na Venezuela,
em 1950 – Ivan).
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(Cossacos) de Zaporizhia (1957) e Árvore da Vida (1959) |
O
casal Mazepa-Koval viajava muito, visitando os EUA, Canadá, França, Espanha,
Itália, Áustria, Alemanha, Holanda e Bélgica, onde mantinham os contactos com
os artistas plásticos ucranianos.
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"Madonna" (1951) |
Em
1986 no V Concurso internacional dos desenhadores ilustradores Noma (The Noma Concours
for Picture Book Illustrations), organizado, de forma bianual sob patrocínio da
UNESCO, o trabalho da Halyna Mazepa de Koval «Churun Meru» recebeu o prémio
especial do júri.
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"Churun Meru", 1986 |
Halyna
Mazepa sempre se sentiu ucraniana até a sua última respiração trabalhou para a sua
cultura nativa. Ela gostava de desenhar com a tinta de china, guache, óleo,
tempera, mas quase não reconhecia as aguarelas. O tema principal de suas obras
foram tradições familiares, histórias que encontrava em canções folclóricas,
lendas, contos de fadas, a vida popular, motivos bíblicos. Sempre mantive o seu
estilo único e não tinha medo de experimentar, tinha a habilidade infinita de
misturar a fantasia com a realidade, nos seus trabalhos se sente o famoso sabor
do café venezuelano que cativa os conhecedores com o sabor incomparável,
variedade de sabores e notas delicadas leves...
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"Madredeus", 1977 |
A
artista permaneceu ativa até os últimos anos de vida. O seu coração parou de
bater em Caracas em 1995, quando Halyna Mazepa-Koval caminhava ao seu 86º
aniversário.
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"A sonhadora", 1961 |