Em
1939 União Soviética atacou a pacífica Finlândia com blindados e aviação, usando
o contingente militar de quase 1 milhão de soldados e oficiais. Os finlandeses
responderam com exército essencialmente voluntário e armamento obsoleto – mas
venceram, defendendo um país livre e economicamente próspero, contra o
comunismo agressivo e pobre.
«República
Popular da Finlândia»
Na
era estalinista a URSS foi formulado o objetivo final da existência do sistema
soviético – a construção do comunismo, através da conquista do mundo inteiro –
por meios políticos ou militares.
Antes
de mais nada, planeava-se reconquistar as regiões que pertenciam à Rússia
czarista – Finlândia e Polónia. A propaganda soviética chamava polacos/poloneses
e finlandeses de “polacos/poloneses brancos” e “finlandeses brancos” (em alusão
aos exércitos monárquicos russos) – aos operários e camponeses soviéticos
empobrecidos diziam que estes povos adorariam entrar e rapidamente na URSS.
Ao longo da década de 1930, a
URSS aliciava
a Finlândia com suas iniciativas imperiais, propondo
“mover a fronteira” e transferir parte do território finlandês
para a URSS. Primeiro de tudo, a URSS queria anexar
a linha defensiva de Mannerheim – a chamando de “exemplo de agressão finlandesa”. Se a Finlândia tivesse entregue a linha de Mannerheim, muito
dificilmente teria resistido ao
exército soviético.
Tendo
falhado em conseguir qualquer coisa pela via “diplomática” – a URSS moveu o seu
exército contra Finlândia. Pouco antes do ataque militar do Kremlin, a União
Soviética tinha criado a “República Popular da Finlândia" – em cujo nome foi
efetuado o ataque soviético contra a Finlândia.
«Os finlandeses
de Minsk/Mensk»
No
dia 1 de dezembro de 1939 no jornal “Pravda” foi publicado a notícia que dizia
que na Finlândia (na verdade, no Kremlin) já foi formada a “República Popular
da Finlândia”, cujo governo já foi convidado para se deslocar ao Moscovo, e em
Helsínquia está, relativamente falando, “a Junta sangrenta finlandesa, tomando ilegalmente
o poder na Finlândia”. Não parece absolutamente nada com a propaganda usada
contra Ucrânia em 2014.
Ainda
em outubro de 1939, na
URSS e no mais estrito
sigilo se
começou à formar o “Exército Popular da Finlândia” – inicialmente planeado para ser formado
pelos “finlandeses soviéticos” e pelos caréios etnicamente próximos aos finlandeses – mas dado que se consegui apenas cerca
de 1.000 pessoas, as fileiras do
“exército popular” foram completos pelos belarusos – na URSS brincava-se em voz baixa: “os finlandeses de Minsk irão às minas finlandesas”.
Um
desses “finlandeses de Minsk” foi o noivo, o primeiro (e, talvez, o único) amor
da avó do autor deste texto (na foto em cima). Ele foi chamado ao serviço militar soviético em
1939 e morreu nesta ignóbil “guerra finlandesa” do império soviético – depois disso
foi esquecido e classificado pelo regime comunista, que não reconhecia as suas
guerras agressivas.
A Helsínquia bombardeada
e queimada
Desde
as primeiras horas da guerra finlandesa, a URSS começou a bombardear a
Finlândia – para desmoralizar e intimidar a população civil. Os primeiros
aviões começaram a lançar panfletos com propaganda e chantagem tipicamente soviéticas
– a propaganda dizia que o povo finlandês estava sofrendo sob o jugo da
burguesia, que a “junta finlandesa” deveria renunciar – e que depois disso “virá
a paz”.
No mesmo dia, às 14h30, os soviéticos começaram a bombardear a Helsínquia com bombas incendiárias, quando as ruas tinham o número máximo de
transeuntes. As primeiras bombas caíram perto da estação ferroviária – uma área
tradicionalmente lotada da cidade. O edifício da estação foi danificado, restaurado
após a guerra.
