O
engenheiro sul-africano Robert Sassone, vivia a trabalhava na União Soviética,
quando foi preso pelo NKVD em 3 dezembro de 1937, condenado pela “tróica” do
NKVD em 20 de dezembro, acusado de “agitação anti-soviética e intenções
terroristas”, e fuzilado apenas dois dias depois, em 22.12.1937.
Pouco
se sabe sobre africânder (bóer), possivelmente de origem francesa, Robert Sassone. Ele nasceu
em Pretória em 1888, recebeu a sua formação na Academia Militar, possivelmente
também sul-africana. O seu pai se chamava Richard, por isso, os soviéticos atribuíram
ao Robert o nome patronímico e mudaram a letra S inicial de seu apelido para a
Z, assim, nos documentos soviéticos ele passou se chamar Robert Richardovich
Zassone (Роберт Ричардович Зассонэ).
Não
se sabe como, por que e quando Robert Sassone se mudou para a União Soviética. Podemos
deslumbrar duas hipóteses mais prováveis, ou isso aconteceu por vontade
própria, então se trata de um simpatizante ingénuo das ideias de esquerda. Ou
então, Robert veio por via de alguma missão militar britânica, dado que a União
da África do Sul (fundada em 31 de Maio 1910) foi o domínio do Império
Britânico, situação que se manteve até 31 de Maio de 1961 quando o país se tornou independente do Reino Unido, sob o nome da República da África do Sul.
No
momento da sua detenção pelo NKVD, em 3 de dezembro de 1937, Robert Sassone tinha
50 anos, não possuía nenhuma filiação partidária e desempenhava as funções do chefe
de departamento da madeira na construção do Canal de Moscovo (que até
1947 se chamava Canal Moscovo-Volga), uma das obras faraônicas do estalinismo,
e vivia na localidade de Dedenevo (casa № 102), situada no distrito de
Dmitrovski, na região de Moscovo.
A mão-de-obra semi-escrava dos prisioneiros do GULAG na construção de canais da navegação. |
Tal
como em diversas outras obras do regime comunista soviético da época, na
construção do canal foi usada em massa a mão-de-obra semi-escrava de
prisioneiros, políticos e comuns. Em 14 de setembro de 1932 para a construção
do canal foi especialmente criado o campo de concentração soviético de Dmitlag, que funcionou até
1938 e cujo efetivo prisional chegou aos 192.000 prisioneiros em 1935-1936
(recorde absoluto em termos de número de prisioneiros, em todo o sistema GULAG soviético
da época). Não existem os dados exatos sobre o número dos prisioneiros mortos em
Dmitlag, mas segundo várias fontes, esse número varia entre 10.000 à 30.000 pessoas
[fonte].
Os prisioneiros soviéticos do Dmitlag |
Na
construção das obras semelhantes também trabalhavam várias pessoas “livremente
contratadas”, os trabalhadores civis, muitos deles ex-prisioneiros que após a
sua libertação decidiam ficar e trabalhar na mesma obra em que trabalhavam como
prisioneiros. Não se sabe ao certo se este era caso do Robert Sassone, mas não
é de descartar a hipótese.
Apenas
17 dias após a sua prisão, em 20 de dezembro de 1937, Robert Sassone foi condenado
pela famigerada tróica de NKVD
da região de Moscovo, acusado de “agitação anti-soviética e intenções
terroristas”. Não se sabe se Robert “confessou” os seus supostos “crimes”, mas
ele foi fuzilado em 22.12.1937 no polígono
de Butovo, nos arredores de Moscovo e reabilitado, à título póstumo, em 15
de julho de 1989.
O
período extremamente curto de apenas dois dias entre a data de condenação e a
data de execução, naturalmente demonstra que o condenado não teve nenhuma
oportunidade de recorrer da sentença condenatória, muito menos de contar com
auxílio de qualquer advogado.
O
seu processo № 20897 (volume II, p.166), está armazenado no Arquivo Estatal da
Federação Russa (é possível consultar os seus dados online em russo AQUI ou AQUI).
Na
foto de arquivo Robert Sassone está a sorrir, ele ainda não sabe que o seu
destino já foi traçado e que ele será engolido pela máquina implacável do Grande
Terror comunista...
@Ucrânia em África. O
nosso blogue agradece aos leitores qualquer informação adicional sobre Robert Sassone.
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