sábado, outubro 21, 2017

O terrorista russo abandonado será julgado na Ucrânia

O terrorista e mercenário russo Victor Ageev capturado na Ucrânia em combate em julho de 2017, será julgado em breve na província de Luhansk. As autoridades russas “se esqueceram” do seu cidadão e aconselharam à família contar com advogado oficioso, escreve o jornal russo Novaya Gazeta.

Os materiais do caso criminal já foram entregues ao Tribunal Distrital de Novoaydarivsk, explicou a porta-voz do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), Olena Gitlianska. O julgamento de Victor Ageev pode começar nas próximas semanas.

A investigação acusa o russo capturado de criar uma organização terrorista (1ª parte do artigo 258-3 do Código Penal da Ucrânia) e manusear ilegalmente as armas (1ª parte do artigo 263 do CPU). Em ambos os casos a pena vai até 15 anos de prisão efetiva.

Juntamente com Ageeev serão julgados dois separatistas locais, residentes em Severodonetsk e Alchevsk. A acusação nota que militar do exército russo, em março de 2017 Ageev “se juntou aos grupos terroristas, onde serviu como operador de metralhadora de um pelotão especial de reconhecimento”. O próprio Ageev afirma que não se envolveu em atividades terroristas, mas confirma que serviu na dita “lnr” como um militar russo sob contrato.

A defesa do terrorista russo no decorrer do seu julgamento estará ao cargo de um advogado ucraniano oficioso, as autoridades da federação russa recusaram-se alocar os meios financeiros para a defesa paga do Ageev. A mãe do terrorista foi informada sobre essa decisão pelo consulado-geral russo em Kharkiv. “Por enquanto a opção é essa: um advogado oficioso. Como me disseram os meus diplomatas, que falaram com ele, é especialista nada mau, embora não é o nosso” (Sic!), a mãe do Ageev conta o teor da sua conversa com o vice-cônsul russo em Kharkiv, Andrei Alenkin.

O Cônsul russo prometeu seguir o caso do Ageev e deu o seu número de telefone à mãe do terrorista. “Ele disse para ligar ao qualquer momento”, conta Svetlana Ageeva e acrescenta que, ao marcar o número, ouviu o “gambigueiro e ranger” no receptor. O “telefone” que Cônsul deixou era um número de fax (Sic!). Acontece que também ninguém atende os números (listados no site oficial) do consulado russo em Kharkiv.

Em julho de 2017, juntamente com jornalista russo Pavel Kanygin, a mãe do terrorista Svetlana Ageeva recebeu a permissão da Ucrânia de visitar o seu filho na prisão de Starobelsk. Mais tarde, ela se encontrou com os Cônsules russos em Kyiv, pediu-lhes para ajudar com os serviços de um advogado pago. Como assegurou o Cônsul Ivan Zavorin, os diplomatas russos iriam levantar essa questão junto às autoridades de Moscovo.

Um mês depois, em 31 de agosto, sem receber a resposta, Svetlana Ageeva enviou uma carta à Tatyana Moskalkova, a Provedora de Justiça da Rússia, que também prometeu se envolver no caso do russo capturado. “Isso é muito importante, e se surgir algum pedido, estou pronta para visitar o nosso cidadão”, disse o Provedora na sua declaração de 25 de agosto de 2017. Ageeva pediu a Moskalkov que visitasse o terrorista detido em Starobelsk e esclarecesse a situação da procura do advogado; dois meses depois, a Provedora de Justiça não reagiu à este pedido.

Blogueiro: como costuma dizer o jornalista russo Arkady Babchenko (ele próprio veterano russo da 1ª e 2ª guerras na Chechénia): “se lembre filho, a pátria irá te trair sempre!”


Bónus


Volodymyr Zhemchugov, um ucraniano de origem russa, natural de Luhansk, ex-mineiro, empresário, desde início da guerra russo-ucraniana pertencia à resistência ucraniana na região de Luhansk, num acidente perdeu ambas as mãos e parcialmente a visão, passou quase um ano no cativeiro terrorista. Após saber do caso Victor Ageev, Volodymyr decidiu falar à mãe do mercenário russo: “Você pode ficar tranquila, onde está o seu filho, na cadeia ucraniana, ele está seguro”.

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