No
dia 17 de dezembro, aos 96 anos morreu Svyatoslav Karavansky, membro dos
movimentos de libertação nacional da Ucrânia, dissidente e prisioneiro do GULAG
soviético durante 31 anos (!), linguista ucraniano. Desde 1979 na emigração,
Dr. Karavansky morreu nos EUA, na cidade de Baltimore.
Svyatoslav
Karavansky nasceu em 24 de dezembro de 1920 na cidade de Odessa. Em 1938-1939 estudava
no Instituto Industrial de Odessa, e à distância no Instituto de Línguas Estrangeiras.
Em 1940-1941 serviu no RKKA, passou pelo cativeiro alemão, libertado em 1942
estudava na Universidade de Odessa, foi membro da Organização dos Nacionalistas
Ucranianos (Revolucionários) – OUN (B), sob o pseudónimo de “Balzac”.
Em
1944 é detido pela NKVD e em 7 fevereiro de 1945 é condenado aos 25 anos de
campos de concentração no GULAG soviético, que passou em Pechora, Kolyma e
Mordóvia. Em 19 de dezembro de 1960, foi libertado, beneficiando da amnistia do
Khrushov.
Em
liberdade, se dedicou ao jornalismo, trabalho literário e filológico, que
começou ainda em GULAG. Foi autor do “Dicionário de rimas da língua ucraniana”,
publicou o livro “Biografia de palavras”, traduziu ao ucraniano o romance da Charlotte
Brontë “Jane Eyre”. Em 1962 se matriculou no departamento (não presencial) da Faculdade
de filologia da Universidade de Odessa. Ativamente se manifestava contra a
política de russificação do ensino e em apoio ao desenvolvimento da língua
ucraniana.
Os dicionários da autoria do Dr. Karavansky |
Svyatoslav
Karavansky tinha escrito uma carta ao procurador-geral da Ucrânia soviética com
a exigência de processar o ministro da educação superior e especial da Ucrânia,
Yiriy Dadenkov (1960—1973) pelos “erros que levaram à violação dos direitos da
nação ucraniana”. Pelo ensaio “Sobre um erro político” com a crítica da
russificação do ensino superior na Ucrânia, através da lei “Sobre a Língua”,
escrito em 1965, Dr. Karavansky é preso pelo KGB em 13 de novembro do mesmo ano e
condenado aos 8 anos e 7 meses do campo de concentração severo.
Durante
a sua prisão por 5 vezes declarava as greves de fome, se dedicava à recolha dos
testemunhos dos prisioneiros sobre o massacre dos oficiais polacos em Katyn. As
atividades que lhe valeram à condenação aos outros 5 anos e 3 meses de campos
de concentração em regime severo.
O casal Karavansky em Viena em 1979, os primeiros momentos no Ocidente |
No
total, Dr. Karavansky passou 31 anos da sua vida no GULAG soviético. Em fevereiro
de 1979 ele foi proclamado o membro de um grupo da defesa dos direitos humanos “União
Ucraniana de Helsínquia”, em novembro do mesmo ano, juntamente com a sua
esposa, microbióloga e especialista em imunologia, Nina Strokata-Karavanska
(1926-1998), o casal emigrou aos EUA. Como o último “castigo”, a URSS lhes retirou
a cidadania soviética.
O casal Karavansky nos EUA em 1980 |
Já
na emigração, Svyatoslav Karavansky, publicou diversos trabalhos fundamentais da
linguística ucraniana, nomeadamente o “Dicionário prático dos sinónimos de
língua ucraniana” e “Dicionário russo-ucraniano do léxico complexo”.
Dr. Karavansky em 2016 na sua casa nos EUA |
Ambos
são Comendadores da Ordem “Pela Coragem” do 1º grau, atribuída lhes em 2006 “pela
coragem cívica, o auto-sacrifício na luta da defesa dos ideais de liberdade e
democracia e em homenagem ao 30º aniversário do Grupo Público Ucraniano de promoção
e implementação dos Acordos de Helsinquia” (IstPravda).
As
baixas ucranianas na linha da frente
A
54ª Brigada das FAU, na linha da frente na região de Donetsk (zona de Debaltseve), nas últimas horas teve até 6
militares mortos e 25 feridos, na sua maioria em resultado das ações de
artilharia russo-terrorista que usa na área várias baterias com calibres 152,
122 e 120 mm. Os principais combates são registados nos arredores da colina 220
onde as forças russo-terroristas usaram as reservas táticas – duas unidades de
blindados. Os terroristas não avançam, mas continuam com os bombardeamentos, os
pormenores e análise sairão amanha. É de notar que segundo o acordo Minsk-2 a
cidade de Debaltseve e os seus arredores pertencem à Ucrânia, mas foram
ocupados pelas forças russo-terroristas em janeiro-fevereiro de 2015.
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