A
sociedade russa “Memorial” e o historiador Andrei Zhukov apresentaram ao
público o trabalho metódico “O pessoal dos órgãos de segurança do Estado da
URSS. 1935-1939” (nkvd.memo.ru) que contém os
dados resumidos dos 41.668 funcionários do NKVD, detentores dos patentes especiais
do sistema repressivo soviético.
Essas
“recompensas” eram atribuídas pela dedicação na perseguição dos “inimigos do
povo”, e a grande maioria dos “premiados” estava ligada à organização e
execução de repressões. Como a fonte serviram as ordens do pessoal de NKVD, com
a menção dos números e datas de atribuição das patentes especiais, os patentes
atuais ou a data de demissão do NKVD. Os dados são complementados pelas informações
biográficas de outras fontes – principalmente dos documentos de vítimas da
repressão. O diretório do Andrey Zhukov foi publicado em maio de 2016 em forma no
CD-ROM. No momento do lançamento da versão electrónica foram adicionados os
dados à mais de 4.500 biografias. Os criadores do projeto estão plenamente confiantes
de que os utilizadores da Internet também podem participar activamente no
processo de estudo e de aprofundamento do conhecimento público sobre a época do
Grande Terror soviético.
A
base de dados, dedicada aos carrascos do Grande Terror, é o fruto do esforço e
dedicação dos 15 anos de trabalho do investigador independente Andrey N.
Zhukov. Ele começou o seu trabalho sem uso do computador e sem a Internet, pretendendo
abarcar todos os funcionários da secreta soviética que receberam os patentes
especiais de segurança estatal, introduzidos em 1935, nas vésperas do Grande
Terror. Não eram apenas funcionários do OGPU-NKVD, mas também outras estruturas
que na URSS desempenhavam as funções de perseguição dos “inimigos do povo”.
Os
41.668 nomes representam os principais criadores e executores do Grande Terror
soviético. Quase todos os carrascos estão presentes na base de dados, e todos
os presentes são carrascos.
É
um trabalho árduo e um ponto de partida para futuras pesquisas e coreções. A
base de dados ajuda encontrar uma pessoa específica, e vinculá-la à certos
eventos descritos nas memórias e documentos de arquivo, onde, por vezes nem
sequer havia os iniciais dos carrascos. A ideia principal do projeto, é de recordar
a questão da responsabilidade pessoal de cada um pelos atos cometidos. Além da
promessa do futuro – a esperança de manter os crimes em segredo é infundada. E
a importância de fazer as pessoas a pensarem sobre a história terrível da União
Soviética no século XX.
A
resposta do público tem sido muito grande. Durante anos, se falava, principalmente
das vítimas da repressão. Parecia que havia as vítimas, mas sem haver os criminosos.
Ainda está longe de conseguir dizer os nomes de todos os carrascos, mas a maior
parte do trabalho já foi feito. Anteriormente existiram apenas os diretórios do
Nikita Petrov sobre os chefes que dirigiam e comandavam o processo, mas ninguém
conhecia os carrascos. Agora os conhecemos, e assim podemos aprender mais. Pois
muita gente sente essa necessidade – conhecer não só as vítimas, mas também
aqueles que cometeram todo este sofrimento. É claro, hoje, quase nenhum dos carrascos
está vivo para ser punido, mas mesmo o facto de chamar os factos e os seus responsáveis
pelo nome certo é crucial.
Em
apenas algumas horas do funcionamento da página na Internet, já apareceram os
usuários ativos, fazendo propostas, coreções, das fontes públicas ou de arquivos
de família. Isso mais uma vez confirma que a base de dados é apenas o ponto de
partida para as futuras investigações.
Logo no primeiro dia do funcionamento da página, http://nkvd.memo.ru
surgiram as dificuldades de funcionamento, os seus servidores não aguentavam o
fluxo de solicitações dos usuários. E o Kremlin chamou a divulgação dos nomes
dos carrascos soviéticos de “questão sensível”, escreve Novaya
Gazeta.
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