sábado, novembro 04, 2017

“Lenine, o Ditador — Um Retrato Íntimo” do Victor Sebestyen

O historiador e jornlalista húngaro, Victor Sebestyen, vê publicado em Portugal o seu livroLenine, o DitadorUm Retrato Íntimo”, uma biografia íntima do primeiro ditador soviético, um trabalho ímpar sobre uma das figuras mais significativas o século XX.
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Lenine acreditava que “o político é o pessoal”, e, de modo algum ignorando sua vida política, o foco de Sebestyen será sobre Lenine, o homem – um homem que amou a natureza quase tanto quanto amava fazer a revolução e cujos laços e as amizades estabeleceu-as com mulheres. A sua largamente escondida ménage a trois com a esposa, Nadezhda Krupskaya, e a amante e camarada, Inessa Armand, revela uma personagem diferente da figura fria e unidimensional da lenda.
As personagens do ménage a trois revolucionário (de esquerda para direita): Krupskaya, Lenine e Armand
A jornalista portuguesa Isabel Lucas entrevistou o historiador para o jornal Publico:
Victor Sebestyen na foto do @Nuno Ferreira Santos
“Lenine tomou o poder à maneira russa, e criou uma autocracia brutal”. Esta passagem da conversa entre os dois ajuda a compreender o título: “Como é que alguém que durante grande parte da vida viveu em pensões em várias cidades da Europa arranca com vinte seguidores e toma conta de um dos maiores impérios do mundo? Foi mais prático do que ideológico, tinha um programa e sabia como se organizar. Enquanto uns estavam no café a discutir a revolução, Lenine foi para o terreno pô-la em prática, como só era capaz de fazer alguém tão obcecado com o poder. Foi um dos indivíduos que fazem a História. Ele teria sempre tido sucesso em alguma coisa e provavelmente seria na política, qualquer que fosse a sua ideologia. Era russo e isso diz mais sobre ele do que o facto de ser marxista.”

No seu livro diz que Lenine criou Estaline.
Absolutamente. Lenine criou todas as instituições de terror que Estaline usou de modo mais eficaz. Estaline acreditava que estava a seguir o grande líder. E estava. Era muito mais brutal, mais paranóico, mas também acreditava que os fins justificavam os meios e que o terror não fazia mal porque se estava a criar o tal estado utópico. Isso é Lenine.
Lenine e Estaline em Gorky
Escreve também que ele fundou o comunismo enquanto religião.
Sim, muitas pessoas discordam disso. O Marxismo sempre acreditou que era científico, mas pertencer ao partido comunista, ser bolchevique, não era muito diferente de pertencer a uma igreja com um líder. A ambição de Lenine era enorme. Ele não queria mudar apenas a estrutura política, ou o sistema social, ou o sistema económico. Ele achava que se eliminasse os chamados mecanismos de exploração criava um novo tipo de homem. Acreditava profundamente nisto, que era capaz de mudar a natureza humana, o que é uma ideia muito religiosa. Lenine e os bolcheviques acreditavam que salvavam almas e o fervor com que acreditavam nisso é muito religioso. Não é uma crença política democrática. É muitos mais como um culto religioso do que como um partido político. 

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