As bombas soviéticas atingiram a Praça do Senado – muitos desses prédios foram engolidos pelo fogo, como pode ser visto na foto comparativa do título nesta seção – este é o atual Museu Nacional da Finlândia, que está localizado na Praça do Senado, Unioninkatu № 34.
As bombas
soviéticas danificaram a Sé Catedral na mesma praça – depois o edifício foi completamente restaurado:
Ao longo da rua Aleksanterinkatu, podemos ver, aqui e ali vários edifícios modernos que foram erguidos no local dos prédios
antigos completamente queimados em
resultado dos bombardeamentos
soviéticos, e que não puderam ser restaurados.
Pelo menos 50 bombas soviéticas
caíram na rua principal de Fredrikinkatu – que na época era conhecida sob o nome sueco Fredriksgatan. Aqui um
enorme edifício do instituto tecnológico foi destruído, várias casas de
habitação de cinco e seis andares, diversos carros queimados – os “finlandeses que definhavam sob a
opressão dos finlandeses brancos” possuíam muitos veículos pessoais.
Bombas caíam ao
largo da atual avenida Mannerheim – o
centro de Helsinquia. Estes edifícios de vidro misturados com edifícios
históricos são resultados dos bombardeios soviéticos
de 1939.
Ironicamente, os bombardeiros
soviéticos atingiram a sua própria embaixada em Helsínquia – localizada nessa área:
Ao
mesmo tempo, o ministro soviético Molotov, segundo um hábito puramente
soviético, mentia que não houve os bombardeios de Helsínquia – e que o governo soviético estava lançando
as cestas de pão para o “faminto povo finlandês”, que também definhava sob a
opressão dos “brancos capitalistas finlandeses”.
Mais tarde, os finlandeses
colocaram essas “cestas de pão” soviéticas no museu militar – na foto você pode
ver uma bomba aérea dispersora rotativa, um dos primeiros protótipos de bombas
de fragmentação – com a qual os invasores soviéticos bombardearam a cidade de
Helsínquia.
Resistência.
Batalha na estrada de Raat.
Os líderes militares e
políticos soviéticos contavam
com o colaboracionismo
em massa dos finlandeses – algo que não aconteceu. O exército finlandês foi formado em menor tempo possível e quase exclusivamente por
voluntários – que sabiam por que defendiam
a sua Pátria. Os finlandeses tinham
lacunas em equipamentos militares
e em armamento – a Finlândia era um país pacífico e
não planeava atacar ninguém – por
isso na Guerra de Inverno / Talvisota, foram usadas, por exemplo, os canhões da Primeira Guerra Mundial.
A
Finlândia não produzia seus próprios tanques – o governo finlandês comprou na
Grã-Bretanha os 34 blindados Vickers – imediatamente após de ouvir a narrativa
soviética sobre os “irmãos finlandeses perdidos que precisam urgentemente de
serem libertados”.
Quase todos os “Vickers” foram perdidos nas batalhas contra os invasores soviéticos – um dos tanques sobreviventes
com a placa de identificação pode ser visto agora no museu militar em Helsínquia.
Foram usadas as antigas metralhadoras pesadas da Primeira Guerra
Mundial:
As
bombas incendiárias, chamados de “Cocktail para Molotov” – a sua produção foi
estabelecida em pequenas fábricas nas cidades – em toda a Finlândia os finlandeses
recolhiam as garrafas de vidro vazias. Os “Cocktail para Molotov” eram pensados
para “cegar” os visores dos blindados soviéticos – até que os finlandeses notaram,
se a garrafa entrar na conduta de ar na parte traseira do tanque soviético – este ardia como uma vela.
As
histórias sobre a “República Popular da Finlândia” apenas escondiam os planos soviéticos
para a ocupação total do país – na URSS já eram produzidas os mapas com toda a
Finlândia inclusa na União Soviética; o sistema de campo de concentração GULAG estava
preparado para receber até 500.000 finlandeses para “reeducação” – tendo em conta
que toda a população da Finlândia era de três milhões de pessoas. No lugar dos finlandeses
deportados os bolcheviques tinham planeado trazer as populações das regiões
centrais da Rússia Soviética, para mais tarde estes contarem as histórias de que
“a Finlândia sempre foi uma parte da Rússia”.
