O
“albatroz frustrado” da “Calexit”, Louis
Marinelli, anunciou que desgosta muito bastante os EUA ao ponto de “fechar a
loja” da sua própria campanha secionista e se mudar, de forma permanente, para
a federação russa.
Desde
que a campanha da independência da Califórnia “Yes California” começou no
início de 2016, uma série de eventos lhe deu a maior visibilidade: desde a
eleição do Donald Trump como o presidente dos EUA (o estado votou 61,5 % em
Hillary Clinton), até a vitória surpreendente da “Brexit” na Grã-Bretanha.
A
hashtag #Calexit tornou-se popular nas mídias sociais e “Yes Califórnia” até começou,
no início de 2017, a recolher as assinaturas para transformar a “Calexit” em
uma matéria do referendo em que os californianos pudessem votem a separação do
seu estado dos EUA.
Louis Marinelli em 28 de fevereiro de 2017 |
Até
que a campanha recebeu um duríssimo gorpi na sua credibilidade, quando se descobriu
que o seu líder, o italo-americano Louis J. Marinelli (1986),
se mudou, à socapa, para a cidade russa de Ecaterimburgo, que agora, nas suas
próprias palavras pretende transformar no seu “permanentemente novo lar”.
Em
uma declaração de despedida na página Yes California,
publicada em 17 de abril de 2017, Marinelli conta as dificuldades que a sua
esposa russa teve no processo de imigração dos EUA e a sua frustração com o que
ele descreve como esforços da mídia para minar a campanha, com a “histeria
anti-russa” e com as “expressões da xenofobia anti-imigrante dos americanos”. Embora
numa outra passagem Marinelli reconhece que há três semanas, a sua esposa [Anastasia]
finalmente recebeu o green card [cartão de residente nos EUA e escolheu à viver nos EUA!] e agora a sua “luta pessoal contra o governo dos Estados Unidos
terminou”.
“Como
afirmei no passado, não desejo viver sob a bandeira americana. Eu não desejo
viver sob o sistema político americano ou dentro do sistema económico americano.
[...] No entanto, enquanto minha frustração, desapontamento e desilusão com os
Estados Unidos permanecem, esses sentimentos agora me apontam em uma direção
diferente. Encontrei na Rússia uma nova felicidade, uma vida sem o albatroz da
frustração e do ressentimento em relação à pátria, e um futuro separado das
divisões partidárias e da animosidade que até agora envolveu toda a minha vida
adulta”.
Deve-se
notar que após a decisão tornada pública do Marinelli de retirar a petição secionista da circulação e se retirar da causa separatista, o vice-presidente da campanha “Yes
California”, Marcus Ruiz Evans, anunciou que também abandonava a iniciativa,
escreve a jornal californiano San
Diego Union Tribune.
Os
comunistas americanos no GULAG soviético
Thomas Sgovio (primeiro à esquerda), aos 13 anos o jovem comunista em Buffalo nos EUA (1930) |
O
mais provavelmente, o nosso querido Louis Marinelli nada sabe sobre a vida de
um outro italo-americano, Thomas Sgovio
(1916-1997), cuja família emigrou à União Soviética em 1935, frustrada com
os EUA, com o seu “capitalismo selvagem”, rumando à uma nova felicidade na
pátria do “socialismo triunfante”.
Thomas Sgovio no sistema prisional soviético, 1938 |
O
pai de Thomas Sgovio, Joseph, um imigrante radical italiano nos Estados Unidos,
foi deportado como um agitador comunista em 1935 e se mudou com a sua família
para URSS. Em 1937 Joseph foi preso pelas autoridades soviéticas e passou 11
anos em campo de concentração de GULAG (morreu pouco depois de sua libertação
em 1948). Em 1938 o próprio Thomas foi preso pela NKVD, quando deixava a
embaixada dos EUA em Moscovo, onde pedira para retornar aos Estados Unidos. Ele
passou os seguintes 10 anos no campo de trabalho forçado de Kolyma (demorando 28 dias só na viagem de ida) no norte da Sibéria
e 5 no exílio forçado no Extremo Oriente soviético. Sgovio
chegou a pesar menos de 50 kg, tatuando o seu próprio nome para ser reconhecido
após a morte. Sobreviveu graças ao seu talento de desenhador, ele conseguiu
arranjar o trabalho fora da mina de ouro, pintando os pósteres propagandísticos
comunistas. Ele não conseguiu deixar a União Soviética até 1963, quando finalmente
retornou aos Estados Unidos da América.
Já nos EUA, em 1972, ele publicou o seu livro de memórias “Dear
America! Why I’m turned against communism”, com a denúncia feroz do regime
comunista soviético, feita, em primeira mão, por uma pessoa que abraçou as
ideias comunistas desde a sua mais tenra idade. Infelizmente, este livro é
praticamente desconhecido entre o público americano ou mesmo internacional (comprar o
livro em inglês ou italiano AQUI).
A edição italiana do livro do Thomas Sgovio |
Sgovio e milhares de outros jovens da sua
geração acreditavam na utopia comunista, endoutrinados pelas suas próprias
famílias, frustradas com o quotidiano. Hoje, após milhões de vítimas do GULAG e
Holodomor, ninguém deve alegar que o “comunismo pode dar certo se não for
deturpado”. Esperamos que a vida do Louis
Marinelli na sua nova pátria seja menos frustrante do que a vida do Thomas Sgovio
na URSS estalinista...
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