quinta-feira, outubro 26, 2017

Além do Califado: combatentes estrangeiros e a ameaça dos retornados

A companhia analítica americana Soufan Group publicou o relatório Beyond the Caliphate Foreign Fighters and the Threat of Returnees (Além do Califado: combatentes estrangeiros e a ameaça dos retornados), dedicado aos combatentes estrangeiros do Daesh/EI. Neste momento os cidadãos do espaço da ex-URSS ocupam uma posição de liderança no número total de estrangeiros. A maioria deles são russos.
O blogueiro militarista russo el-murid chama isso de resultado prático da luta antiterrorista russa “fora do território nacional e nas regiões distantes”. Uns cidadãos socialmente desajustados pegam em armas e abraçam a morte simplesmente porque não vêem nenhuma esperança de resolver os seus problemas de nenhuma outra forma. Daí o enorme êxodo em procura da felicidade suprema, embora de forma tão efémera e extrema.
Um destes terroristas-suicidas foi o jovem russo Abu Abdul Mahaimin ar-Rusi (na foto em cima) de apenas 15 anos. O seu nome de registo é desconhecido, pressupõe-se que saiu da Rússia com os seus pais 3 ou 4 anos atrás e passou pela “formação prática” na campo dos “Ashbal al-Khilafah” (“Leãozinhos do Califado”). Depois combateu, por cerca de 1 ano no Iraque e na Síria e morreu numa operação no Iraque, se transformando num homem-bomba, usado pelo Daesh/EI no sul de Anbar, na cidade de Ana. O relatório da sua morte foi publicado pelo Daesh/EI no dia 23 de outubro.

Alguns dados apontam que entre 120 à 200 adolescentes russos passaram pelas facilidades do “Ashbal al-Khilafah”, de tempo ao tempo eles voltam à Rússia, às regiões de Chechénia, Daguestão...
O programa “Ashbal al-Khilafah” já (de)formou milhares de crianças e adolescentes, programados e treinados para a guerra santa. Todos eles, seguramente sentirão enormes dificuldades de se adoptar à vida civil. E mesmo assim, o programa é extremamente perigoso, pois é facilmente reprogramado aos objetivos da guerrilha e terrorismo urbano. Dada a composição internacional dos “formandos”, o perigo é real para qualquer país do mundo.  

Na luta contra estes terroristas e “criaturas infernais”, são usadas outros cidadãos socialmente desfavorecidos, contratados pelas estruturas mercenárias das empresas militares privadas (EMP) e, após utilizados, frequentemente perdidos nas areias distantes da Síria.
No dia 22 de outubro, na cidade tártara de Kazan, foi sepultado o tenente-coronel, possivelmente pertencente aos quadros do ministério do interior russo, Rafael Hamidullin, morto na Síria em 21 de setembro, alegadamente vítima do fogo de morteiros. O local da sua morte é desconhecido, mas à julgar pela data, possivelmente ele foi morto na contra-ofensiva do Daesh/EI nos arredores de Deir ez-Zor, em que califado reportou a morte dos 30 militares sírios e “cruzados”. Os diversos dados apontam que naquele combate possivelmente morreram entre 3 à 5 militares russos.

Não está clara a razão de espera de um mês entre a morte do combatente mercenário e o seu funeral, possivelmente os militantes islâmicos trocaram o corpo do oficial russo por alguns camaradas seus.

A morte do tenente-coronel Hamidullin não foi confirmada pelo Ministério da Defesa russo, mas é possível afirmar que a pessoa com este nome completo e este patente realmente vivia em Kazan. Em 2009 o cidadão defendeu a sua tese em ciências pedagógicas, sob o tema: “Treino adicional de membros de unidades especiais do Ministério do Interior da federação russa na realização de missões de serviço e de combate em condições extremas”.
O estágio é que não correu lá muito bem... 

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