Um
dos exemplos da tática bem-sucedida da resistência contra agressão soviética
foi a batalha na estrada de Raat, durante a qual o Exército Vermelho (RKKA)
perdeu 17.000 homens. Em 20 de dezembro de 1939, a 44ª divisão do RKKA de
Zhytomyr (Ucrânia Soviética) entrou na Finlândia. O império bolchevique preferia
lutar, usando os recrutas das colónias anexadas.
Os militares do RKKA: congelados até a morte e POW |
De
dia, os soldados do
RKKA naturalmente se moviam,
sem nenhuma resistência,
ao longo da floresta, mas no meio da noite – eram atacados pelos franco-atiradores finlandeses invisíveis. A divisão passou na
floresta durante duas semanas, todos os dias o mesmo cenário era repetido. No final, a menor parte dos 17 mil mortos foi abatida
pelos finlandeses – a maioria morreu congelada. Os prisioneiros sortudos eram alimentados, aquecidos e enviados para a retaguarda
segura.
Na foto acima – um vagão
soviético de comunicação com as antenas no telhado, abandonado numa
das batalhas na estrada de
Raat, bem como a placa de fronteira da Finlândia – sobre o qual os soldados
soviéticos já tinham rabiscado: “URSS”.
A
bandeira da 44ª Divisão de Zhytomyr, que deixou de existir após a batalha na
estrada de Raat. Na foto pode ser visto pobre fardamento e armamento dos
militares soviéticos. O governo soviético simplesmente mandou milhares de
pessoas avançar nas florestas finlandesas – [em nome de uma utopia
bolchevique].
Assim eram equipados os combatentes finlandeses, que durante a maior parte da batalha de Raat
permaneceram invisíveis aos soviéticos. À esquerda – o franco-atirador finlandês com equipamento de esqui – que
lhe permitia mover-se rapidamente. À direita – o combatente de um grupo de assalto com a submetralhadora “Suomi”.
Apesar
de todo o poder militar da URSS, os finlandeses conseguiram sobreviver e salvar
o seu Estado. Os planos da “República Popular da Finlândia” foram enterrados na
estrada de Raat – a URSS conseguiu ficar com territórios reduzidos, perdendo
130.000 militares mortos e destruindo completamente o seu próprio apoio
internacional.
«Podemos repetir». Em vez de um posfácio.
Pouca gente
sabe – mas quase
imediatamente após o fim da guerra finlandesa – Estaline/Stalin ordenou ao Estado-Maior do
RKKA que desenvolvesse planos para
uma nova guerra contra a Finlândia – desta vez com a ocupação
do país – o
novo ataque começaria em julho
de 1941 – e apenas o começo da guerra nazi-soviética impediu a implementação deste plano.
Na URSS, a guerra
soviético-finlandesa foi silenciada e excluída dos livros de história – cerca
de 130 mil mortos e dezenas de milhares de feridos foram condenados ao esquecimento, os feridos naquela guerra nem
sequer eram considerados
veteranos – e, no início de 1941, deixaram de importar – todos na URSS já se esqueceram da guerra finlandesa.
Na própria Finlândia, a Guerra
de Inverno / Talvisota é de grande importância – os finlandeses entendem que eles salvaram o
seu próprio país do abismo da degradação soviética. Finlândia
de hoje é um excelente exemplo do que uma antiga região do império russo poderia parecer, sem conhecer um único dia de comunismo – é
um país próspero, que em termos de desenvolvimento ocupa
uma das primeiras posições do ranking mundial.
1 comentário:
Um finlandês me disse uma vez que havia uma anedota nessa época: "assim como Deus transformou a mulher de Ló em estátua de sal, o Todo Poderoso converteu os soldados soviéticos em sorvete". :D
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