No
dia 13 de outubro na cidade russa de Yekatiremburgo começou o julgamento (à
porta fechada) da cidadã nacional Yekaterina Vologzhennikova (1969), acusada de “incitamento
de ódio por motivos étnicos contra os grupos sociais, voluntários-milicianos da
Rússia que lutam de lado das milícias (Sic!); (incitamentos contra) às
autoridades atuais da Rússia”. Tudo, pela postagem de 6 (seis) publicações em apoio da Ucrânia na sua página da rede social “VK”.
Durante
quase um ano o Comité de Investigação da Rússia (o mesmo que falsifica o caso
contra a piloto ucraniana Nadiya Savchenko), estava investigar o alegado crime.
Na acusação final se fala em 6 (seis!) publicações que Yekaterina
Vologzhennikova efetuou na rede social “VKontakte”. O Comité considera que os
materiais em questão incitam ódio por motivos étnicos e também incitam ao ódio contra
os representantes do poder estatal russo, representando “de forma negativa a
política da Rússia em relação à Ucrânia”.
Como
explica o advogado da acusada, Roman Kachanov, o caso “não vale nada”. A sua
cliente realmente não concorda com a política da Rússia em relação à Ucrânia, ela
simplesmente apoia Ucrânia. O advogado pediu que o caso seja devolvido à
procuradoria, pois acusação atropela a lei, se contradiz nos pormenores e em
si, é contraditória. No entanto, o juiz não aceitou o pedido do advogado e
marcou a próxima audiência para o dia 27 de outubro.
A
mãe solteira de uma filha de 12 anos, trabalhando como a vendedora, Yekaterina é
acusada de ser “cúmplice dos terroristas”, pois acusação considera que as suas postagens
eram extremistas. Ela não concordava com a invasão da Ucrânia e não acreditava
na narrativa oficial. Lia, seguia os acontecimentos e repostava as notícias da
Internet, lidas não apenas por seus 52 amigos, mas pelos agentes do FSB. Em
resultado, a sua casa foi invadida, os agentes da secreta russa aprenderam o seu
computador, tablet, telefone e os CD´s da filha. Os investigadores perguntaram sobre a sua origem étnica, o local de nascimento, a existência de origem
ucraniana ou parentes na Ucrânia. As mesmas perguntas foram feitas à sua mãe (fonte).
Um
dos materiais “extremistas”, o filme documental ucraniano “O inverno que nos mudou”
https://www.youtube.com/watch?v=PW9_D9dhQoM
Além
disso, violando toda e qualquer presunção de inocência, Yekaterina
Vologzhennikova foi colocada, antes do seu julgamento, na lista oficial dos terroristas e extremistas do
Serviço Federal de Monitoramento Financeiro (sob o
número de 983), as suas contas bancárias e os cartões de crédito foram
bloqueados (fonte).
“Para
eu não enviar o auxílio financeiro às organizações terroristas, não sei o que
isso lá significa, EI ou “Setor da Direita”, – explica Yekaterina, confessando
que com o seu parco salário financiava apenas a filha menor, a mãe reformada e dois
gatos.
Outro material “extremista”, o projeto televisivo ucraniano “Corações Bravos”, dedicado às pessoas que mostraram o heroísmo
durante a guerra russo-ucraniana no leste da Ucrânia.
https://www.youtube.com/watch?v=93ZWHP9pROM
Hoje,
Yekaterina alerta todo o mundo: a política e as redes sociais na Rússia moderna
são incompatíveis. Pois ninguém conhece toda a lista de materiais proibidos. Na
sua página ela agora só posta os gatinhos. Até agora não houve as reclamações. Do
resto, o simples gesto de solidariedade de uma cidadã anónima que tem a opinião
favorável à Ucrânia, mas contrária à narrativa oficial russa, mesmo que só na Internet,
pode significar uma prisão efetiva de até 4 anos (fonte).
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