Como
informa agência ucraniana UNIAN,
nesta semana em Moscovo foi concluída a destruição final da única biblioteca
pública ucraniana em toda a federação russa. No edifício onde estava situada a
biblioteca até foi desmontada a respetiva placa.
De
acordo com ex-funcionários, ainda há uma semana, no edifício № 61 na rua Trifonovskaya
estava escrito: “Biblioteca de Literatura Ucraniana”. Depois a placa
desapareceu e a página da biblioteca na Internet (mosbul.ru) está bloqueada, a
inscrição em russo diz: “Desculpem, mas de momento o site está fechado para a
reconstrução”.
Segundo
os dados da UNIAN, o prédio da biblioteca foi transferido ao balanço do Departamento
de Desportos da capital russa, no seu endereço será localizado o Centro de
Desenvolvimento Turístico de Moscovo.
De
acordo com o advogado Dr. Ivan Pavlov, que representa os interesses da
ex-diretora da biblioteca Natália Sharina (60), no dia 24 de abril às 15h00 o
Tribunal da Cidade de Moscovo deveria continuar apreciar o recurso apresentado
pela ex-diretora, condenada aos 4 anos com pena suspensa, acusada da distribuição
de literatura extremista e de desvio do dinheiro. Esperava-se que nessa sessão
de tribunal pudessem falar a própria Natália Sharina e representante da acusação
(Ministério Público russo).
A
biblioteca, de facto, cessou o seu funcionamento ainda em 2017, ficando apenas
a placa. Parte dos livros ucranianos foi enviada para a Biblioteca de
Literatura Estrangeira, outra parte dos livros ucranianos foi simplesmente
destruída.
Como
conta um dos ex-funcionários da biblioteca, após a onda da repressão contra a
biblioteca e condenação judicial da sua diretora, procura da investigação pela
literatura “extremista” e “nacionalista”, os leitores deixaram de visitar a
biblioteca. As duas últimas bibliotecárias foram demitidas no dia 1 de março de
2018.
Em
28
de outubro de 2015 a Biblioteca da Literatura Ucraniana em Moscovo foi alvo
de uma busca policial no decorrer da qual a polícia russa colocou na biblioteca
a literatura ucraniana considerada nacionalista (e que na realidade não existia
na biblioteca). As buscas também foram efetuadas em casa da diretora Sharina.
Exemplos da literatura "extremista" e "nacionalista", (revista infantil ucraniana "Barvinok"), achadas pela polícia russa na biblioteca em 2015 |
No
dia 5 de junho de 2017 o tribunal moscovita do bairro Meshchansky condenou
Sharina aos 4 anos de prisão com pena suspensa. Ela foi acusada de distribuir
literatura extremista “que exorta ao ódio e hostilidade”, bem como de desvio de
recursos financeiros do orçamento da biblioteca.
Natália
Sharina recorreu dessa decisão. A organização internacional de direitos humanos
Amnistia Internacional considerou que ela foi vítima de uma arbitrariedade
judicial, e o veredicto mostra desprezo total do sistema judicial russo pelo Estado
de Direito.
Além
disso, a Biblioteca de Literatura ucraniana era única biblioteca pública
ucraniana em toda a federação russa. Com o seu fecho, os cidadãos russos de
origem ucraniana residentes na Rússia viram os seus direitos de manter e
preservar a sua identidade e cultura ucranianas, no espaço público russo, desprezados
e destruídos praticamente na sua totalidade.
Blogueiro: no entanto, a ironia
suprema reside no facto, revelado pelo co-diretor da organização “Ucranianos de
Moscovo”, Valeriy Semenenko: a própria Natália Sharina foi colocada ao posto
da diretora da Biblioteca, em 2007, exactamente para limpar a biblioteca do
“perigo do nacionalismo ucraniano”. Valeriy Semenenko contou, em outubro de 2015, ao rádio moscovita
Govorit Moskva (Fala Moscovo) que Sharina “zelosamente
assumiu a limpeza, e agora, ela própria foi colhida pelas pedras de moinho. O
que é uma reviravolta do destino, por assim dizer”.
1 comentário:
Que feio em!
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