O professor americanoGrover
Furr(docente de inglês que insiste em
ensinar a história) na Universidade Estadual deMontclairnos EUA defende a ideia do que Estaline
e regime comunista da URSS não são responsáveis pelos milhões de mortes ocorridas
na União Soviética durante a ditadura estalinista.
Sugiro que os nossos leitores dedicam alguns minutos do seu rico tempo para se manifestar sobre o assunto, escrevendo no perfil da Universidade no Facebook ou na forma de contato da própria Universidade:
O Governo ucraniano
assinou o contrato no valor de 1 bilião de dólares com um alegado cidadão
espanhol, representante alegado da empresa espanhola “Gas Natural
Fenosa” (alias “Gas Natural SDG, SA”; alias “ENAGÁS
SA”).
No dia 26 de novembro,
em Kyiv, na presença do primeiro-ministro da Ucrânia Mykola Azarov e do ministro
da Energia e da Indústria de Carvão Yuriy Boyko, foi assinado o Acordo de Gestão
do Consórcio para construção do terminal de gás líquido no valor de 1,1 bilhões
de USD. Da parte ucraniana o Acordo foi assinado pelo diretor da Agência Estatal
de Investimento e Gestão dos Projetos Nacionais, Vladyslav Kaskiv e pela parte espanhola
por Jordi Sarda Bovehi (nome desconhecido pelo Google), alegadamente, atuando em nome da “Gas Natural Fenosa”.
Os problemas começaram quando a empresa espanhola declarou oficialmente que não
conhece Jordi Sarda Bovehi, não lhe passou nenhuma procuração para agir em seu nome
ou em nome das suas subsidiárias, escreve Pravda.com.ua.
O jornalista do Financial
Times, Roman Olearchyk, escreve no seu blogue
que o alegado representante da contraparte espanhola se expressava em espanhol
durante a cerimónia da assinatura do contrato e que ele foi identificado pelos
governantes ucranianos como Jordi Sarda Bovehi. Abordado na cerimónia da
assinatura do Acordo, o próprio Jordi Sarda Bovehi recusou-se a falar com
jornalistas.
A parte ucraniana
insiste na ideia do que o Acordo foi oficialmente assinado com “Gas Natural Fenosa”,
representada pelo Jordi Sarda Bovehi. Na opinião do Vladyslav Kaskiv “Gas Natural
Fenosa” nega o seu envolvimento no negócio apenas por causa das “tecnicalidades
por resolver”. Kaskiv também informa que os estudos da viabilidade económica do
projeto foram efetuadas pela “Gas Natural Fenosa Engineering (ex-Socoin)”, a
subsidiária da casa-mãe. Vladyslav Kaskiv também desvaloriza a posição da “Gas Natural
Fenosa” e explica que prioridade para Ucrânia está no transporte da plataforma
marítima até a costa ucraniana do Mar Negro e que está operação é assegurada
pela empresa americana “Excelerate Energy LLC”.
Na página oficial do
Governo ucraniano está escrito que o Acordo foi assinado pelo diretor-geral das
relações exteriores da empresa “Gas Natural Fenosa” Jordi Garcia Tabernero (pessoa
real, mas em nada parecida com o assinante do Acordo) e pelo
vice-presidente sénior da “Excelerate Energy”, Edward Scott. Na página da Agência Estatal
de Investimento e Gestão dos Projetos Nacionais está escrito que pela parte
espanhola o Acordo foi assinado pelo Jordi Sarda Bovehi.
Diversos órgãos da imprensa
ucraniana informam que uma delegação conjunta do Ministério dos Negócios Estrangeiros
da Ucrânia e da Agência Estatal de Investimento e Gestão dos Projetos Nacionais
deslocou-se de urgência para Espanha para tentar minimizar os danos desta
história verdadeiramente caricata.
No dia 17 de dezembro
de 2010 Ucrânia criou a empresa “Projeto Nacional do Terminal de Gás Liquido”,
que deveria assegurar a construção de um terminal marítimo com a capacidade de
receber 10 biliões de m³ de gás natural em 2014. No dia 30 de janeiro de 2012 a
empresa “Socoin” concluiu os estudos da viabilidade económica do projeto.
Segundo o estudo, o projeto poderá ser concluído em 49 meses e as primeiras
remessas do gás podem ser recebidas em 2016. O custo aproximado do projeto é de
846 milhões de Euros, a parte ucraniana é de 25% + 1 ação.
