No
dia 15 de março o Departamento
do Estado da Justiça dos EUA acusou
formalmente dois oficiais do FSB e dois hackers de acesso indevido ao Yahoo e aos
500 milhões de e-mails. Foram visadas as contas de correio dos jornalistas
e banqueiros russos, funcionários estatais americanos e russos, trabalhadores das
linhas aéreas americanas e muitos outros. Um dos agentes do FSB acusados,
Dmitry Dokuchaev, em dezembro 2016 foi preso na Rússia por suspeita de traição;
o hacker Alexey Bilan estava na lista de procurados do FBI desde o 2013.
Os acusados
São
dois agentes do FSB, acusados na Rússia no fim de 2016 em traição do Estado e dois
hackers, cujos serviços eram usados pelo FSB.
O
Departamento do Estado da Justiça dos EUA acusa os cidadãos russos, oficiais do
FSB, Dmitry Aleksandrovich Dokuchaev (33) e Igor Anatolyevich Sushchin (43) em “conspiração
para efetuar a recolha de informações sobre as redes de computadores nos
Estados Unidos e fora do país”. Eles agiram entre 2014 e o fim de 2016 em
conjunto com dois hackers, Alexsey Alexseyevich Belan (29), aka “Magg,”,
nascido na Letónia, cidadão russo e residente nos EUA e Karim Baratov (22), aka
“Kay,” “Karim Taloverov” e “Karim Akehmet Tokbergenov”, cidadão da Canadá e do
Cazaquistão e residente no Canadá.
Os
oficiais do FSB pagavam os serviços dos hackers que, segundo acusação, podem ser
mais numerosos, mas os seus nomes são desconhecidos pela acusação e grande júri
— o colégio dos jurados que determinou a pertinência da acusação.
Pelo
menos um dos objetivos dos oficiais do FSB era obtenção de informações sobre as
pessoas de interesse para as agências de segurança russas: jornalistas, funcionários
estatais russos e norte-americanas, funcionários de serviços e empresas
relacionados com a segurança na Internet. Além disso, os membros do grupo obtiveram
o acesso às informações de estruturas comerciais na Rússia, EUA e França, invadiram
a e-carteira de bitcoins na Suíça. Alexei Belan, não só passou a informação aos
seus supervisores do FSB, mas também a tinha usado para o seu benefício pessoal.
Alexsey Belan, que está na lista internacional de procurados desde 2012, vive na Rússia
– ou seja sob a jurisdição do FSB. No entanto, ao invés de prendê-lo, o serviço
decidiu contratá-lo. A Procuradora-geral adjunta interina americana, Mary B. McCord, declarou
durante o anúncio das acusações: “O facto de que os criminosos foram ajudados
pelo mesmo departamento do FSB com o qual colaboram os agentes do FBI para
prevenir o crime cibernético, passa além de todos os limites possíveis”.
Os crimes
O
caso contém 47 episódios de acusação. Eles são acusados de conspiração para
cometer fraude cibernética, a espionagem económica e industrial, bem como no
desenvolvimento e disseminação de malware. De acordo com vários pontos de
acusação, as pessoas envolvidas podem ser condenados entre dois à 20 anos, tendo
em conta que no sistema judicial dos EUA as penas de diversos episódios se
somam.
Entre
os alvos russos, foram pelo menos um jornalista, um membro sénior do governo, russo,
oficial do departamento “K” (crime cibernético) e um dos diretores do serviço
de e-mail russo. Entre
os estrangeiros os alvos eram cidadãos de um “país vizinho”, onde hackers do FSB
invadiram o e-mail do ex-ministro do Ministério do Desenvolvimento Económico, o
ex-diretor de Holding Metalúrgica, um grande banqueiro e “representante bem
conhecida da comunidade empresarial”. Além disso, grande parte das contas
comprometidas era usada para roubar os dados de cartões de crédito.
Os
hackers usavam as manipulações com o motor de busca do Yahoo. Em algum momento,
o motor de busca, ao pedido das drogas para melhorar a potência masculina fornecia
um link à farmácia on-line, mas passando por uma página intermediária. Como
resultado, o recurso controlado por fraudadores recebia a comissão da farmácia por
angariar os clientes.
Perfil dos acusados
Dmitry
Dokuchaev trabalhava no Centro de segurança informática do FSB. Em dezembro de
2016 foi detido na companhia com o vice-diretor do mesmo centro, Sergey Mikhaylov,
acusados de traição do Estado. As acusações concretas são desconhecidas, os dados
não oficiais permitem supor que os dois são acusados em vender a “diversa
informação” ao chefe do Departamento de investigação dos incidentes informáticos
do “Laboratório Kaspersky”, Ruslan Stoyanov. Este a reenviava às companhias
analíticas americanos que colaboravam com os seus serviços secretos. Os
dados não oficiais apontam que no passado Dokuchaev, ele próprio era o hacker conhecido
como Forb, recrutado em 2006 pela FSB onde ele chegou ao patente do major.
Igor
Sushchin não possui a ficha pública, embora ente 2009 e 2011 uma pessoa com o
nome idêntico possuía a quota-parte da empresa privada russa de segurança «Basis».
Alexsey
Belan (29) era conhecido na Internet como Fedyunya, Magg e Abyrvaig entrou em
2013 na lista dos hackers com procura prioritária pelo FBI. Na altura ele foi acusado
de roubo de dados de três empresas americanas que se dedicavam ao comércio na
Internet, situados na Califórnia e Nevada. O hacker foi visto nas Maldivas, Tailândia
e Grécia, pela sua captura FBI pagava 100.000 dólares. Em
29 de dezembro de 2016 Belan, juntamente com a direção do GRU e outro hacker, Yevgeny
Bogachev foi pessoalmente mencionado na declaração do Departamento do Estado dedicado
à introdução das sanções americanas contra Rússia devido ao acesso indevido ao
sistema eleitoral dos EUA.
Os
dados pessoais do Karim Baratov são desconhecidos, ele vivia no Canada, possuía
o passaporte canadense e trabalhava diretamente com Dmitry Dokuchaev.
Os
castigos
Para
já os EUA não contactaram as autoridades russas em conexão com acusação contra
os seus cidadãos. O Departamento do Estado da Justiça dos EUA irá confiscar os
bens dos acusados, nomeadamente a conta no sistema de pagamentos PayPal, registada
em nome da empresa “Elite Space Corporation” e as viaturas Mercedes Benz C54 e Aston
Martin DBS com a matrícula «MR KARIM», todos pertencentes ao Karim Baratov,
detido no Canadá em 14 de março de 2017.
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