quarta-feira, novembro 28, 2012

Apocalipse vermelho: diários do Holodomor



Todo e qualquer crime, todos os genocídios, tiveram as suas vítimas e os seus carrascos. Uma das caraterísticas universais dos perpetuadores é o desejo de permanecer na sombra, alegação de “simplesmente seguir as ordens” e até a negação dos próprios genocídios. O Holodomor ucraniano não é uma exceção...

O funcionário do partido-Estado soviético, Dmytro Hoichenko (1903-1993), conheceu o sistema por dentro e teve a coragem de contar o que fez e o que presenciou. No seu livro “Apocalipse vermelho: pela deskulakização e Holodomor” (ISBN 9786175850398, editora «A-ba-ba-ha-la-ma-ha»), ele conta sobre os acontecimentos assustadores da coletivização soviética e do Holodomor ucraniano.

Membro da nomenclatura partidária e estatal soviética, Dmytro Hoichenko escreveu o seu livro nos finais dos anos 1940 – início dos 1950. A sua posição privilegiada permitia que autor possuísse a diversa informação social e política. O que transformou as suas memórias na verdadeira enciclopédia da vida da sociedade ucraniana durante o Holodomor.

A segunda parte da sua vida Dmytro Hoichenko passou no mosteiro católico de São-Francisco, onde vivia sozinho, sem amigos e sem o seu próprio nome. Querendo confessar-se escreveu uma longa carta ao metropolitano. Não a enviou. Decidiu escrever o testemunho sobre a sua própria vida e sobre a maneira como o comunismo deformava as almas das pessoas que apenas desejavam fazer o bem e alcançar a verdade. O manuscrito das suas memórias foi achado nos arquivos de mosteiro em 1994, um ano após a morte do autor.

O historiador ucraniano Volodymyr Vyatrovych conta que gravou dezenas de depoimentos das vítimas do regime comunista e nenhum dos seus perpetuadores. Embora estes últimos possuem a melhor forma física, o seu silêncio significa a perceção pessoal que serviram a força maligna. Pouquíssimos deles tiveram a corregem e nobreza de confessar os seus crimes. Dmytro Hoichenko, o lutador contra os “kurkuls ucranianos” e caçador incansável do “trigo escondido ao Estado” conseguiu essa façanha.

O editor-chefe da casa editorial “A-ba-ba-ha-la-ma-ha”, Ivan Malkovych, explicou que o livro foi propositadamente publicado em russo para poder ser lido por todos os adeptos da “escolha comunista” para Ucrânia.


Comprar a edição russa do livro do Dmytro Hoichenko:
“Сквозь раскулачивание и голодомор” (2006), ISBN 5858872441;
http://www.ozon.ru/context/detail/id/2997939

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