Num país
normal o caso poderia terminar com a demissão do chefe da Agência Estatal de Investimento
e Gestão dos Projetos Nacionais e até do primeiro-ministro. Na Ucrânia, cujo
presidente, Viktor Yanukovych é “académico” de uma academia virtual existente
apenas no papel, isso não deverá acontecer tão já…
Todo e qualquer crime,
todos os genocídios, tiveram as suas vítimas e os seus carrascos. Uma das caraterísticas
universais dos perpetuadores é o desejo de permanecer na sombra, alegação de “simplesmente
seguir as ordens” e até a negação dos próprios genocídios. O Holodomor
ucraniano não é uma exceção...
O funcionário do
partido-Estado soviético, Dmytro Hoichenko(1903-1993),
conheceu o sistema por dentro e teve a coragem de contar o que fez e o que
presenciou. No seu livro “Apocalipse vermelho: pela deskulakização e Holodomor”
(ISBN
9786175850398, editora «A-ba-ba-ha-la-ma-ha»),
ele conta sobre os acontecimentos assustadores da coletivização soviética e do Holodomor
ucraniano.
Membro da nomenclatura
partidária e estatal soviética, Dmytro Hoichenko escreveu o seu livro nos
finais dos anos 1940 – início dos 1950. A sua posição privilegiada permitia que
autor possuísse a diversa informação social e política. O que transformou as
suas memórias na verdadeira enciclopédia da vida da sociedade ucraniana durante
o Holodomor.
A segunda parte da sua vida
Dmytro Hoichenko passou no mosteiro católico de São-Francisco, onde vivia sozinho,
sem amigos e sem o seu próprio nome. Querendo confessar-se escreveu uma longa
carta ao metropolitano. Não a enviou. Decidiu escrever o testemunho sobre a sua
própria vida e sobre a maneira como o comunismo deformava as almas das pessoas
que apenas desejavam fazer o bem e alcançar a verdade. O manuscrito das suas
memórias foi achado nos arquivos de mosteiro em 1994, um ano após a morte do
autor.
O historiador ucraniano
Volodymyr Vyatrovych conta que gravou dezenas de depoimentos das vítimas do
regime comunista e nenhum dos seus perpetuadores. Embora estes últimos possuem
a melhor forma física, o seu silêncio significa a perceção pessoal que serviram
a força maligna. Pouquíssimos deles tiveram a corregem e nobreza de confessar
os seus crimes. Dmytro Hoichenko, o lutador contra os “kurkuls ucranianos” e caçador
incansável do “trigo escondido ao Estado” conseguiu essa façanha.
O editor-chefe da casa
editorial “A-ba-ba-ha-la-ma-ha”,
Ivan Malkovych, explicou que o livro foi propositadamente publicado em russo
para poder ser lido por todos os adeptos da “escolha comunista” para Ucrânia.
Entre as coisas que a
minha mãe não gostava, estavam o borsch verde de urtica, águas-neves e os
alemães. Porquê os alemães, eu entendia desde pequeno. Sobre o borsch e águas-neves
mãe explicou quando eu comecei a ganhar o cabelo grisalho e ela deixou de ter
medo.
De borsch de urtica ela
ficou saciada desde 1933. As águas-neves faziam ninhos na estepe, os ninhos tinham
muitos ovos que eram tão amargos, que a mãe, os lembrando muitos anos depois, cuspia
à maneira masculina. Tantos ovos que ela bebeu.
E mais algumas coisas, vindas
daqueles tempos, que a mãe não gostava e não sabia explicar porquê. Um deles
era Demyd, o nosso vizinho. Vivíamos apertadinhos, as nossas janelas olhavam
para as janelas dele. Numa das janelas eles tinham um brinquedo – comboio com
as rodas vermelhas. E as nossas crianças invejavam os deles.
Quando os nossos comiam
borsch de urtica, Demyd não quis. Ele levou a sua família, nove almas, para o
quintal e lhes disse que sabia onde existia uma maquina-maravilha: bastava se
deitar debaixo dela que os ravioli cairão na sua boca. O brinquedinho –
comboiozinho levaram consigo. Chegaram à aldeia vizinha, se deitaram uns ao
lado dos outros no campo pastorício e morreram lá mesmo, todos os nove.
Naquele ano na aldeia
morreram duas mil pessoas.
A mãe contava sobre
isso de uma maneira zangada. Como se fosse uma morte errada, inalcançável, como
se fosse aquele brinquedo na janela do vizinho. A mãe dizia: “Estúpido Demyd!” –
muito diferentemente de todos os outro. Embora sabia os nomes de todos os
aqueles que morreram naquela ano. Eram dois mil, dez vezes mais dos que
desapareceram mais tarde na II G.M. E ai eu perguntava:
— Mamã, porquê você não
gosta dos alemães, se os nossos mataram dez vezes mais?
