Altos
custos de legalização, as filas intermináveis nos serviços de migração, os
problemas de receber os cuidados médicos – são apenas alguns dos problemas
enfrentados pelos deslocados do leste da Ucrânia, reassentados na região russa
de Volgogrado. Durante os dois anos de vida na Rússia, nem todos os
refugiados foram capazes de se adaptar às realidades locais e estão pensando em
retornar à sua terra natal.
A
legalização e medicina
Um
dos principais problemas dos deslocados são custos significativos na preparação
de documentos para a legalização. A fim de apresentar quaisquer documentos aos
serviços de migração é necessário o registo de domicílio no novo local de
residência. As pessoas não possuem na região de Volgogrado quaisquer parentes ou
familiares que lhes poderiam proporcionar a habitação. Portanto, os migrantes
de Donbas têm que pagar do seu próprio bolso o aluguer da moradia. O registo de
domicílio também é feito por dinheiro. Quem possuir a acomodação, em seguida, pode
se registar nos serviços de migração.
Outro
problema é a prestação de assistência médica gratuita aos refugiados. O
atendimento médico gratuito só é possível no local de registo, nos outros
hospitais as pessoas são atendidas apenas pagando pelos serviços. Sem a cidadania
russa é impossível conseguir um trabalho oficial. Os operários das fábricas
recebem, regra geral, 10.000-15.000 rublos, no trabalho sazonal nos campos, o
salário é de 20.000 rublos. É quase impossível achar algo mais digno [20.000
rublos equivalem atualmente aos 315
dólares].
A
cidadania russa
A
obtenção da cidadania russa exige gastos financeiros sérios, por vezes,
insuportáveis. Alguns refugiados contam que após chegarem à região de Volgogrado
em 2014, obtiveram apenas o registo temporário, pois “a nacionalidade russa era
concedida imediatamente só aqueles cujos parentes lutavam nas milícias da “dnr”
ou “lnr” (Sic!) No total, para obter a autorização temporária de residência (PVP),
e depois a cidadania russa os deslocados de Donbas precisavam de gastar não
menos que 40.000 rublos.
Mas
se dentro de um ano, após obter a autorização temporária, o refugiado não
conseguir a cidadania russa, a sua PVP é anulada e todo o procedimento deve ser
repetido desde o início, com todos os custos decorrentes. Se o migrante não confirmar
o seu estatuto, enfrenta a multa de cerca de 2.000 rublos [31,5 dólares]. Além
disso, para pedir a autorização, o deslocado deve possuir pelo menos 200.000
rublos na sua conta bancária [3.150,00 dólares].
Algumas
famílias após o seu reassentamento em Volgogrado se desintegraram, os casais se
divorciaram, alguns voltaram para Ucrânia. “Após o divórcio com o meu marido
não me posso recandidatar à participação no programa estadual de reassentamento
dos compatriotas. Pois o marido cancelou a sua participação no programa e
voltou para a Ucrânia após o divórcio. Agora tenho que me recandidatar novamente
a PVP e só depois solicitar a cidadania russa”, – conta uma das refugiadas.
O
alojamento
Nem
todos os refugiados estão satisfeitos com a qualidade da habitação que lhes foi
concedido na região de Volgogrado. Comparado com as suas casas abandonadas no
Donbas é geralmente muito pior. Como resultado, algumas pessoas preferem voltar.
Uma das privações mais terríveis para os refugiados foram as filas intermináveis
no serviço de migração: “Às vezes torna-se insuportável. É especialmente
difícil levar as crianças várias vezes para tirar as impressões digitais, cada
vez é um verdadeiro stress”.
Alguns
homens refugiados dizem que já não irão obter a cidadania russa, embora
inicialmente pensaram fazê-lo. Agora eles pretendem voltar à Donbas, preocupados
com a situação sócio-económica da federação russa: “Vocês aqui, na Rússia,
começam ter os processos semelhantes da Ucrânia antes do gorpe. Não queremos
passar por isso pela segunda vez, para nos é melhor salvaguardarmos a cidadania
ucraniana, para podermos voltar para casa, logo que aqui na Rússia acontecerão os
maus acontecimentos”.
De
acordo com alguns dos refugiados, agora eles esperam a estabilização da
situação na Donbas para poder voltar e tentar vender as suas moradias (casas e
apartamentos), ao preço competitivo ao máximo, conseguindo dinheiro para organizar a sua vida num novo local. Pelo
menos uma parte dos refugiados diz que gostaria de se mudar para a “parte
ucraniana da Ucrânia”, e lá estabelecer uma nova vida para si e para as suas
famílias. O fator limitante são os boatos de que na grande Ucrânia “continua a
perseguição pelas conversas em russo” (Sic!) e pela “proveniência de Donbas” (fonte).
Blogueiro:
enfim, como reza o ditado ucraniano contemporâneo: “ninguém disse que trair Ucrânia
será uma coisa fácil e gostosa!”
1 comentário:
Ue, eles não querem de volta a URSS!! OS talões eram comuns naquele período!
Enviar um comentário