A
odontologia era o domínio da medicina soviética de tal maneira avançado que
seguramente merece uma postagem especial. As suas principais características eram os maus consumíveis e equipamentos, o péssimo tratamento
dos clientes (a característica comum de todos os serviços soviéticos) e ausência
da anestesia – causada pela ausência de agulhas e seringas próprias e por uma
razão conceitual – na URSS se considerava que para os cidadãos comuns não faria
mal nenhum “aguentar um bocado”.
O
que é interessante, antes do golpe comunista de 1917, a odontologia russa era considerada
bastante avançada para a sua época, em 1907 os dentistas russos ganharam o
Grand Prix da exposição de Paris, em 1908 – a medalha de ouro em Madrid. Só
podemos imaginar como se desenvolveria e aonde chegaria a odontologia russa sem
a chegada do comunismo bolchevique.
02.
Todos aqueles que visitaram um dentista na era soviética ou no início dos anos 1990
lembram bem este gabinete e esta máquina dentária soviética – com a caixa de característica
cor azulada e uma luz verde que significava “ligado”. A foto abaixo foi feita após
o fim da URSS, mas a máquina odontológica é a mesma:
03.
A primeira máquina odontológica soviética foi produzida nos anos 1920, e desde
então o seu design não sofreu grandes alterações. A máquina possuía uma correia
de transmissão, a característica muito peculiar, pois todas as vibrações da
correia e da própria máquina eram sentidas perfeitamente bem pelo paciente
durante o processo de tratamento dentário. Além disso, devido à má eficiência da
máquina, o processo decorria à uma velocidade muito baixa, o que também criava uma
sensação bastante incrível.
04.
Por alguma razão misteriosa, a indústria soviética, capaz de criar com bastante
sucesso os trajes espaciais, não conseguia criar uma coisa tão simples e útil,
como uma máquina odontológica com o motor eléctrico incorporado no próprio
braço de broca.
Na
foto em cima – o dispositivo com um design ligeiramente diferente, mas com a
mesma correia de transmissão e uma lâmpada, que por mais que seja ajustada
focava nem tanto na boca, como também nos olhos.
05.
Na odontologia soviética não havia anestesia no processo de odontologia propriamente
dito, era aplicada apenas no caso da extração dos dentes, e mesmo assim nem
sempre. A medicina “gratuita” acreditava que durante os procedimentos
cirúrgicos de pequena dimensão, o paciente poderia “aguentar” – na URSS mesmo
uma grande parte de abortos (!) eram efetuados sem anestesia (!), o que dizer sobre
a odontologia.
Por
acaso, em geral, este é um bom exemplo de como na URSS funcionavam os serviços –
as pessoas recebiam serviços de péssima qualidade e um mau tratamento do
pessoal servente (“vocês são muitos e eu estou sozinha!”, “aguentarás, não és
de vidro!”) e mesmo assim pagavam por estes serviços, de forma informal, como
as “prendas” ou indirectamente, sob a forma de impostos.
06.
Alguns dizem que tudo isso era próprio à toda medicina da época, e não apenas na
União Soviética. Isso não constitui a verdade – por exemplo, anestesia para o tratamento
dentário era usada na Europa e nos EUA desde o início do século XX, ano 1918.
Por que na União Soviética não se usavam os anestésicos normais em odontologia?
Há uma série de razões, uma das quais – a não fabricação de agulhas e seringas odontológicas,
que não produzidas na URSS dado ao seu atraso em termos tecnológicos.
O
paradoxo bastante divertido – os cidadãos soviéticos estavam (e alguns estão
até hoje) orgulhosos de “ciências” e “tecnologia” da URSS, mas na realidade
pouco beneficiavam desta mesma “tecnologia” (excepto as reportagens pomposas
sobre o seu programa espacial). Ao mesmo tempo um aparelho da TV custava cinco
salários médios, não se conseguia fabricar as coisas tão simples como as agulhas
e seringas individuais...
07.
Não existiam as próteses dentárias de qualidade aceitável. Sobre os dentes
desgastados, mas com as raízes razoavelmente fortes eram colocadas as “coroas”
assustadoras: as de aço eram baratas, mas justamente consideradas prejudiciais
à saúde. Também existia a versão do “luxo” – as próteses de ouro. Ambas com uma
aparência terrível. As da foto são de ouro, as de ferro são cada vez mais raras.
08.
Além das próteses chamadas “coroas”, também existia a denominada “prótese total”
– o dispositivo removível e feio, chamado coloquialmente de “galocha”. Durante
a noite, a prótese era removida e colocada num copo de água. As “galochas”
muitas vezes se quebravam, os cidadãos as concertavam, eles próprios, usando as
colas industriais. Havia também as próteses parciais que se pareciam com isso.
09.
Os chumbos na URSS também eram de qualidade extremamente má – pelas suas consistência
e textura pareciam o cimento e fortemente contrastavam com o resto da superfície
do dente. O material para os chumbos primeiramente era misturado, em um pedaço
de vidro, com um endurecedor extremamente fedorento e depois colocado no dente
recém-brocado.
Por
acaso, as primeiras cooperativas [eufemismo para as empresas] privadas nos anos
finais de União Soviética apareceram exatamente no campo de odontologia – tão
mau e ineficientemente trabalhavam as clínicas dentárias públicas (fonte @maxim-nm).
1 comentário:
E viva a URSS kkkkkkk....sacanagem nao ter gt q idolatra esses malucos
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