— Mas foram os nossos! –
respondia a mãe candidamente.
Eu dizia que estes “nossos”
deveriam ser enforcados e ai ela chorava. Agora não a pergunto sobre isso. Ela
me visita nos sonhos raramente e eu não quero ver ela a chorar.
Este vídeo faz parte do
drama “Grande Deus”, abordando a história da criação do hino religioso “Quão
Grande Tu És”. O texto foi retirado do diário e das anotações do jornalista
britânico Gareth Jones, que denunciou Holodomor ao mundo.
Tal como Holocausto e
Genocídio arménio mudaram as respetivas nações, oHolodomormoldou e tipificou para
sempre o arquétipo da nação ucraniana.
Holodomor bruscamente
mudou as normas incorporadas da ética social. Primeiramente disseminou-se o
clima de delação, apoiado e fomentado pelo poder Estatal. O que antes era vergonhoso, foi apresentado como um ato da consciência social. Os delatores eram
pagos, quem mostrava onde o vizinho escondia o trigo recebia 10-15% do achado como
prémio. Os quem não tinham nada para comer, quebravam o tabu e denunciavam o
vizinho. Isso desmoralizou tanto os camponeses, que no inverno de 1933 o simples
facto de ter algum alimento em casa era visto como sinal de prémio pela
delação.
Nas aldeias se enraizou
a desconfiança e inimizade. Parecia que o mundo ficou de avesso: um delatava
para sobreviver, outro para ajustar as contas. Atmosfera tornou-se tão
carregada, que os camponeses ficavam com medo do poder Estatal e dos vizinhos, tentando
antecipar-se na denúncia. Um camponês da província de Kyiv contou que abateu o
vitelo e entregou metade ao vizinho para não ser denunciado. O vizinho aceitou,
mas na mesma tarde foi denunciar o caso.
A escola usava as
crianças para delatar os seus próprios pais. Os professores formulavam as
perguntas disseminados nos testes para saber se alguém tinha trigo escondido.
Perguntavam aos alunos se as suas famílias têm algo para comer ou como os seus
pais conseguiam os alimentos. Os professores recebiam 10% dos alimentos achados
na base da denúncia. Praticava-se a seguinte forma de delação: após as férias,
os alunos deveriam escrever uma redação “Como os meus pais celebraram o feriado kulakiano/kurkuliano” (o Natal e a Páscoa eram considerados “invenções dos popes” e eram proibidos).
Mudanças na cultura
alimentar dos ucranianos
Antes do Holodomor não era
possível comer a carne dos cavalos, rás, cegonhas, pombos, corvos. Comer as
cegonhas era visto quase como sacrilégio, pois a lenda dizia que eles traziam
as crianças. No fim de 1932 já não fazia a diferença o que comer. Não havia pequeno-almoço,
almoço ou jantar, desapareceram alimentos tradicionais dos casamentos ou
enterros. Embora até as últimas as pessoas se agarravam às tradições
ucranianas. Uma mulher conta que a sua mãe guardou dois ovos para os pintar na
Pascoa, preparou um pequeno pão pascoal para celebrar a festa de Ressureição. Os ucranianos acreditavam que iriam sobreviver até o ano seguinte se conseguissem
comer a tradicional ementa pascoal.
Comiam coisas não
comestíveis: faziam a farinha dos ossos e peles de animais, comiam as solas dos
sapatos. Moíam a palha, misturavam a com restos de milho-miúdo e trigo-mouro, cascas
das árvores, cascas de batata e disso coziam o “pão”. Faziam a “sopa” de folhas
de beterraba. Preparavam as “panquecas” da comida de porcos, que retiravam do
kolkhoz.
Antes da década de 1930,
nas aldeias as casas se fechavam. As portas eram afixadas com uma pedra ou
vassoura, se os donos não estavam em casa, ninguém entrava. A comunidade era
intolerante com o roubo, por mais insignificante que fosse. O ladrão era levado durante um dia
inteiro pela aldeia com o produto do seu roubo ao pescoço. Durante Holodomor o
roubo deixou de ser visto como pecado, como vergonha. Sem roubar, não irás
sobreviver. As mulheres camponesas escondiam nas botas a beterraba ou algum
cereal. Com passar dos anos, o roubo no kolkhoz foi encarado como uma
compensação pelos dias-horas não pagos.
