sexta-feira, outubro 27, 2017

Os 131 russos já morreram na Síria em 2017

Nos primeiros 9 meses de 2017, na Síria já morreram pelo menos 131 cidadãos russos, atesta a declaração emitida pelo consulado russo em Damasco, divulgado pela Reuters. O número não abarca os militares sob contrato, mas sim, os mercenários afetos às empresas militares privadas (EMP).

O documento, chamado “declaração da morte” (forma № 33), emitido em 4 de outubro regista a morte do Sergey Poddubniy, de 36 anos, natural da região de Krasnodar, ocorrida em 28 de setembro na cidade de Tias, província de Homs. A causa da morte, segundo o documento é “carbonização do corpo”.
A declaração da morte do Poddubniy possui o número 131 e segundo o procedimento habitual russo, estabelecido pelo Ministério da Justiça, a numeração deste tipo de documentos começa no início de cada ano de calendário e de forma sequencial. Ou seja, o número do documento corresponde ao número dos cidadãos mortos, registados num dado consulado, numa determinada cidade ou país, num determinado ano.


A declaração, emitida em Damasco não menciona a ocupação do morto, mas como explicam os seus familiares e amigos, o mercenário era civil e veio à Síria sob contrato com uma EMP para participar nas atividades militares.

O porta-voz do presidente russo, Dmitri Peskov, comentando o caso, ao pedido do Reuters, disse: “Não temos informações sobre os cidadãos individuais que visitam Síria. Neste ponto considero que a questão está encerrada”.

Mais mercenários mortos
Reuters obteve mais duas declarações da morte, em nome do Dmitri Markelov (o terrorista na foto acima, com passagem pela região de Luhansk na Ucrânia) e Yuri Sokalsky (52 anos, natural da região de Krasnodar, cidade de Gelendzhik, abatido na cidade síria de Tias em 1 de fevereiro de 2017, também com passagem pelo leste da Ucrânia). Ambos eram mercenários, as declarações da sua morte ostentam os números 9 e 13 e foram emitidas em 3 de fevereiro de 2017, no dia em que o consulado russo em Damasco emitiu pelo menos 5 declarações da morte dos cidadãos russos. As declarações atestam que Markelov morreu em 29 de janeiro “de um choque hemorrágico causado pelos ferimentos de estilhaços”, e Sokalsky em 31 de janeiro “de um choque hemorrágico de múltiplas feridas de estilhaços”. Local das suas mortes a cidade síria de Tias.


Dos 131 russos que morreram na Síria este ano, não há militares, de acordo com as declarações de um funcionário do consulado russo em Damasco. Ele disse à Reuters, por telefone, que o consulado não lida com o registo da morte dos militares, recusando-se a discutir este assunto com mais detalhes.

O Ministério da Defesa russo confirmou em 2017 a morte dos 16 militares na Síria. Perdas significativamente maiores podem prejudicar a campanha do presidente Putin, cinco meses antes da eleição presidencial, enquanto Moscovo pretende apresentar a operação na Síria como uma missão bem-sucedida de “manutenção da paz” com as baixas mínimas.

Taxa da morte anormalmente alta

Embora não existem os dados oficiais sobre o número dos cidadãos russos à residir na Síria, as listas de eleitores de 2012 e 2016 mostram que nos consulados da Rússia são registados cerca de 5.000 cidadãos russos.

É de prever, que alguns deles, poderiam morrer de causas naturais ou, ao menos, não relacionadas com a participação em combates nas fileiras das EMP. Como comentou ao Reuters, sob anonimato, um dos diplomatas russos que já trabalhou no sistema consular, o número normal anual de cidadãos russos que poderiam perder a vida num país de dimensão da Síria, em condições normais, não deveria ultrapassar 20 pessoas. Os dados da ONU apontam que a mortalidade média anual dos cidadãos russos, em condições normais é de 13 pessoas por cada 1.000 habitantes.


É de notar que em 2017 as autoridades russas não relataram a morte de civis russos na Síria, nem no decorrer das operações militares, nem como resultado de ataques dos insurgentes. O número de óbitos registados pelo consulado provavelmente também não incluirá os russos que morreram lutando nas fileiras dos militantes islâmicos, os seus corpos habitualmente não retornam à sua terra natal.

Blogueiro: é de anotar que o blogueiro militarista russo, el-murid, avalia o número geral dos militares e mercenários russos mortos na Síria em 2017 em 300-400 pessoas, tendo em conta que 60-70% deles morreram no campo de batalha e os restantes nos hospitais, sírios e russos, vítimas dos ferimentos contraídos.

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