O
oficial russo da unidade militar № 32010, Oleg Leontyev, acusado na morte de um recruta,
pediu a clemência ao juiz do tribunal militar para poder continuar o serviço, e
ir combater na Síria, tal como no passado recente fez na guerra contra Ucrânia.
“Isso
permitira trazer algum benefício ao Estado. Eu já participei num desses
eventos, única coisa, isso aconteceu no território de um país adjacente, onde nós,
por assim dizer, não estávamos”, – disse o acusado na sua última palavra,
testemunhada e gravada pela Fundação Direito
da Mãe, a ONG que representa os interesses da família do soldado morto.
A confissão do oficial, provavelmente é o primeiro caso (feito no tribunal e protocolizado) em que um militar russo no serviço activo confirma a sua participação nos combates no território da Ucrânia.
A confissão do oficial, provavelmente é o primeiro caso (feito no tribunal e protocolizado) em que um militar russo no serviço activo confirma a sua participação nos combates no território da Ucrânia.
O
recruta de Bryansk, Ilya Gorbunov (1998), morreu em 6 de fevereiro de 2017.
Segundo os investigadores russos, o soldado que não estava habilitado à dirigir
os equipamentos militares, recebeu a ordem de guiar o blindado, com sistema de
travões/freios danificado. O tanque por ele guiado se despistou da ponte gelada
e caiu numa ravina, o soldado russo morreu afogado. O seu comandante imediato,
Oleg Leontyev, foi acusado de abuso de autoridade, ato que acarretou graves
consequências.
É
de notar que os militares russos apresentaram aos familiares do malogrado as 4 (Sic!) versões diferentes da
morte do soldado. Ao do afogamento era a quarta e última. Após o seu corpo ser
entregue à família, foi verificado que este apresentava numerosos hematomas, a
cabeça estava muito machucada, tinha marcas nas mãos, como se fossem de cordas.
Seu lábio inferior, seu rosto estava completamente quebrado, conta a irmã Maria.
O soldado russo morto |
Sabe-se
que em Dezembro de 2016 Ilya Gornunov queria vender a sua quota do apartamento
(no valor 1.500.000 rublos, cerca de 23.805 dólares). O soldado e mais três
colegas foram acusados na conivência do desaparecimento de 68.000 rublos (1.079
dólares) e foram lhe exigidos 17.000 rublos (269,5 dólares), em forma de
pagamento desta dívida “solidária”.
Duas
semanas antes da morte de Ilya, um outro soldado raso, seu amigo, foi morto.
Alegadamente, ficou envenenado com o gás. Na altura, a procuradoria militar
russa nem sequer abriu o inquérito. Após a morte do Ilya Gornunov, os
dois casos foram juntados no mesmo processo criminal.
Anualmente
a Fundação “Direita da Mão” atende entre 3.000 à 7.000 famílias de militares russos
mortos. Muitos casos duram por décadas. Por exemplo, um soldado foi morto em
1989, ainda no exército soviético, e até hoje o estado russo não indemnizou a
sua mãe idosa [fonte].
O
veredicto do tribunal foi conhecido hoje (dia 6 de Julho de 2018):
O
tribunal militar de Naro-Fominsk, nesta sexta-feira, 6 de julho, divulgou o
veredicto ao 1º tenente da unidade militar № 32010 Oleg Leontyev, no caso da
morte do soldado-recruta Ilya Gorbunov. O juiz, por iniciativa própria,
requalificou a acusação ao abrigo do Artigo 286 do Código Penal (abuso de autoridade, ato
que acarretou graves consequências) ao Artigo 350 (violação das regras de uso
do veículo de combate, que causou a morte de uma pessoa por negligência) e condenou
o oficial aos “3 anos de prisão com a pena suspensa de 2 anos”.
O
que significa que se nos próximos dois anos o oficial russo não cometer nenhum
outro crime (do ponto de vista do Estado russo), ele estará livre e nunca passara
pela cadeia. A Fundação “Direito da Mãe” já prometeu recorrer da decisão [fonte].
Bónus
Ivan
Chonkin – Russische Gestapo
Ich bin arbeiten… ist arbeiten,
arbeiten, ferchtein? – Capitão com as mãos tentou
demonstrar algum trabalho, algo como cavar a horta, ou trabalhar com a lima. – Ich bin arbeiten... – Ele começou à pensar
como identificar a sua instituição e de repente encontrou a equivalente
inesperada: – Ich bin arbeiten in russische
Gestapo. – Gestapo – o loiro
franziu a testa, percebendo as palavras do entrevistado à sua maneira – kommunisten strelirt, bang-bang? – Ja, ja – voluntariamente confirmou
capitão. Und kommunisten, und no partei und
todos strelirt, bang-bang – fingindo disparar a pistola, o capitão abanava a
sua mão direita. Então depois ele quis dizer aos interrogadores que ele tem uma
grande experiência em lidar com os comunistas e que ele, capitão Milyaga,
traria um certo benefício de instituições alemãs, mas não sabia como expressar
um pensamento tão complexo. (A
vida e as aventuras extraordinárias do soldado Ivan Chonkin):
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