Holodomor e sua
influência na cultura e tradições
Apesar do Holodomor, os
casamentos continuavam a celebrar-se, mas sem seguir as tradições. Testemunhas
contam que na província de Vinnytsya numa cerimónia de casamento os convidados
comiam beterraba com leite. Antes, o casamento era celebrado durante uma
semana, a aldeia inteira era convidada para a cerimónia. Antes, o matrimónio era
impensável sem o casamento religioso, depois, simplesmente impossível. No
arquivo do Instituto de Estudos de Arte, folclore e etnologia da Academia de
Ciências da Ucrânia podemos encontrar o folclore da época:
Pararam todos de rezar,
Foram sem os padres se casar,
Sem os padres se
morrer,
Padres foram desprezados.
Os casamentos fartos
eram dos serviçais do poder. Mas facilmente se transformavam nas bebedeiras com o acompanhamento musical. Quando, após o fim do Holodomor, as tradições
matrimoniais foram ressuscitando nas aldeias, vários dos seus elementos se
perderam. Uma mulher conta que em 1934 no seu kolkhoz foi organizada a festa
do fim da safra. As pessoas já tinham o que comer, mas todos estavam calados à
mesa. Finalmente, alguém começou a cantar e as pessoas simplesmente choraram.
As tradições ligadas ao
enterro
Tradicionalmente, nas
aldeias ucranianas um morto era sepultado no terceiro dia, com a presença do padre
e era feita a missa em memória do defunto. Durante Holodomor, os mortos eram atirados numa
vala comum ou na melhor das hipóteses eram colocados numa espécie de caixão, se
a família ainda tivesse algum homem vivo. As mulheres levavam os seus defuntos
em sacos, embrulhados em panos. Colocavam vários mortos na mesma campa, as
pessoas não tinham as forças de abrir a campa própria. No inverno de 1933,
quando a situação se tornou especialmente terrível, as pessoas eram enterradas
na neve. Na primavera do mesmo ano estes corpos foram profanados pelos animais
vadios…
Quase todos os kolkhozes criavam o posto de recolhedor de cadáveres. Os mortos eram procurados nos
quintais, colocados na carroça e levados até o cemitério. Sepultavam 10-20
pessoas em valas comuns. Os recolhedores recebiam 300-500 gramas de pão por
dia, era uma maneira de sobreviver a fome. Por vezes eles despiam os mortos e ficavam com as suas roupas. Existe o testemunho do caso na província de Mykolaiv quando um
aluno desenterrou o seu professor para levar o fato dele e trocar pelo pão. Quando
todos os moradores de uma aldeia morriam, aldeia era marcada, todas as suas casas
passavam pela “limpeza”. Depois aldeia era repovoada com os colonos da Rússia e da Belarus. Eles recebiam alojamento e emprego. Mas as casas, onde morreram as
pessoas, emitiam um cheiro específico. Vários recém-chegados fugiam. Eram capturados
e devolvidos à força.
Mito de canibalismo
Os arquivos do Serviço
de Segurança da Ucrânia (SBU) mostram que em toda Ucrânia foram registados cerca
de 2.000 casos. Por isso, dizer que durante Holodomor o canibalismo era massificado
e usual é absoluta inverdade. Casos de canibalismo e necrofagia, na sua
maioria, tinham lugar na primeira metade de 1933 e estavam claramente ligados
aos distúrbios psíquicos. As pessoas já não sabiam o que estavam a fazer. Houve
casos em que os canibais eram linchados pela população, pois as suas vítimas
eram, geralmente, as crianças. Na aldeia de Samhorodok, uma mulher que comeu os
filhos foi enforcada. As pessoas percebiam que os culpados estavam totalmente
transformados, existia até um ditado: “O nosso vizinho já ficou louco e comeu
os seus filhos”.
Em 1933 também houve
uma onda dos suicídios, um pecado mortal na ética cristã. Geralmente pessoas
se enforcavam. Uma mulher da aldeia de Voskresenske na província de Kyiv não
aguentou ver os seus filhos a pedirem-lhe a comida. Um homem na província de Vinnytsya
contou que ficou tão fraco, que já não conseguiu rasgar a sua camisa para fazer
a corda. Houve casos em que se suicidavam até os ativistas pró-poder, eles não
aguentavam o assédio das chefias distritais que os obrigavam a retirar os
alimentos dos seus conterrâneos.
Olesya Stasyuk, chefe
do Departamento Científico-Organizativo do Centro ucraniano do desenvolvimento
da museologia. Formada pela Universidade Pedagógica de Vinnytsya. Em 2007
defendeu a tese “Deformação da cultura tradicional ucraniana no fim dos anos
1920 – início dos anos 1930 do século XX”. Autora da monografia: “Genocídio dos
ucranianos: deformação da cultura popular”. Casada, mãe de um filho.
