sexta-feira, julho 13, 2018

Guccifer 2.0 e mais 11 oficiais da GRU foram acusados nos EUA

foto @Tom Williams / CQ Roll Call / Sipa USA / Scanpix / LETA
Em 13 de julho de 2018 o Procurador-Geral Adjunto dos EUA, Rod Rosenstein, acusou formalmente os 12 funcionários da GRU russa de interferência nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Os acusados hackearam o servidor de e-mail do Partido Democrata, publicaram os documentos roubados e acederam ilegalmente aos dados dos eleitores norte-americanos.

Os acusados

Os 12 acusados (Victor Netyksho, Boris Antonov, Dmitry Badin, Ivan Ermakov Aleksey Lukashev, Sergei Morgachev, Nicholay Kozachek, Pavel Ershov, Artem Malyshev, Alexander Osadchuk, Alexey Potemkin e Anatoly Kovalev) são funcionários da GRU (com vários patentes militares, 1º e 2º tenentes, coronéis, ou referidos simplesmente como “militares”). Todos, exceto Alexander Osadchuk e Alexei Potemkin, serviram na unidade militar № 26165, localizado na avenida Komsomolsky Prospekt em Moscovo, onde, como se sabe servem os criptógrafos, criadores de algoritmos para descodificação e outros especialistas de TI). Osadchuk e Potemkin  serviram na unidade № 74455, supostamente situado na rua Kirov № 22, no bairro moscovita de Khimki; este lugar na acusação é também chamado de “Torre”.
A unidade militar № 26165, na avenida Komsomolsky Prospekt em Moscovo | Google Earth
Os agentes são conectados entre eles, por exemplo, Boris Antonov e Dmitry Badin efetuavam a supervisão geral das atividades de vários outros funcionários da lista (por exemplo, Ivan Ermakov, Alexey Lukashev, entre outros).

Sabe-se que Sergey Morgachev, Nikolay Kozachek, Pavel Ershov e Alexander Osadchuk desenvolveram, testaram e aplicaram software malicioso X-Agent (desenvolvido pelo grupo hacker Fancy Bear, ligado à Rússia).

O procurador especial Robert Mueller e a sua equipa de investigação conhecem os nomes de código que os agentes russos usaram, executando ações, que neste momento levaram à sua acusação. Nikolai Kozachek é referido como “kazak” e “blablabla1234565”. Lukashev criou usuários “Den Katenberg” e “Juliana Martynova”, Ivan Ermakov – “Keith S. Milton”, “James McMorgans”, “Karen W. Millen”. Alexander Osadchuk e Alexey Potemkin usavam os pseudónimos DC Leaks e Guccifer-2.0; através deles eram distribuídos os documentos roubados da sede de Hillary Clinton e do Comité Nacional do Partido Democrata dos Estados Unidos.

A acusação

De acordo com a investigação, oficiais da GRU atacaram os computadores de mais de 300 pessoas ligadas ao Comité Nacional do Partido Democrata dos Estados Unidos, o comité do partido nas eleições ao Congresso e da campanha presidencial de Hillary Clinton. Eles enviaram cartas em nome do Google, supostamente contendo uma notificação de configurações de segurança. Dentro havia um link que levava ao site criado pelo GRU. Para disfarçar, usaram o serviço de encurtamento de ligações URL. Em março de 2016, o correio do chefe da sede eleitoral de Clinton John Podesta foi hackeado. Na caixa dele estavam mais de 50 mil correspondências.

Em abril de 2016, os acusados criaram uma caixa de correio cujo endereço diferia em apenas uma letra do endereço de um dos participantes da campanha de Clinton. Deste endereço eles enviaram os e-mail de phishing aos mais de 30 funcionários da sede da candidatura presidencial. As cartas supostamente continham uma referência ao documento .xlsx com os ratings da Hillary Clinton. Na verdade, a ligação levava para um site criado pela GRU.

Ao mesmo tempo, oficiais da GRU atacaram os sistemas de computação do comité do Partido Democrata para as eleições ao Congresso. O acesso foi obtido usando um e-mail de phishing enviado para uma das funcionárias do comité. Ela passou pelo link enviado para ela e digitou a senha. Em abril-junho de 2016, os acusados instalaram o programa de spyware X-Agent em pelo menos 10 computadores conectados à rede do comité do Partido Democrata. O programa gravou as teclas digitadas pelo usuário e tirou fotos da tela de seu computador, transferindo depois os dados roubados para o servidor que a GRU alugou no Arizona.

Com a ajuda do X-Agent, foram roubadas as senhas de um funcionário do comité do Partido Democrata para as eleições ao Congresso, que também teve acesso à rede do Comité Nacional do Partido Democrata. Assim, pelo menos 33 computadores conectados à esta rede foram hackeados.

Nos computadores hackeados, os acusados procuraram documentos que mencionassem Hillary Clinton, Donald Trump e o candidato republicano Ted Cruz. Eles também copiaram pastas com informações sobre a investigação do ataque dos militantes islâmicos contra a Embaixada dos EUA em Benghazi em 2012 (Hillary Clinton na época serviu como Secretária de Estado dos EUA, ela depôs sobre o caso nas audiências do Congresso). Além disso, oficiais da GRU obtiveram acesso aos documentos financeiros – em particular, aos planos de arrecadar doações para a campanha de Clinton.

Para divulgar estes documentos, os membros da GRU criaram o suposto hacker romeno Guccifer 2.0. Como é referido no documento, quando em junho de 2016 Guccifer 2.0 foi acusado de ser a cobertura dos serviços de inteligência russos, de um dos servidores da unidade militar russa № 74455 foram feitas as consultas sobre algumas frases em inglês (por exemplo, o pedido da tradução da frase “tradução bem conhecida” ou ortografia da palavra illuminati). Cerca de duas horas depois, essas frases apareceram em um dos comunicados de Guccifer 2.0, onde o suposto hacker negou categoricamente a sua conexão com a Rússia.
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Ao mesmo tempo, em junho de 2016, os acusados ​​lançaram o site do DCLeaks, onde publicaram uma parte da correspondência roubada. Para promovê-lo, as contas foram criadas no Facebook e em outras redes sociais. Além disso, eles passaram os documentos roubados aos terceiros, que na acusação americana se menciona como Organização 1. Muito provavelmente é o projecto WikiLeaks.

Osadchuk e Kovalev também são acusaram de que no verão de 2016 eles hackearam a página da comissão eleitoral de um dos estados dos EUA e roubaram dados pessoais de cerca de meio milhão de eleitores. Eles também invadiram o site da empresa, que produzia software para verificar os dados dos eleitores. Um pouco mais tarde, o FBI descobriu o ataque e apurou algumas das suas circunstâncias; neste ponto, Kovalev e seus cúmplices apagaram/deletaram as contas usadas nesta operação.

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