Nos
arredores da aldeia de Perekop (Or Qapı) na Crimeia ocupada, foi achado um
enterro em massa de soldados e oficiais do 2º exército do general Vasily Dolgorukov-Krymsky,
datado da 1ª conquista militar russa da Crimeia, no decorrer da guerra
russo-turca de 1768-1774.
O
achado foi confirmado pela página oficial do Museu Central de Tavrida.
No total, foram achados os restos de 861
pessoas, sepultados em
campas comuns que abrigam entre 2 à 30 ossadas. “À julgar por vários elementos, os
túmulos tinham o caráter mais sanitário. A localização das sepulturas muitas
vezes é caótica, muitos esqueletos com vestígios de morte violenta – feridas
picadas, as balas turcas presas nas ossadas, em uma das sepulturas, além das sete
ossadas enterradas completas – quatro cabeças cortadas”, – contam no museu.
O
achado foi feito em agosto-setembro de 2017, a equipa de arqueólogos foi
surpreendida pelos adereços dos sepultados, muito diferente dos objetos usados
no século XX. No entanto os botões de metal, crucifixos, munições de chumbo e o melhor indicador – as moedas
(a mais recente datada de 1768), permitiram datar as sepulturas como pertencentes à segunda metade do século XVIII, época das
guerras russo-turcas pelo controlo efetivo da Crimeia.
O
museu afirma que, até o momento, é único enterro conhecido dos militares russos
do 2º exército do general Vasily Dolgorukov-Krymsky, cujas forças invadiram a
Crimeia em 1771. As forças de ocupação russas tomaram as fortalezas turcas de
Or-Kapu/Or Qapı (Perekop), Kafa, Arabat e outras. Em 1774, os turcos iniciaram
a contra-ofensiva, desembarcando as suas tropas nos arredores dos atuais cidades
Alushta e Ialta, onde ocorreram confrontos sangrentos com as tropas russas.
Aqui
começa o ponto mais interessante, de acordo com a historiografia oficial russa,
a tomada da fortaleza de Or-Kapu/Or Qapı (Perekop) saldou-se, da parte russa,
em 25 mortos, 135 feridos e 6 desaparecidos. São os dados que general Vasily Dolgorukov passou ao São
Petersburgo e devido à isso, a primeira ocupação russa de Crimeia, até hoje é
considerada como decorrida “praticamente sem o derramamento de sangue”. O
argumento também continua sendo usado pela historiografia russa, que considera
a anexação da Crimeia, ao império russo, de uma “entrada voluntária”.
O historiador da Crimeia, Dr. Sergei Gromenko, insiste que o enterro de mais de 800 militares
deve fornecer aos historiadores uma nova informação sobre a guerra russo-turca.
A
estrutura geral das perdas do exército russo permite afirmar que pelo menos 15
mil pessoas caíram no campo de batalha e cerca de 30 mil ficaram feridas e
sobreviveram. Além disso, cerca de 60 mil pessoas morreram de doenças, exaustão
e as consequências dos ferimentos. [...] Se for provado que todas essas 800 pessoas
morreram nas batalhas, se pode falar da falsificação de estatísticas ou
manipulação de números. Caso contrário, falaremos sobre o maior local de
sepultamento das vítimas da negligência do exército [imperial russo].
A situação talvez foi melhor descrita
pelo historiador ucraniano, Prof. Dr. Stanislav Kulchitsky: “após a guerra da
Crimeia, os franceses e os britânicos estavam extremamente preocupados com o
enterro de seus militares. Vemos que, para a Rússia, qualquer pessoa viva, e
ainda mais, a que morreu na guerra, não representa valor”.
Faça click para ler |
Os dados podem ser conferidos no Журналъ военныхъ дѣйствiй армѣй Ея Императорскаго Величества 1769-1771:555
(Jornal das Operações Militares do Exército de Sua Majestade Imperial
1769-1771:555).
Bónus
Enquanto
isso, na Síria morreram mais três mercenários russos.
No
dia 28 de setembro morreu Alexey Solovyov (33), sepultado na sua Iacútia natal em
24 de outubro; em 28 de outubro se soube da morte do mercenário da EMP “Vagner”
Anton Dobrygin (33), conhecido no meio como «Cheque», «Chek Kel», vítima de um
AEI nos arredores de Deir ez-Zor; e em 2 de outubro foi liquidado Vladislav
Krasnolutskiy.
O
interessante e fora do comum é apenas o caso do Anton «Chek Kel» Dobrygin. O 1º
tenente, expulso do exército russo por denunciar um esquema de corrupção,
passando as necessidades financeiras, por não conseguir arranjar nenhum emprego
decente, Anton recusou as propostas de combater no leste da Ucrânia, por não
querendo “lutar contra os seus”.
Blogueiro: envenenado
pela propaganda antiamericana (à julgar pela sua página na rede social VK),
Anton se recusou à matar os ucranianos, preferindo morrer num país distante, onde
o seu sacrifício maior muito rapidamente será esquecido. Ele poderia imigrar para Ocidente ou para Ucrânia, trabalhar honestamente e continuar à viver. Escolheu
o caminho errado que o levou ao abismo. Mesmo assim, ele merece o
reconhecimento do nosso blogue, obrigado Anton, por no fim das contas, não seres
um terrorista...
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