Assistir a intervenção do Prefessor Dr. Andrea Graziosi da Universidade de Nápoles:“Estaline e a fome como uma ferramenta para dominar
o campesinato ucraniano”:
Visas? What’s the Reason?foi
o título de uma discussão e apresentação fotográfica, organizada recentemente no
Parlamento Europeu pelo grupo cívico ucraniano “Europa sem Barreiras”.
A exibição, previamente
mostrada em diversas capitais europeias, mostra as fotografias e histórias de
ucranianos famosos: artistas, académicos, representantes da sociedade civil que
tiveram o seu visto Schengen recusado.
O eurodeputado polaco Pawel
Zalewski, presente na discussão em representação do grupo dos partidos
populares, disse que defende a abolição dos vistos Schengen aos ucranianos. Ele
também chamou a atenção ao facto do que atualmente a Polônia é o país que emite
maior número de vistos Schengen destinados aos cidadãos da Ucrânia, o que ao
seu ver significa que Polônia não tem dúvidas sobre idoneidade dos ucranianos.
O vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andriy Oliferov, disse não entender as razões
reais de continuação da atual política europeia de vistos em relação aos
ucranianos. “Se alguém acha que 20 milhões de Euros por ano é uma razão desta
política, eu tenho dúvidas nisso”, - afirmou o vice-ministro. Por sua vez, a
coordenadora da iniciativa “Europa sem Barreiras”, Irina Sushko, informou que a
maioria das recusas dos vistos acontece nos consulados da Itália e Holanda.
É de lembrar que
Ucrânia aboliu os vistos de entrada aos cidadãos da UE em 2005, em resultado da
política da abertura à Europa, motivada pela Revolução Laranja.
Nos dias 22-25 de novembro
em Kyiv, no cineteatroZhovten, são organizadas
“Dias do cinema brasileiro” na Ucrânia.
Em cartaz serão exibidas
três comédias românticas: “Caramuru. A Invenção do Brasil” (2001) de Guel
Arraes, “A mulher invisível” (2009) de Cláudio Torres, “A Dona da História” (2004)
do Daniel Filho e o drama social “Central do Brasil” (1998) de Walter Salles. Todos
os filmes terão a trilha sonora original em português e legendas ucranianas.
E claro, sugerimos dois
filmes documentais da autoria dos ucraniano-brasileiros Guto
Pasko e Andreia
Boatchuck Kalaboa, nomeadamente "Made in Ucrânia" (2005):
El acto se llevó a cabo
en la plaza Ucrania, ubicada en la avenida Mitre casi López Torres de Posadas
(Missiones – Argentina).
Bajo el lema “Luz a la
memoria”, la sociedad ucraniana de Posadas conmemoró un aniversario más del
genocidio (Holodomor) donde
murieron millones de ucranianos a principios de la década de 1930 en manos del
régimen comunista de Stalin. La ceremonia estuvo presidida por miembros de la
colectividad ucraniana y la asociación
27 de Agosto, encabezada por su presidente, Luis Ricardo Hardaman, y el
vice Jorge Bryski.
Neste sábado em Nova
Iorque (Manhattan), foi organizada a marcha popular em memória do 80º
aniversário do Holodomor ucraniano de 1932-1933.
A marcha começou na
igreja grego-católica ucraniana São Jorge e terminou na catedral de São Patrick,
onde foi celebrada a missa solene. Na marcha que se estendeu por 5 quarteirões
de Nova Iorque participou uma considerável quantidade de pessoas, muitos deles
jovens. Nas comemorações solenes participaram os mandatários da ONU, representantes
estatais dos EUA e da Ucrânia, o embaixador da Ucrânia nos EUA.
Lembramos, que em Washington
D.C. brevemente irá começar a construção do monumento em memória das vítimas do
Holodomor.
A Comissão Central Eleitoral
(CCE) da Ucrânia divulgou os dados (ainda incompletos) das legislativas
ucranianas, que permitem antever a composição do próximo parlamento ucraniano.
O Partido das Regiões
(no Poder) obteve 30% e elegeu 72 deputados, mais 115 nos círculos uninominais
e contará com o grupo parlamentar de 187 deputados; VO “Batkivshyna” (“Pátria”,
da Yulia Tymoshenko) consegui 25,53%: 62 + 40 = 102 no total, UDAR (do ex-pugilista
Vitaly Klitschko) obteve 13,95%: 34 + 6 = 40 no total, comunistas – 13,18%: 32
+ 0 = 32; VO Svoboda (Liberdade) alcançou 10,44%: 25 + 13 = 38 no total. Para
eleger um deputado pelas listas partidárias a força política deveria obter 84.404
votos, escreve Pravda.com.ua.
