O
historiador e jornlalista húngaro, Victor Sebestyen, vê
publicado em Portugal o seu livro “Lenine,
o Ditador — Um Retrato Íntimo”, uma biografia íntima do primeiro ditador
soviético, um trabalho ímpar sobre uma das figuras mais significativas o século
XX.
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Lenine
acreditava que “o político é o pessoal”, e, de modo algum ignorando sua vida
política, o foco de Sebestyen será sobre Lenine, o homem – um homem que amou a
natureza quase tanto quanto amava fazer a revolução e cujos laços e as amizades
estabeleceu-as com mulheres. A sua largamente escondida ménage a trois com a
esposa, Nadezhda Krupskaya, e a amante e camarada, Inessa Armand, revela uma
personagem diferente da figura fria e unidimensional da lenda.
As personagens do ménage a trois revolucionário (de esquerda para direita): Krupskaya, Lenine e Armand |
Victor Sebestyen na foto do @Nuno Ferreira Santos |
“Lenine
tomou o poder à maneira russa, e criou uma autocracia brutal”. Esta passagem da
conversa entre os dois ajuda a compreender o título: “Como é que alguém que
durante grande parte da vida viveu em pensões em várias cidades da Europa
arranca com vinte seguidores e toma conta de um dos maiores impérios do mundo?
Foi mais prático do que ideológico, tinha um programa e sabia como se
organizar. Enquanto uns estavam no café a discutir a revolução, Lenine foi para
o terreno pô-la em prática, como só era capaz de fazer alguém tão obcecado com
o poder. Foi um dos indivíduos que fazem a História. Ele teria sempre tido
sucesso em alguma coisa e provavelmente seria na política, qualquer que fosse a
sua ideologia. Era russo e isso diz mais sobre ele do que o facto de ser
marxista.”
No
seu livro diz que Lenine criou Estaline.
Absolutamente.
Lenine criou todas as instituições de terror que Estaline usou de modo mais
eficaz. Estaline acreditava que estava a seguir o grande líder. E estava. Era
muito mais brutal, mais paranóico, mas também acreditava que os fins
justificavam os meios e que o terror não fazia mal porque se estava a criar o
tal estado utópico. Isso é Lenine.
Lenine e Estaline em Gorky |
Escreve
também que ele fundou o comunismo enquanto religião.
Sim,
muitas pessoas discordam disso. O Marxismo sempre acreditou que era científico,
mas pertencer ao partido comunista, ser bolchevique, não era muito diferente de
pertencer a uma igreja com um líder. A ambição de Lenine era enorme. Ele não
queria mudar apenas a estrutura política, ou o sistema social, ou o sistema
económico. Ele achava que se eliminasse os chamados mecanismos de exploração
criava um novo tipo de homem. Acreditava profundamente nisto, que era capaz de
mudar a natureza humana, o que é uma ideia muito religiosa. Lenine e os
bolcheviques acreditavam que salvavam almas e o fervor com que acreditavam
nisso é muito religioso. Não é uma crença política democrática. É muitos mais
como um culto religioso do que como um partido político.
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