As
tentativas russas de alimentar a dissidência e disseminar a desinformação foram
expostas por uma série de documentos vazados que mostram o que o Kremlin está
disposto a gastar com os hackers, propaganda e passeatas de bandidos de
aluguer/aluguel, escreve a britânica The
Times (link só para os assinantes).
E-mails
revelados, enviados por figuras ligadas ao Moscovo descrevem uma campanha suja
na Ucrânia, que foi invadida sob as ordens do presidente Putin em 2014.
Especialistas dizem que expuseram os perigos enfrentados pela Grã-Bretanha e
seus aliados porque a Rússia usou as mesmas armas de desinformação, suborno e
distorção para atacar o Ocidente.
Bob Seely, um parlamentar
Conservador e especialista em guerra russa, disse que sua análise dos
vazamentos, que incluem milhares de e-mails e um documento protegido por senha
relacionado ao conflito na Ucrânia, revelou uma “lista de compras de subversão”.
“Há
provas contundentes de que as ferramentas e técnicas do conflito secreto russo
estão sendo usadas em e contra o Reino Unido, os EUA e a EU”, acrescentou. “Na
sequência do envenenamento de [Sergey]
Skripal, é mais importante do que nunca que compreendamos esses métodos”.
O
custo e a extensão das táticas foram divulgados em uma terceira parcela das
revelações chamadas #SurkovLeaks,
em homenagem a Vladislav Surkov, um politólogo do Kremlin, que alguns dizem ser
o Rasputin de Putin.
A guerra no ciberespaço, operações da Ciber Aliança Ucraniana |
Duas
tranches anteriores, publicadas on-line pela Ukrainian Cyber Alliance, um
coletivo de hacktivistas, incluem e-mails de uma conta vinculada ao Surkov. Ele
tem estado intimamente envolvido com a administração das ditas “repúblicas
populares” de Donetsk e Luhansk, duas entidades controladas pela Rússia na
Ucrânia, estabelecidas por separatistas pró-Moscovo.
A
publicação mais recente parece conter e-mails encontrados nas contas ligadas a
Inal Ardzinba, primeiro vice de Surkov, e endereçados ao líder do partido
comunista ucraniano. Eles sugerem que o Kremlin pagou aos grupos locais e
indivíduos na Ucrânia que estavam dispostos a avançar seu objetivo de fraturar
o país.
Um
conjunto de correspondência de outubro de 2014, que parece ter sido enviado por
um político russo ao Ardzinba, continha propostas para financiar operações
cibernéticas, incluindo hackear as contas de e-mail por um preço entre 100 à
300 dólares. Um plano mais amplo de “atacar os adversários”, “desmotivar os
inimigos” nas redes sociais e acumular os dados pessoais de indivíduos-alvo na
segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv,
custava 130.500 dólares.
O primeiro combate na guerra russo-ucraniana |
O
Ministério dos Negócios Estrangeiros / das Relações Exteriores da Rússia negou
no passado que Ardzinba tenha tido alguma coisa a ver com propaganda na
Ucrânia. Segundo o Sr. Seely, os vazamentos parecem revelar planos para plantar
novas ideias históricas e filosóficas. Os e-mails também incluem um evento e
dois livros que afirmam que certa área da Ucrânia tem herança russa.
Outras
propostas incluíam a orquestração de comícios anti-Ucrânia e pró-Rússia. Estes
envolviam o transporte de “desportistas” (conhecidos na Ucrânia como titushki) treinados em artes marciais para
agitar os comícios, subornos para a imprensa local para publicitar estes mesmos
protestos e subornos à polícia para fechar os olhos. Um mês de comícios em
Kharkiv custou 19.200 dólares. Incluiu 100 participantes, três organizadores e
dois advogados. Não está claro se os comícios aconteceram, apesar de outros
terem sido orquestrados pelo Kremlin, segundo a dizem a pesquisa. Os movimentos
para eleger 30 ex-membros do PC da Ucrânia aos governos locais apareceram em
junho de 2015, e custariam 120.460 dólares, revelam os vazamentos.
O
Kremlin afirmou no passado que os vazamentos de Surkov são fabricados e na
guerra de informação entre Ucrânia e Rússia, falsidades podem ter sido
plantadas. No entanto, os autores da correspondência nas duas primeiras
parcelas confirmaram a sua autenticidade. Eles foram apoiados pelo Atlantic
Council, um think tank de assuntos internacionais, após uma análise de
metadados.
Em
sua análise da terceira parcela, o Sr. Seely e sua co-pesquisadora Alya Shandra,
editora-chefe de um site de notícias ucraniano em inglês (Euromaidan Press), dizem que os vazamentos
“muito provavelmente são autênticos”. Shandra e Mr Seely planeam publicar seu relatório junto ao Royal United Services Institute for Defence
Security Studies.
Peter Quentin,
pesquisador do Royal United Services Institute, disse: “Não há razão para
pensar que esses vazamentos sejam menos confiáveis do que as parcelas
anteriores. Esta terceira parcela certamente parece se encaixar na tendência de
subversão bem documentada de ativistas russos na região”.
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