A
atual catástrofe económica da Venezuela não começou com regime de Hugo Chávez, nem
como o reinado do seu sucessor, o motorista de autocarro/ônibus Nicolás Maduro. Uma
análise histórica do país mostra que as atuais características da política
económica da Venezuela têm raízes bem mais antigas.
por:
José Niño*
O
analista tem de olhar para além daquilo que é imediatamente visto e pesquisar a
história geral da Venezuela ao longo dos últimos 50 anos para então ter uma
compreensão mais completa de como foi possível o país ter chegado à sua atual e
lastimável situação.
Socialismo antes de
Chávez
Alguns
analistas gostam de mostrar como era boa e próspera a Venezuela antes do
bolivarianismo, como se toda a destruição perpetrada por Chávez e intensificada
por Maduro tivesse sido um acidente fortuito e totalmente inesperado. O que
esses analistas convenientemente ignoram é que as sementes da destruição da
Venezuela foram plantadas exatamente durante aqueles “anos gloriosos”.
Anos
de intervencionismo econômico gradual fizeram com que um país que estava
destinado a entrar no seleto grupo de países do Primeiro Mundo fosse firmemente
empurrado para a medíocre categoria de países em desenvolvimento e sem grandes
perspectivas futuras.
Esse
contínuo declínio acabou por criar um ambiente propício ao surgimento de
demagogos como Chávez, que souberam explorar aquela sensação real de estagnação
econômica para obter ganhos políticos.
A outrora próspera
Venezuela
Para
compreender o longo declínio da Venezuela, é necessário olhar para o passado
para entender o que a fez tão próspera em primeiro lugar.
Antes
da inauguração de seu primeiro campo petrolífero, no dia 15 de abril de 1914, a
Venezuela era essencialmente uma República Bananeira marcada por instabilidades
políticas. Isso era majoritariamente uma consequência de seu passado colonial,
cujas práticas não foram alteradas no período imediatamente subsequente à sua
independência da Espanha.
Embora
tenha se tornado independente, a Venezuela manteve várias de suas primitivas
práticas políticas e económicas. Acima de tudo, manteve as mesmas políticas
mercantilistas e regulatórias, altamente excludentes, que garantiram a
manutenção da grande situação de pobreza do país.
Entretanto,
a descoberta de petróleo no início do século XX alterou completamente a
situação. A então poderosa aristocracia agrária viria a ser sobrepujada por uma
classe industrial, a qual abriu o mercado petrolífero do país para os
investimentos estrangeiros e para exploração das multinacionais.
Pela
primeira vez em sua história, a Venezuela tinha uma economia de mercado
relativamente liberal, e iria colher vários benefícios deste arranjo nas
décadas vindouras.
Da
década de 1910 até a década de 1930, o tão odiado ditador Juan Vicente Gómez
ajudou a consolidar o estado venezuelano, e a modernizar uma até então atrasada
província neocolonial, ao permitir que investidores, domésticos e estrangeiros,
livremente explorassem as recém-descobertas jazidas de petróleo.
Em
consequência dessa maior liberdade, a Venezuela vivenciou um substantivo
crescimento econômico e rapidamente se transformou em um dos países mais
prósperos da América Latina já na década de 1950.
Naquela
década, o general Marcos Pérez Jiménez daria continuidade ao legado de Gómez. A
Venezuela chegaria ao seu ápice, figurando em quarto lugar no ranking mundial
em termos de PIB per capita.
*
nascido na Venezuela, faz mestrado na universidade de Fort Collins, Colorado,
nos EUA. Já morou no Chile, na Venezuela e nos EUA. Atualmente, ele é analista
do Círculo Acton, do Chile.
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mais em português.
Bónus
O
assassinato da Elza Fernandes
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Elvira
Cupello Colônio (“Elza Fernandes”) era uma jovem analfabeta de 16 anos, originária
de uma família operária que se tornou companheira e amante do secretário-geral do
Partido Comunista Brasileiro (António Maciel Bonfim, o “Miranda”) e foi “condenada
à morte”, e estrangulada, por suposta traição ao partido. Sentença aprovada por
Luiz Carlos Prestes e com o conhecimento da sua companheira, Olga Binário.
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