A
herdeira do já falecido patriarca ortodoxo russo, Alexis II (na foto ao lado do Leonid Brejnev em 1977), Alexandra
Smirnova (80), recorreu ao Tribunal de Arbitragem de Moscovo, exigindo a sua inclusão
na lista de credores do banco Vneshprombank no intuito de reclamar os ativos do
falecido líder da Igreja Ortodoxa Russa (IOR), avaliados em um pouco mais de 3 milhões
de dólares: 2,92 milhões de USD; 8.829 Euros e 9,37 milhões de rublos (146.580
USD).
De
acordo com os registos do tribunal,
Aleksey M. Ridiguer (nome civil do Alexis II) fez o testamento em 1976, deixando
como a única herdeira da sua fortuna a freira Alexandra Smirnova (atualmente a
madre superiora Filareta) que nos últimos 40 anos era a pessoa mais próxima ao Patriarca.
De momento, Filareta é a priora do mosteiro feminino de Santa Dormição de Pühtitsa, diretamente
subordinado ao patriarca russo e localizado na Estónia, conta a publicação Meduza.
A madre Filareta, à direita, mais baixa e de vestes pretas |
O
mosteiro de Pühtitsa era único mosteiro feminino na URSS em funcionamento que não
foi fechado no período soviético e até recebia as noviças. Uma das tentativas
de dissolver o mosteiro foi efetuada em 1961, quando o poder soviético o pretendia
transformar em sanatório, ação abortada após a intervenção pessoal do Ridiguer, na
altura bispo de Tallinn e da Estónia (que se tornou um informador ativo do KGB no dia 28
de Fevereiro de 1958, sob o pseudónimo de Drozdov).
No
seu livro biográfico «Madre superiora. Pela santa obediência», Filareta conta que entrou
no mosteiro de Pühtitsa em 1956 aos 20 anos. Dez anos depois, em 1966, ela e mais
uma freira foram designadas à servirem o futuro patriarca Alexis que conjugava o seu posto na Estónia com o do gestor
do patriarcado de Moscovo. O livro (que custa cerca de 16 dólares) com 432 páginas
e quase dois quilos de peso (!) foi publicado em 2013-14 com financiamento do
importante benfeitor do mosteiro, empresário Maksim Liksutov (1976) que desde
2012 está chefiar o Departamento de transporte do governo de Moscovo.
Alexis II e Yasser Arafat |
Em
2005, na entrevista à “Gazeta”, Alexis II contou que os serviços na residência
do patriarca são assegurados pelas freiras do mosteiro de Pühtitsa: “chefiadas
pela madre superiora Filareta que ao longo de 40 anos gere a casa e escolha o
pessoal doméstico”. Filareta foi a primeira pessoa que soube da morte de Alexis
II, foi ela que o encontrou morto em 5 de dezembro de 2008.
No
processo contra Vneshprombank os interesses da madre Filareta são representados pelo advogado
Kravtsov. No mesmo processo ele representa os interesses da co-presidente da “União
de mulheres ortodoxas da Rússia” (como se diz na sua página oficial “criada com a bênção do [atual]
patriarca Kirill”, também conhecido pelo seu serviço ao KGB sob o nome
de código Mikhaylov), Anastasia
Ositis. Ela conheceu a madre Filareta e o patriarca Alexis II na década de
1970 na Estónia. No mínimo, até 2008 Anastasia Ositis e a sua filha Irina
Fedulova eram acionistas do Vneshprombank.
O
Banco Central da Rússia revogou a licença de Vneshprombank em 21 de janeiro de
2016. Além do Patriarca, no banco estavam depositadas as fortunas de vários representantes
da elite estatal, política e empresarial russa, como o caso do penúltimo vice-presidente
da Duma Estatal Alexander Zhukov, as esposas de vice-primeiro ministro russo Dmitry
Rogozin e do atual ministro da defesa, Sergei Shoigu. No banco também ficaram “pendurados”
os ativos de diversas grandes empresas russas – 142,8 milhões de dólares de “Transneft”;
134,9 milhões do Comité Olímpico russo; 23,8 milhões das estruturas da Igreja
Ortodoxa Russa, entre outros.
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