domingo, outubro 18, 2015

A terrorista russa das redes sociais

No dia 13 de outubro na cidade russa de Yekatiremburgo começou o julgamento (à porta fechada) da cidadã nacional Yekaterina Vologzhennikova (1969), acusada de “incitamento de ódio por motivos étnicos contra os grupos sociais, voluntários-milicianos da Rússia que lutam de lado das milícias (Sic!); (incitamentos contra) às autoridades atuais da Rússia”. Tudo, pela postagem de 6 (seis) publicações em apoio da Ucrânia na sua página da rede social “VK”.

Durante quase um ano o Comité de Investigação da Rússia (o mesmo que falsifica o caso contra a piloto ucraniana Nadiya Savchenko), estava investigar o alegado crime. Na acusação final se fala em 6 (seis!) publicações que Yekaterina Vologzhennikova efetuou na rede social “VKontakte”. O Comité considera que os materiais em questão incitam ódio por motivos étnicos e também incitam ao ódio contra os representantes do poder estatal russo, representando “de forma negativa a política da Rússia em relação à Ucrânia”.

Como explica o advogado da acusada, Roman Kachanov, o caso “não vale nada”. A sua cliente realmente não concorda com a política da Rússia em relação à Ucrânia, ela simplesmente apoia Ucrânia. O advogado pediu que o caso seja devolvido à procuradoria, pois acusação atropela a lei, se contradiz nos pormenores e em si, é contraditória. No entanto, o juiz não aceitou o pedido do advogado e marcou a próxima audiência para o dia 27 de outubro.
A mãe solteira de uma filha de 12 anos, trabalhando como a vendedora, Yekaterina é acusada de ser “cúmplice dos terroristas”, pois acusação considera que as suas postagens eram extremistas. Ela não concordava com a invasão da Ucrânia e não acreditava na narrativa oficial. Lia, seguia os acontecimentos e repostava as notícias da Internet, lidas não apenas por seus 52 amigos, mas pelos agentes do FSB. Em resultado, a sua casa foi invadida, os agentes da secreta russa aprenderam o seu computador, tablet, telefone e os CD´s da filha. Os investigadores perguntaram sobre a sua origem étnica, o local de nascimento, a existência de origem ucraniana ou parentes na Ucrânia. As mesmas perguntas foram feitas à sua mãe (fonte).

Um dos materiais “extremistas”, o filme documental ucraniano “O inverno que nos mudou”
https://www.youtube.com/watch?v=PW9_D9dhQoM

Além disso, violando toda e qualquer presunção de inocência, Yekaterina Vologzhennikova foi colocada, antes do seu julgamento, na lista oficial dos terroristas e extremistas do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro (sob o número de 983), as suas contas bancárias e os cartões de crédito foram bloqueados (fonte).

“Para eu não enviar o auxílio financeiro às organizações terroristas, não sei o que isso lá significa, EI ou “Setor da Direita”, – explica Yekaterina, confessando que com o seu parco salário financiava apenas a filha menor, a mãe reformada e dois gatos.
Outro material extremista, o projeto televisivo ucraniano Corações Bravos”, dedicado às pessoas que mostraram o heroísmo durante a guerra russo-ucraniana no leste da Ucrânia.
https://www.youtube.com/watch?v=93ZWHP9pROM
Hoje, Yekaterina alerta todo o mundo: a política e as redes sociais na Rússia moderna são incompatíveis. Pois ninguém conhece toda a lista de materiais proibidos. Na sua página ela agora só posta os gatinhos. Até agora não houve as reclamações. Do resto, o simples gesto de solidariedade de uma cidadã anónima que tem a opinião favorável à Ucrânia, mas contrária à narrativa oficial russa, mesmo que só na Internet, pode significar uma prisão efetiva de até 4 anos (fonte).

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