As legislativas ucranianas
foram bastante caras, pelas declarações oficiais o Partido das Regiões gastou
120 milhões de USD, VO “Batkivshyna” 60 milhões, UDAR – 30 milhões, comunistas
50 milhões e VO Svoboda apenas 2,9 milhões.
Outro dado importante é
a votação que VO Svoboda obteve no leste e no sul da Ucrânia: na província de
Dnipropetrovsk partido obteve 5,19%, na cidade de Dnipropetrovsk entre 5,59% e
8,3%. Na cidade de Odessa VO Svovoda alcançou 5,94%, em Zapororizhia 5,57-6,00%.
As eleições destruíram
o mito sobre o eleitorado da VO Svoboda como eleitorado rural e de pouca
escolarização. Os sociólogos mostram que os eleitores da VO Svoboda possuem um
dos maiores níveis de formação: 48% superior, 6% superior incompleto, 30% nível
médio especial, 12% secundário e apenas 3% secundário incompleto. Os eleitores
do VO Svoboda vivem nas capitais provinciais – 47,5%, 29% nas cidades menores e
apenas 24% nas zonas rurais.
A agência francesa AFP dedicou
uma reportagem à vitória da VO Svoboda, chamada “Svoboda, première formation nationaliste au parlement
ukrainien”:
O comandante do kúrin
(batalhão) doUPAOleksiy
Brys hoje tem 87 anos, 10 passou nos campos de concentração soviéticos, outros quarenta,
já em liberdade, trabalhou nas minas deIntae Vorkuta. Ele se move com ajuda
da cadeira de rodas, mas conta com assistência de uma enfermeira e não está
esquecido.
Oleksiy Brys terminou o
secundário já durante a ocupação soviética (1939-1941), matriculando-se em
seguida na faculdade paramédica do Instituto Médico de Lviv. Mas com início da
guerra entre URSS e Alemanha, incumbido pela OUN, se tornou o funcionário da
bolsa de trabalho (Arbeitsamt), onde ajudava à evitar a saída dos jovens
ucranianos para os trabalhos forçados na Alemanha.
No dia 21 de março de
1943 participou no ataque da clandestinidade ucraniana contra a gendarmaria alemã
na vila de Horokhiv (região
de Volyn), com intuito de libertar os prisioneiros e obter o armamento. O
ataque revelou-se um sucesso.
Mais tarde Oleksiy Brys
fez parte do estado-maior UPA-Norte,
onde continuou a lutar contra alemães e partisanes pró-soviéticos. Foi preso
juntamente com esposa Halyna e toda a sua família. Seu pai morreu de fome no
degredo em Cazaquistão, mãe Pelagia morreu em Vorkuta, irmão mais velho Pavló
foi morto pelos alemães, o mais novo, Anatoliy pelos soviéticos, combatendo nas
fileiras do UPA. A sua esposa Halyna também passou 10 anos nos campos de
concentração de Norilsk. Hoje, todos eles vivem na Ucrânia.
O Gabinete das
Instituições Democráticas e Direitos Humanos (OSCE / ODIHR), a Assembleia
Parlamentar da OSCE (AP da OSCE), a Assembleia Parlamentar do Conselho da
Europa (PACE), o Parlamento Europeu (PE) e a Assembleia Parlamentar da NATO (AP
da NATO), emitiram uma declaração preliminar conjunta sobre os resultados e
conclusões do processo eleitoral ucraniano (segue o trecho).
As eleições parlamentares
de 28 de Outubro foram caracterizadas pela ausência do mesmo nível de jogo, causado
principalmente pelo abuso do recurso administrativo, a falta de transparência na
campanha e no financiamento dos partidos, a falta de cobertura equilibrada da imprensa.
Certos aspetos do período pré-eleitoral constituíram um passo para trás em
comparação com as recentes eleições nacionais. (…) A tabulação de dados foi
avaliada negativamente pela falta de transparência.
Poderosos grupos
econômicos influenciaram o ambiente político prejudicando o processo eleitoral.
Isso manifestou-se, nomeadamente, na falta de diversidade de propriedade nos
meios de comunicação social e na (falta) do pluralismo, bem como na falta de
transparência na campanha e no financiamento dos partidos.
A maioria dos cargos em
comissões eleitorais distritais (DEC) e comissões eleitorais descentralizadas (PECs)
foram preenchidos por lotaria, como resultado, alguns partidos técnicos obtiveram
a totalidade de representação em DEC’s, enquanto outros partidos com candidatos
em todo o país não foram representadas no DEC’s de todo. Quase metade do
pessoal de PEC e 60% dos membros dos DEC foram posteriormente substituídos. Existem
as denúncias, alguns dos quais foram verificados pela Missão Eleitoral da OSCE
/ ODIHR, que os comissários eleitorais nomeados pelos partidos técnicos foram,
de fato, afiliados com outros partidos, especialmente com o Partido das Regiões,
no Poder.
