sábado, abril 07, 2018

Anatoly Gladilin: «República Socialista Soviética da França» (1985)

Em 1985, o escritor emigrante russo, Anatoly Gladilin, radicado na França, escreveu o seu romance-aviso, a distopia chamada «República Socialista Soviética da França». Como é costume, o texto foi ignorado pelo Ocidente, embora absolutamente em vão...   

[nas vésperas da invasão soviética da França]

... desde a primavera na França começou uma campanha sem precedentes entre os jovens contra o serviço militar obrigatório. Recrutas rasgavam as convocatórias e se manifestavam sob o lema: Queremos viver! Queremos amar! Queremos trabalhar! Não somos a carne para canhão. A inteligentsia de esquerda se uniu ativamente a essa campanha pacifista, argumentando que o serviço militar obrigatório é uma violação da liberdades pessoais e uma violação dos direitos humanos. O livro do jovem escritor Marc Hedler, que sarcasticamente comparou o serviço militar com a limpeza da merde revelou-se um sucesso frenético. O livro terminava assim: É preciso ir para exército. Por um só dia. Cuspir nas fuças do sargento e bater com a porta... Os recrutas penduravam nos peitos as fotos do Hedler. “Le Figaro escreveu que Hedler fez milhões com o seu livro.


[no fim do livro, a barraca francesa no campo de concentração de GULAG siberiano]

As reclamações choveram de todos os lados: as normas superestimadas de abate de árvores; a nutrição inadequada; a cantina não vende absolutamente nenhuma comida; nas janelas da barraca não há rede mosquiteira; não recebemos a correspondência; os guardas são brutos espancam os prisioneiros; faltam os medicamentos na enfermaria... [...]

É melhor morrer do que viver assim, disse o homem magro e franzino nos beliches mais próximos.
Eu olhei para as características do seu rosto.
Marc Hedler?
O homem estremeceu.
Marc Hedler, você se contradiz. Anteriormente você tinha afirmado: é melhor ser vermelho do que morto. [...]
Nós não lutamos por este tipo de socialismo, disse Hedler com uma voz monótona.
Mas não há outro socialismo. O socialismo é um para todos.

Ler o romance: em russo

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