terça-feira, outubro 31, 2017

Métodos fascistas do NKVD: os torturadores e as vítimas

O esboço da autoria do Danzig Baldaev
No seu ensaio, “Politics and the English Language” (1946), o escritor britânico George Orwell escreveu: a palavra “fascismo” agora não tem outro significado senão “algo indesejável”.  

Estudando diversos processos-crime soviéticos, nota-se um denominador comum: os oficiais da NKVD torturavam os cidadãos comuns e forçavam-nos admitir a participação nas “organizações fascistas”; à partir de fim de 1938 – início de 1939 (Lavrentiy Beria torna-se o novo chefe do NKVD, iniciando o processo de “queima de arquivos”, se livrando dos carrascos dos seus antecessores) os cidadãos sobreviventes testemunhavam contra os mesmos oficiais da NKVD e os acusaram de métodos de investigação “fascistas”; os novos oficiais da NKVD torturavam os antigos oficiais da NKVD e os acusavam de serem “capatazes fascistas”. Todos eles acusavam os outros de fascismo. E aqueles que torturaram e aqueles que foram torturados.

Numa carta dirigida ao Secretário Provincial do PC(b) de Odessa (sul da Ucrânia), camarada Kolbanov, o cidadão Suslov, ex-diretor de um sovkhoz, conta do tratamento que recebeu em 1938, preso pelo NKVD e acusado de pertencer à “uma organização contra-revolucionária da direita trotskista” (Sic!)
Fonte
É uma tortura fascista insolente, acompanhada de abusos físicos contínuos, tais como: palavrões clássicas ininterruptamente, incontáveis cuspidelas no rosto, inúmeros gritos nos ouvidos através de um tubo de papel, o espezinhar contínuo com saltos de sapatos de dedos dos pés, colocação na célula prisional de 21-24 pessoas (numa área de aproximadamente 8 m²), um número incontável de chamadas para interrogatório na cabine de um veículo motorizado, duas pessoas de cada vez, colocados lá à força, porque o tamanho desta cabine é mínimo para uma pessoa.
O tratamento da administração da prisão e supervisão prisional em 1938 só é possível nas masmorras fascistas.

(Suslov)
27/XI-[19]39

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