Maria Zasimenko-Bonatska
tem 84 anos (em 2017), ela passou 7 anos nos campos de concentração soviéticos pela sua militância
no Exército Insurgente Ucraniano (UPA). É autora de 8 livros poéticos e de ensaios,
na prisão aprendeu a bordar.
Na sua casa senhora
Maria tem retratos do Stepan Bandera e Roman Shukhevych, muitos livros e
bordados ucranianos (vyshyvanky). Foi presa em 1948 aos 15 anos, condenada à 10
anos de “trabalhos laborais corretivos com o confisco dos bens”: “os nazis queimaram a
nossa aldeia por ajudarmos ao UPA. Escondíamo-nos no bosque, pessoas e o gado:
duas vacas, alguns porcos, ovelhas. Desde 6 anos ajudava na safra.”
Maria Zasimenko-Bonatska em setembro de 2012
Senhora Maria, que
cumpriu o seu termo em Mordóvia conta que aprendeu a bordar com uma mulher
idosa, natural da Polisya. Os bordados feitos nos campos de concentração guarda
como relíquias.
“As linhas eram
retiradas dos lenços coloridos ou panos. Bordávamos as toalhas de mesa. As
agulhas eram fabricadas do arame farpado. Para bordar na cadeia tínhamos que
sentar de maneira que o guarda não ver através da mira na porta. Bordávamos até
as camisas”.
Maria Zasimenko-Bonatska em novembro de 2017
Após a libertação do GULAG soviético não
consegui se formar em jornalismo, a “má” biografia não permitiu. Vários anos
trabalhou como bibliotecária, agora reformada, escreve livros de memórias e poesia.
Visita a sua aldeia natal, mas quase ninguém dos seus conhecidos está lá, uns
morreram, outros não voltaram da Sibéria.
A morte do Leonid Brejnev
novamente trouxe à superfície da Internet a polémica sobre o “país que foi
perdido”, URSS, “primeiro estado dos camponeses e operários”. O texto que se
segue tenta refletir sobre o assunto. As fotos são do fotógrafo Ian Berry e foram tirados em Odessa
(sul da Ucrânia) nas décadas 1970-1980.
Então, eis a lista
incompleta de tudo que foi perdido com a morte da URSS…
As filas nas lojas para
comprar as coisas mais elementares por vezes se estendiam aos quilómetros. 300
pessoas na fila para comprar leite. Dizem que URSS venceu o fascismo, tinha armas
mais modernas e mandou o homem para o espaço. Mas o que isso vale se o país não
conseguia produzir sapatos e roupas decentes em quantidade suficiente para os
seus próprios cidadãos?
Dizem que na URSS não
faltava nada. O café instantâneo era extremamente raro, o papel higiênico e os
pensos higiênicos surgiram apenas na década de 1980, antes disso se usava o
papel do jornal e algodão, antes disso os panos. As filas enormes se formavam
para comprar o papel higiénico, pessoas compravam dezenas de rolos de cada vez
e os levavam amarrados ao pescoço até a casa.
Nas lojas, os produtos
não eram vendidos, mas “distribuídos”, pois o vendedor na hierarquia soviética
era mais importante que o comprador. Vendedor possuía a Sua Excelência Mortadela
e o comprador apenas apresentava os papelinhos sem o poder de compra. Os jovens
construíam BAM para
poder ganhar mais, quando em casa uma lata de sardinhas era uma compra de
culto, duas – três por cada comprador e só no Ano Novo.
Bónus
Depois de ficar duas
horas na fila enorme para comprar leite (no inverno a fila terminava fora da
loja no frio terrível), o vendedor muito mal-humorado com bata suja gritava
contigo: “Acabou o leite, ficou o peixe congelado, vai comprar ou saia!” Você leva
o peixe num papel sujo e cinzento até a sua cozinha mal projetada em uma Khrushovka e pensa: “Mas com
caneco, vivo no melhor país do mundo, na URSS!”
A nova campanha de
segurança rodoviária, encomendada pelo Centro de Consultoria para as Vítimas de
Tráfego Rodoviário (Centre of Consultancy for The Road Victims) e criada pela agência
Publicis Bucharest, conseguiu captar a atenção da sociedade romena e até mundial.
Usando o humor mordaz
as imagens mostram Hitler, Estaline e Saddam Hussein atropelados na estrada.
Cada imagem é acompanhada pelo texto: “Bem, não é assim. Normalmente, a vítima é um inocente” (Well, it's not
like that. Usually, the victim is an innocent).
