Hoje
em dia, quando o terrorismo internacional está em ofensiva contra a civilização,
é interessante conhecer os mecanismos que os governos socialistas usavam no
passado para criar as sinergias na luta de classe contra o “capitalismo
opressor”.
Wadie Haddad (1927 –
1978) era um dos líderes mais esquerdistas das organizações palestinianas, o
comandante da ala militar do Frente Popular de Libertação de Palestina (FPLP).
De acordo com arquivo Mitrokhin, desde 1968 Haddad era agente do KGB, alcunha “Nacionalista”, recebendo da União
Soviética as armas, explosivos e financiamento. O que coincide com os anos da
sua maior atividade terrorista ao nível internacional. Entre 1968 e 1976 Haddad
foi responsável pelo sequestro dos 6 aviões civis e pelo massacre dos
passageiros no Aeroporto
de Lod em Tel Aviv.
Em
23 de Outubro de 1974, o chefe do KGB, Yuri Andropov, informa o chefe do
Comité Central do PCUS e líder da URSS, Leonid Brejnev, sobre os contactos, desde 1968 com o
membro do Bureau Político da FPLP, chefe do departamento das operações
externas, Wadie Haddad.
Num
encontro com residente do KGB no Líbano, à decorrer em abril de 1974, Haddad
explicou a perspetiva do programa da sua organização, que pode ser sintetizada
de seguinte maneira:
-
O aumento da eficiência da luta contra Israel, sionismo e imperialismo
americano;
-
ações contra pessoal americano e israelita nos (territórios) dos terceiros
países;
-
ações de sabotagem e terrorismo no território de Israel;
-
organização de ações de sabotagem contra o cartel diamantífero;
FPLP se preparava para atacar os grandes depósitos de petróleo nos
diversos países do globo (Arábia Saudita, Golfo Pérsico, Hong-Kong, etc);
destruição dos navios petroleiros e superpetroleiros; ações contra os
representantes americanos e israelitas no Irão, Grécia, Etiópia, Quénia, ataque
contra o centro diamantífero em Tel Aviv.
Para
conseguir os seus objetivos, Haddad pediu a URSS lhe conceder “alguns tipos de
meios técnicos especiais, necessários para condução de algumas operações de
sabotagem”. Andropov
assegura o Brejnev que “tipo de relações com Haddad permite ao (KGB / URSS),
em certo grau, controlar as ações do departamento das operações externas da
FPLP, exercer a influência favorável à União Soviética e também, efetuar, nos
interesses do (KGB / URSS), as operações ativas, usando as forças da FPLP e
seguindo a conspiração necessária”. No fim da carta, Andropov diz que “acha
conveniente tratar o pedido do Haddad de forma positiva na questão de concessão
dos meios especiais pedidos” (Andropov ao Brejnev, 23/10/1974, http://bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/plo75a.pdf).
Com
a permissão do CC do PCUS № 147/42 de 14 de agosto de 1974, em setembro de
1975, Wadie Haddad visitou Moscovo ilegalmente (não oficialmente).
Em
resultado da pressão política da URSS, Haddad “chegou à conclusão sobre a
necessidade de levar o grosso modo das suas operações dos países terceiros ao
território de Israel e os territórios palestinianos”, prometendo aos dirigentes
soviéticos de se “abster da condução das ações terroristas não inteligentes e
irracionais”. Por
sua vez, Haddad pediu à URSS “lhe conceder ajuda na obtenção de alguns tipos de
meios técnico-militares e a sua fabricação dos componentes estrangeiros” (não
soviéticos). O KGB propõe ao CC do PCUS à satisfez parcialmente o pedido do
Haddad, concedendo lhe ilegalmente os meios técnico-militares soviéticos e também
“alguns tipos de armamentos e meios especiais, fabricados (pelo KGB / URSS) à
partir dos componentes estrangeiros”. (Andropov ao CC do PCUS, 10/01/1975, http://bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/plo75c.pdf).
Na
sequência da cooperação proveitosa entre o terrorista internacional e as altas
lideranças da URSS, em agosto de 1974, Aleksey Kossygin. o chefe do Conselho
dos Ministros da URSS, ordenou ao Banco Estatal de URSS a entrega ao KGB de 37.625
rublos em forma de divisas estrangeiras (cerca de 22.198 USD ao câmbio oficial
soviético da época), para a condução das operações especiais, valor coberto pelo
fundo de reserva do Conselho dos Ministros da URSS (http://bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/plo75b.pdf).
Em
maio de 1975, o KGB da URSS, de acordo com a decisão do CC do PCUS, entregou ao
Haddad armamento e munições de fabrico estrangeiro (não soviético): 53
espingardas de assalto; 50 pistolas; entre as quais 10 com silenciadores e
34.000 munições A entrega decorreu na baia de Aden, no período noturno, de forma
conspirativa e sem o contato direto, com auxílio do navio da armada soviética.
Dentro do FPLP apenas Haddad sabia que o armamento foi dornecido pela URSS (a
carta do chefe do KGB Andropov ao chefe do CC do PCUS, Leinid Brejnev, de 16 de
maio de 1975, http://bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/plo75d.pdf).
Haddad
morreu em 1978, na RDA, supostamente de leucemia. De acordo com o livro “Striking
Back”, publicado pelo jornalista Aaron J. Klein in 2006, Haddad foi eliminado
pelo Mossad, que lhe enviou o chocolate belga tratado com um veneno
indetectável de ação lenta.
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