No
dia 29 de dezembro de 1932, o Bureau Político do PC (b) da Ucrânia aprovou a diretiva sobre a retirada de todas as existências alimentares, em poder dos kolkhozes
ucranianos. A decisão das estruturas comunistas condenou à morte milhões de camponeses
ucranianos no decorrer do genocídio soviético do Holodomor.
Em
dezembro de 1932, ao mando do Estaline e para auxiliar Molotov (que já se encontrava na Ucrãnia), para a cidade de Kharkiv (na
altura a capital da Ucrânia soviética) veio Lazar Kaganovitch que
acabou de terminar “com sucesso” a sua missão no Cáucaso do Norte. Presssionado
pelo Kaganovitch, o Bureau Político do PC (b) da Ucrânia aprovou a diretiva aos
comités distritais e regionais do partido comunista, nas localidades, onde os
kolkhozes ainda não cumpriram o plano de armazenamento de trigo, para imediatamente,
em 5-6 dias úteis entregar “todos os grãos disponíveis, incluindo os chamados
fundos de semeadura”. Qualquer atraso era considerado como a sabotagem por
parte da liderança distrital.
A
retirada dos fundos de semeadura, por sua vez, impossibilitou a campanha
agrícola na primavera de 1933, a envergadura do genocídio estava apenas se
alastrar...
O passaporte (documento de identificação nacional) no império russo em 1916 |
Para
impedir as pessoas de sair das regiões afetadas, procurando os alimentos nas
repúblicas vizinhas (Belarus ou Rússia), o poder soviético decide impedir a
migração da população, usando os meios administrativos. Em 27 de dezembro de
1932, na URSS é reintroduzido o sistema de registo obrigatório do domicílio e
do uso dos passaportes internos (até ai visto como a “herança do czarismo
sangrento” e abolido em 1917).
Os camponeses foram excluídos (Sic!) das categorias de cidadãos soviéticos à quem
eram emitidos os passaportes (segundo a deliberação do Comité Executivo Central
e do Conselho dos Comissários Populares de 27 de dezembro de 1932, chamada “Sobre
o estabelecimento do sistema único de passaportes na URSS e do registo
obrigatório de residência de passaportes”).
O passaporte (documento de identificação nacional) soviético, 1946 |
Blogueiro:
aos “negacionistas” habituais do Holodomor ucraniano, aconselhamos,
habitualmente, as leituras do artigo do jurista polaco-americano Raphael Lemkin (o homem que criou o
termo “genocídio”), chamado “Genocídio soviético na Ucrânia” (1953). O
documento é disponível em 28 idiomas, incluindo o português (pág. 166):
https://mfa.gov.ua/mediafiles/files/misc/2017-11-01/book10.pdf |
Sem comentários:
Enviar um comentário