Todo e qualquer crime,
todos os genocídios, tiveram as suas vítimas e os seus carrascos. Uma das caraterísticas
universais dos perpetuadores é o desejo de permanecer na sombra, alegação de “simplesmente
seguir as ordens” e até a negação dos próprios genocídios. O Holodomor
ucraniano não é uma exceção...
O funcionário do
partido-Estado soviético, Dmytro Hoichenko
(1903-1993),
conheceu o sistema por dentro e teve a coragem de contar o que fez e o que
presenciou. No seu livro “Apocalipse vermelho: pela deskulakização e Holodomor”
(ISBN
9786175850398, editora «A-ba-ba-ha-la-ma-ha»),
ele conta sobre os acontecimentos assustadores da coletivização soviética e do Holodomor
ucraniano.
Membro da nomenclatura
partidária e estatal soviética, Dmytro Hoichenko escreveu o seu livro nos
finais dos anos 1940 – início dos 1950. A sua posição privilegiada permitia que
autor possuísse a diversa informação social e política. O que transformou as
suas memórias na verdadeira enciclopédia da vida da sociedade ucraniana durante
o Holodomor.
A segunda parte da sua vida
Dmytro Hoichenko passou no mosteiro católico de São-Francisco, onde vivia sozinho,
sem amigos e sem o seu próprio nome. Querendo confessar-se escreveu uma longa
carta ao metropolitano. Não a enviou. Decidiu escrever o testemunho sobre a sua
própria vida e sobre a maneira como o comunismo deformava as almas das pessoas
que apenas desejavam fazer o bem e alcançar a verdade. O manuscrito das suas
memórias foi achado nos arquivos de mosteiro em 1994, um ano após a morte do
autor.
O historiador ucraniano
Volodymyr Vyatrovych conta que gravou dezenas de depoimentos das vítimas do
regime comunista e nenhum dos seus perpetuadores. Embora estes últimos possuem
a melhor forma física, o seu silêncio significa a perceção pessoal que serviram
a força maligna. Pouquíssimos deles tiveram a corregem e nobreza de confessar
os seus crimes. Dmytro Hoichenko, o lutador contra os “kurkuls ucranianos” e caçador
incansável do “trigo escondido ao Estado” conseguiu essa façanha.
O editor-chefe da casa
editorial “A-ba-ba-ha-la-ma-ha”,
Ivan Malkovych, explicou que o livro foi propositadamente publicado em russo
para poder ser lido por todos os adeptos da “escolha comunista” para Ucrânia.
Fonte: Zhanna Kuiava
Comprar a edição russa do livro do Dmytro Hoichenko:
“Сквозь
раскулачивание и голодомор” (2006), ISBN 5858872441;
http://www.ozon.ru/context/detail/id/2997939
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