quarta-feira, julho 18, 2018

Os realizadores perseguidos: Oleg Sentsov e Aleksandr Askoldov

Em 1967 o realizador Aleksandr Askoldov foi expulso do cinema soviético para o resto de sua vida sob a acusação de ser “profissionalmente inapto”. Em 2015, e seguindo as velhas táticas comunistas, a justiça russa condenou o realizador ucraniano Oleg Sentsov aos 20 anos da prisão severa, impedindo o seu trabalho cinematográfico. 

«Gamer», (2011) – o filme realista sobre as ilusões
As capas, russa e holandesa, do filme "Gamer"do Oleg Sentsov
“Gamer” é a única longa metragem do diretor, até hoje, que custou apenas 20.000 dólares. O filme é sobre as ilusões do mundo virtual e o materialismo do mundo quotidiano. O herói, provavelmente é o alter ego do realizador que no passado era um gamer e dono do clube de jogos na sua cidade. Nas filmagens participaram os amigos do realizador: uma pessoa ofereceu o seu apartamento para as filmagens, outros ajudaram com os adereços ou até apareceram nos papéis terciários. Todos os atores não são profissionais. No lançamento do filme, o cinema “Cosmos” da cidade de Simferopol não conseguia acomodar todos os espectadores. Depois disso, Oleh Sentsov fechou o seu clube, o filme influenciou a realidade:

“Comisário” | “Die Kommissarin” | “The Commissar”, (1967)
O “Comissário”, do Aleksandr Askoldov, filmado em 1967, foi concebido como a saga dos “dias heróicos da revolução”, mas em vez disso, o diretor produziu um drama sombrio sobre as tragédias humanas. Na sequência da estreia do filme o realizador foi expulso do partido comunista, acusado de parasitismo social, proibido de viver em Moscovo e proibido de trabalhar em longas-metragens para o resto de sua vida, sob a acusação formal de ser “profissionalmente inapto”.

Além disso, o diretor recebeu a ordem de destruir todas os cópias do filme, o que ele desobedeceu – e agora o filme está disponível na Internet. O seu próximo filme (apenas documental) saiu em 1972 e em 1992 ele teve um papel menor numa produção cinematográfica russa. Já “Comissário” ganhou o Urso de Prata – Prémio Especial do Júri no 38º Festival Internacional de Cinema de Berlim em 1988 e quatro prémios Nika, também de 1988. O realizador morreu em 21 de maio de 2018 na Suécia. 

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