A
cidade de Pripyat foi evacuada em 1986. É hoje uma zona deserta devido aos
níveis de radioativade. Mas árvores crescem entre os edifícios e um fotógrafo
considera-a uma “janela para o futuro”, escreve Observador.pt
“Na
ausência de humanos, a natureza floresce.” Foi assim que Dax Ward, fotógrafo
perito em locais abandonados, descreveu o que viu ao sobrevoar a cidade
ucraniana de Pripyat com um drone, refere a publicação online espanhóla ABC.es.
Local interdito limitado às visitas devido aos elevados níveis de
radiação ainda presentes desde a explosão da central nuclear de Chornobyl o
fotógrafo registou ilegalmente o estado atual da cidade onde em tempos viveram
43.000 pessoas.
Em
1986, o reator número 4 de Chornobyl explodiu. A cidade de Pripyat, construída
junto à planta de energia atómica, foi evacuada 36 horas depois do acidente. A zona
de exclusão em redor da estação nuclear de Chornobyl, que cobre uma área de
2.600 quilómetros quadrados na Ucrânia, foi estabelecida pelas forças armadas
soviéticas e, depois de 1986, foi delimitada a zona onde os níveis de
radioatividade eram superiores. Agora, mais de 33 anos depois, é seguro visitar
esta área, apesar do seu acesso ser altamente restrito.
“Sou
fascinado pela história de lugares que foram em tempos parte importante de
comunidades locais, mas que agora estão abandonados e esquecidos na história”,
refere o fotógrafo americano no seu sítio pessoal.
Mais
de 30 anos depois, Pripyat é considerada uma “cidade fantasma”. Erguem-se do
chão edifícios abandonados e casas destruídas e saqueadas. Nas paredes,
permanecem ainda pintados símbolos comunistas antigos. Ainda assim, e apesar da
radioatividade, a natureza parece estar a impor-se ao cimento e betão.
"Que átomo seja trabalhador, e não o soldado" |
Daw
Ward passou três dias a caminhar na área proibida para obter imagens do local.
Percorreu, em conjunto com três guias, 30 quilómetros por dia, explica no seu
site. Dormiam em edifícios abandonados e movimentavam-se especialmente durante
a noite, de modo a não serem detetados por patrulhas que vigiam o local. “Estas
imagens pretendem mostrar um pouco dos três dias que passei na zona de Chornobyl”,
conta o fotógrafo. “A atração principal foi a cidade de Pripyat”, continua.
O
fotógrafo testemunhou ainda a presença de animais na zona de Chornobyl, que ali
foram deixados após uma experiência, há mais de 20 anos.
“Um dia, a humanidade
vai deixar de existir por causa dos nossos erros egoístas que estão a destruir
a Terra. Mas a natureza vai encontrar forma de sobreviver, adaptar-se e
superar-nos. Este local é uma clara janela para esse futuro”, conclui Ward.
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