sexta-feira, março 24, 2023

O desgaste e liquidação intensa das forças russas na frente ucraniana

Em 23 de março de 2023, o grupo OSINT ucraniano Information Resistance registou os nomes de 18.179 ocupantes russos que foram enterrados publicamente ou oficialmente reconhecidos como mortos pela própria rússia.

O número real das baixas russas, entre os mortos e feridos, é várias vezes superior, mas todos os personagens dessa lista são verificadas. Ajudam a definir tendências.

Nos últimos 10 dias, a lista com os nomes dos invasores russos abatidos aumentou em 1.100 entradas. Durante um mês e meio, na rússia, apenas o número confirmado (!) de funerais é de pelo menos 100 pessoas por dia.

Em menos de três meses de 2023, a taxa de perdas russas documentadas (!) aumentou dramaticamente.

Em 31 de dezembro de 2022, a lista tinha 10.477 nomes completos. Ou seja, em menos de três meses, o total de perdas aumentou em 7.702 posições (ou 1,73 vezes).

Ao mesmo tempo, a taxa média de enterros aumentou acentuadamente.

Por 10 meses + uma parte de fevereiro de 2022, os ocupantes russos eram enterrados na rússia a uma taxa de aproximadamente 1.040 corpos por mês, ou cerca de 35 por dia.

Em janeiro-março de 2023, os russos estavam enterrando seus militares à uma taxa média de 94 por dia. Ou seja, no inverno - início da primavera, a taxa média de funerais aumentou 2,68 vezes.

Estes são 1) prisioneiros e 2) mobilizados. Mais a segunda ou terceira composição das unidades russas de elite.

Precisa enfatizar que há uma margem de erro nesses cálculos. Mas a tendência geral é muito clara: putin está arruinando seu exército ao ritmo bastante acelerado.

Em outras palavras, o aumento das perdas é o resultado da ofensiva russa. Graças à resiliência do exército ucraniano, as consequências da ofensiva russa não se manifestou tanto no terreno das operações, quanto nos cemitérios russos. Graças à defesa ucraniana de Soledar, Bakhmut, Avdiivka, Maryinka, Vuhledar e outros pontos.

Se observar as perdas no contexto das regiões da federação russa, o quadro fica ainda mais claro (vejamos as regiões com números absolutos perceptíveis).

Região russa de Samara. Em 31 de dezembro, a lista tinha 165 nomes. Em 23 de março já eram 439. Um aumento de 2,66 vezes. Vocês se lembram da visita dos HIMARS a Makiivka nas vésperas de Ano Novo? O alvo eram os mobilizados da região russa de Samara, algo que manifesta-se parcialmente em números (quase 3 meses depois, os russos continuam a enterrar os militares atingidos naquela noite).

Região de Sverdlovsk. Crescimento de 343 para 769 entradas (2,24 vezes). As vítimas são os mobilizados.

O caso da região de Yugra é indicativo. Eram 45 nomes - passou para 141 (3,13 vezes). Formalmente esta é uma região rica. Mesmo assim, 18 funerais registados em Surgut, 15 em Nizhnevartovsk, 14 em Khanty-Mansiysk... Mais de 30 pessoas da lista são «wagnerianos» (apenas aqueles que foram identificados).

Região de Krasnoyarsk. Eram 135 nomes - passou para 333 (2,46 vezes). Mobilizados. Região de Kemerovo: de 102 nomes - subiu aos 212 (2,1 vezes). Também mobilizados.

Em geral, a região dos Urais e a Sibéria participaram na «operação especial» de forma bastante efetiva.

Região de Krasnodar. De 511 nomes - se passou aos 1.179 (2,3 vezes). Em grande parte, «wagnerianos». A quem já se recusam a enterrar nesta região, densos sepultamentos coletivos já foram registados em outras regiões russas.

Região do extremo oriente russo, Primorsky Krai. De 103 nomes - se passou aos 164. Região de Sakhalin: de 95 para 174. Relativamente menos. Mas são militares profissionais, as unidades de fuzileiros navais.

Região de Transbaikal. Eram 239 - agora são 428. Um aumento na sangramento do exército russo, que teoricamente deveria suster a China.

Números interessantes para o Distrito Federal Noroeste (que em breve terá uma fronteira fortemente alongada com a NATO/OTAN).

Carélia: de 52 para 127 (2,44 vezes). Muitos prisioneiros. Região de Arhangelsk: de 81 para 187 (2,3 vezes). Há prisioneiros, mas também há submarinistas da Frota do Norte, que pela lógica inexplicada do exército russos são usados como a simples infantaria. Região de Komi: de 99 - passaram a ser 179, na sua maioria eram os prisioneiros. Vologda: de 73 - passou aos 176. Prisioneiros.

Mesmo miserável e meio morto do ponto de vista demográfico, a região de Novgorod se destacou. Eram 38 - agora são 92. E há muitos «wagneristas».

Em Pskov, a progressão é menor (eram 131 - agora são 185). Mas a maioria de baixas são militares profissionais, os páraquedistas de Pskov, apenas alguns eram prisioneiros.

Em São Petersburgo, o crescimento de 108 para 190...

Há regiões para as quais a guerra praticamente parou. Por exemplo - Inguchétia. O que é interessante é que em muitas regiões onde as unidades regulares do exército russo são baseadas, a taxa de perdas está abaixo da média. A espinha dorsal foi danificada, as unidades não recebem as substituições ou ainda estão na reserva. Prisioneiros e mobilizados estão sendo conduzidos para o ataque.

Resumindo.

Os números mostram que, desde o início do ano, a guerra atingiu muitas regiões russas duas vezes mais do que nos 10 meses anteriores.

O fluxo de caixões é uma coisa muito visual, difícil de interpretar de forma não objetiva. O efeito é mitigado até agora devido aos uso de muitos criminosos e ao pagamento das compensações financeiras. Muitas regiões só agora estão começando a sentir o peso da guerra. Por vezes perder o sentimento patrioteiro inicial. Há muitos comentários nas redes sociais sobre a escala dos enterros.

A situação na frente continua extremamente difícil. No entanto, os números mostram que o exército russo está se desgastando intensamente.

Depois de Makiivka, o Kremlin não se atreveu a anunciar abertamente a mobilização, embora não parou com o processo, mas foi executado por métodos mais discretos. No entanto, as taxas de reabastecimento de tropas russas não são suficientes. Moscovo/ou será forçada a acelerar a coleta de boi-para-a-piranha. Daí os sinais maciços sobre uma nova onda de mobilização. Mas esses mobilizados não deverão estar prontos e armados até o início de verão.

Sejamos atentos.

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