O esboço da autoria do Danzig Baldaev |
No
seu ensaio, “Politics and the English Language” (1946), o escritor britânico George
Orwell escreveu: a palavra “fascismo” agora não tem outro significado senão “algo
indesejável”.
Estudando
diversos processos-crime soviéticos, nota-se um denominador comum: os oficiais
da NKVD torturavam os cidadãos comuns e forçavam-nos admitir a participação nas
“organizações fascistas”; à partir de fim de 1938 – início de 1939 (Lavrentiy Beria torna-se
o novo chefe do NKVD, iniciando o processo de “queima de arquivos”, se livrando
dos carrascos dos seus antecessores) os cidadãos sobreviventes testemunhavam
contra os mesmos oficiais da NKVD e os acusaram de métodos de investigação “fascistas”;
os novos oficiais da NKVD torturavam os antigos oficiais da NKVD e os acusavam de
serem “capatazes fascistas”. Todos eles acusavam os outros de fascismo. E
aqueles que torturaram e aqueles que foram torturados.
Numa
carta dirigida ao Secretário Provincial do PC(b) de Odessa (sul da Ucrânia), camarada Kolbanov,
o cidadão Suslov, ex-diretor de um sovkhoz, conta do tratamento
que recebeu em 1938, preso pelo NKVD e acusado de pertencer à “uma organização
contra-revolucionária da direita trotskista” (Sic!)
Fonte |
É
uma tortura fascista insolente, acompanhada de abusos físicos contínuos, tais
como: palavrões clássicas ininterruptamente, incontáveis cuspidelas no rosto,
inúmeros gritos nos ouvidos através de um tubo de papel, o espezinhar contínuo
com saltos de sapatos de dedos dos pés, colocação na célula prisional de 21-24
pessoas (numa área de aproximadamente 8 m²), um número incontável de chamadas para
interrogatório na cabine de um veículo motorizado, duas pessoas de cada vez,
colocados lá à força, porque o tamanho desta cabine é mínimo para uma pessoa.
O
tratamento da administração da prisão e supervisão prisional em 1938 só é
possível nas masmorras fascistas.
(Suslov)
27/XI-[19]39
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