sábado, março 18, 2017

O estatuto da cidade-museu para Pripyat

Foto @Anton Petrus, cadeira num dos jardins de infância em Pripyat
Atualmente se discute a necessidade de transformar a cidade de Pripyat em uma “cidade – museu”, o que dará à urbe o estatuto oficial de património histórico-cultural que teoricamente preservará a cidade de destruição, natural e provocada pelo homem. Este estatuto também permitiria a recolha oficial de apoios financeiros para preservar a cidade, incluindo das fundações internacionais de apoio à preservação da herança cultural.
O monumento às vítimas do Chornobyl em forma do anjo bíblico
O fenómeno da Pripyat é único no mundo – era uma cidade bastante grande e próspera, que num único dia foi abandonada por todos os seus residentes. O que aconteceu em 26 de abril de 1986 e tudo que se sucedeu depois disso é muito semelhante aos efeitos de uma guerra nuclear. Hoje, a cidade de Pripyat possui o aspeto que teria alguma cidade na periferia longínqua da “zona do impacto nuclear”. Com o papel da parede à cair das paredes, com móveis escurecidos, com fluxos de água nos corredores e brinquedos de crianças, que tornaram-se em objetos assustadores. Pripyat é muito boa para colocar “na real” todos os “militaristas” – por diversas vezes os grupos de turistas barulhentos que vêm para a cidade em fardamentos camuflados para brincar aos “combatentes” e aos stalkeres perdem imediatamente essa sua vontade, vagueando pela cidade quietos a meio abatidos.
O monumento minimalista com os nomes das aldeias ucranianas desaparecidas
para sempre em resultado do acidente nuclear do Chornobyl
Além disso, Pripyat é um monumento único e original da desaparecida União Soviética – a cidade foi construída em 1970, sem possuir nenhumas camadas culturais e históricas anteriores. Na verdade, essa cidade é um modelo da “cidade ideal”, na forma como este conceito foi idealizado na União Soviética – sem os antigos edifícios históricos, com uma sala de cinema típica, com a Casa da Cultura, com as lojas envidraçadas nos quintais dos prédios de habitação e com os cafés do verão à beira-rio. Este valor histórico não é óbvio para nós agora, mas definitivamente será muito interessante às gerações futuras. A cidade é muito compacta e conveniente para as caminhadas, com o tempo Pripyat poderá se tornar um dos lugares turísticos mais populares do mundo.
A viatura dos bombeiros abandonada
Atualmente, existem vários projectos da “cidade-museu” em Pripyat. Uma das propostas prevê a reconstrução de um dos bairros para mostrar como as pessoas viviam na URSS nas décadas de 1970-80. Outro bairro pensa-se para deixar exactamente como está agora,  para mostrar o impacto da vida selvagem e do tempo numa cidade sem a gente. Para já nada disto pode ser realizado, porque a cidade não tem o estatuto oficial do museu e para já não é considerada como um património (fonte).
Os restos da antena, pertencente ao projeto ultra-secreto militar soviético "Raduga"
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