A campanha é assinada
pelo diretor de arte Vali Petridean; diretor criativo Razvan Capanescu; as
imagens foram digitalmente retocadas pelo Upstairs Studio.
Durante anos os
melhores cérebros do Partido das Regiões da Ucrânia produziam as ideias
criativas que permitiriam ao seu chefão melhorar a imagem perante a elite
ocidental. Tudo em vão. A imagem do pequeno criminoso agarrado ao poder persistia.
Até que o seu lugar-tenente, o vice-primeiro-ministro Boris Kolesnikov teve uma
ideia brilhante…
Antes disso, Yanukovych
tentou de tudo: aparecia em Bruxelas com sapatos de pele de avestruz, tipo não
é um saloio qualquer, curte as marcas, construiu uma mansão, plagiou um livro,
o publicou em inglês, não resultou.
Os Estados Unidos é outra
coisa. Chicago, os gângsteres. Yanukovych começou gostar dos EUA e do Obama:
ora lhe oferecia urânio, ora pedia para tirar uma foto, ora mandava construir
um gabinete imitando a Sala oval, mais chique, claro.
Obama curtia mas visitar
não convidava, parecia um puto. Tipo os EUA ficavam embaraçados com a imagem
criminosa do poder ucraniano. Quando durante o seu faroeste despachavam os
saloios dos índios, arrancavam propriedades aos proprietários, usavam as
pistolas nos encontros comerciais: quem desparrou primeiro fica com os
direitos, isso tipo foi esquecido?..
Mas hoje em dia Ucrânia
já não está no faroeste, os membros do Partido das Regiões esconderam as
pistolas nos bolos e os negócios arrancam aos “índios” civilizadamente, através
da Procuradoria da República. Por isso Kolesnikov decidiu usar o amor dos
americanos pelas histórias dos gângsteres da época da lei seca. Pois, como eles
explicam aos estrangeiros curiosos, Donetsk é o Chicago da Ucrânia.
“É a lei da vida. Obama
é do Chicago e por isso toda a sua equipa é do Chicago”, - explica Kolesnikov
ao jornalista do «Time
Magazine». É claro, os americanos cultos sabem que Obama não é do Chicago,
é do Havai, mas enfim, durante 20 anos viveu e trabalhou em Chicago. Nessa
“igualdade das circunstâncias” decidiu jogar Kolesnikov.
Pois como iremos ver,
há muita coisa parecida entre os do Chicago e os do Donetsk, entre Obama e
Yanukovych.
Obama se tornou o
primeiro afro-americano membro do Clube dos juristas de Harvard. Yanukovych foi
o primeiro akadémico de Donetsk da Academia
Internacional das Ciências, Educação, Indústria e Arte (do tipo: "como se tornar acadêmico online por apenas 300 dólares"). Em 2004 Obama
venceu 6 adversários nas primárias da Illinois nas eleições para o Senado. No
mesmo ano Yanukovych também venceu as primárias do seu partido, dizem até que
foi às fuças de um dos oponentes.
Obama se tornou senador
em janeiro de 2005, Yanukovych podia se tornar o presidente em 2005, se não for
a Revolução Laranja. Assim, ambos e ao mesmo tempo não se tornaram presidentes
dos respetivos países.
Obama visitou a Rússia
no âmbito da cooperação no domínio de não proliferação das armas de destruição
em massa e Yanukovych visitou a Rússia várias vezes, sem muito proveito. Contra
estas armas Yanukovych lutou como um leão, livrou Ucrânia de todo urânio e informou
Obama, tudo à troca da fotografia conjunta.
Em 2007 Obama foi
acusado de não ser natural dos EUA. Yanukovych na sua juventude duas vezes viu
o céu aos quadradinhos, as mesmas acusações reapareceram em 2004, mais tarde os
processos criminais desapareceram, mas para sempre marcaram negativamente a sua
imagem.
Criticando a política
do Bush sobre Iraque, Obama uma vez disse que as vidas dos militares americanos
foram “gastos em vão”. Depois pediu desculpa e explicou que foi mal-entendido.
Yanukovcyh nunca se desculpa nos casos semelhantes, mas produz os
mal-entendidos de uma maneira tal regular que na Ucrânia já deixaram de rir-se
dele.
E o principal. Nos EUA
foi organizada a campanha de angariação de fundos a favor do Obama. Amealharam
1,3 bilhões de USD. Yanukovych durante três últimos anos amealha os fundos ao
seu próprio favor e não planeia parar este passatempo divertido. Obama com os
seus 1,3 biliões é um pobretão.
Mas isso não é de estranhar.
Os de Donetsk são muito mais machos que os do Chicago.