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80 anos atrás, na noite de 29 de outubro de 1937 na cadeia de NKVD em Minsk foram fuzilados mais de 100 representantes da elite intelectual da Belarus — aqueles que criavam a cultura e, de facto, cunharam a identidade belarusa e o futuro do país – escritores, poetas,
comissários de educação e justiça, reitor da universidade
e muitos outros.
Dia da Memória das Vítimas das Repressões Políticas, Moscovo, 1991 Inscrição num dos cartazes: "Transformaremos grilhões em arados" |
No
dia 30 de outubro em
Belarus é recordado solenemente o
Dia da Memória das Vítimas da repressão política.
No
total, na década 1930 cerca de 90%
da intelligentsia belarusa foi destruída em repressões
comunistas.
As repressões
atingiram 90%
dos escritores, 100% dos sacerdotes, 35% dos professores.
Qual seria Belarus sem passar
pelo estalinismo...?
Porque
foram fuzilados os escritores e poetas?
Praticamente todos os fuzilados em 29 de outubro de 1937 foram acusados pela máquina repressiva soviética de pertencerem à União da Libertação da Belarus — poetas, escritores e cientistas presos, sob
tortura, “confessavam” a sua alegada participação numa “organização contra-revolucionária”. Na verdade, o NKVD e as autoridades comunistas
precisavam de um mero pretexto formal para se livrar da elite intelectual belarusa, como
dizem hoje – de líderes de opinião. Como é sabido, as pessoas mudas, inconscientes e facilmente subordinadas, são mais fáceis
de manipular
e o papel dos “símbolos culturais”, na decisão
comunista, podia perfeitamente
caber aos outros escritores,
mais leais ao poder soviético, que com prazer contariam ao “povo” as
histórias da dita “amizade dos
povos”.
Outro momento
muito importante é o ambiente de intolerância extrema à qualquer opinião dissonante que foi criado na sociedade
– antes de começarem as prisões e os fuzilamentos. Têm razão os que dizem que não foi Estaline quem escreveu pessoalmente milhões de denúncias – muitas
anónimas,
eram várias vezes escritas por
conhecidos, amigos e “colegas do
trabalho” que queriam ocupar essa ou aquela posição
à
custa da morte ou da prisão de algum “inimigo do povo” (leia-se concorrente)
mais talentoso, e por ventura, mais inconformista.
Em 1988, ainda
sob o regime soviético, foi reconhecido publicamente que nunca existiu em Belarus nenhuma “União da Libertação
da Belarus”, era uma organização virtual, completamente inventada pelo NKVD, destinada a justificar o massacre de dissidentes ou
simplesmente dos “desviados
do curso
geral do partido” comunista.
Alguns
nomes e fotos dos fuzilados:
Ales Dudar: poeta, crítico literário, tradutor, fuzilado em 1937 |
Valery Marakou: poeta, fuzilado em 1937 |
Mikhas Charot, escritor, fuzilado em 29/10/1937 |
Izi Kharik: poeta belaruso judaico |
Platon Halavach, jornalista e poeta, fuzilado em 1937 |
Posfácio
Nas fotos: prisioneiros do GULAG soviético, década 1920 |
O estalinismo e o culto da personalidade do “grande cientista” (que foi formalmente desmantelado em 1956), estão vivos ainda hoje. Os estalinistas atuais vivem
fisicamente no século XXI, usando os computadores, usufruindo das fronteiras abertas e, por vezes, viajando pelo mundo. Mas mentalmente eles continuam a vestir a mesma farda da
polícia política estalinista, permanecem com revólver em punho, nos escuros e húmidos
porões
de prisões de NKVD
em
Minsk, Kyiv e várias outras cidades da União Soviética, conhecida como a “cadeia
dos povos”.
Ler
mais: The
chekist: a maquina implacavel dos crimes comunistas
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