Enquanto
as forças sírias estavam entretidas em tomar uma parte de Aleppo, o Daesh/EI e
outros insurgentes anti-Assad realmente tomaram a cidade de Palmira
(tomada, com a pompa e circunstâncias, pelas forças russas em março de 2016), as
forças leais ao regime sírio simplesmente fugiram.
No
dia 9 de dezembro, sem serem detetados pela inteligência russa, iraniana e
assadita, os 3-4 unidades dos insurgentes atacaram uma das maiores cidades
sírias – Palmira. Um dos grupos tinha cortado a principal via de abastecimentos.
Dois outros atacaram a cidade do norte e leste. Embora o Estado-maior General russo
fala dos 4.000 homens, os dados ocidentais avaliam as forças atacantes em cerca
de 500 combatentes. Pois as unidades maiores seriam facilmente detetadas e possivelmente
aniquiladas pela aviação russa. Além disso, um agrupamento de 4.000 precisaria de
um grande esforço de logística, quase inexistente entre os insurgentes. Além disso,
as grandes colunas do Daesh/EI são frequentemente alvejados pela aviação
americana, além disso, na Síria não existem grandes manchas verdes, isso
diminui a possibilidade de manobras encobertas. A cidade de Palmira foi tomada pelos
pequenos grupos móveis de infantaria, reforçados com as metralhadoras e
sistemas antitanque TOW, transportados em viaturas ligeiras, com apoio de 1-2
blindados.
A
falta de apoio de artilharia foi compensado com a brusquidão completa, a
concentração de forças nas principais áreas e ações táticas competentes. A defesa
da Palmira era composta por uma linha dos pontos de controlo, caindo em toda a
sua extenção após a captura de 2-3 pontos defensivos. As tropas de Assad são mal
preparados e pouco motivados, nos casos em que as suas defesas são rompidas nos
flancos, ou mesmo nos casos de ameaça deste rompimento, toda a frente fica desmoronada,
os assaditas se colocam em fuga, permitida apenas pelo facto de que os
insurgentes não possuírem as forças para efetuar o cerco completo das posições
governamentais. As reservas estratégicas do Assad e aviação russa não tiveram o
tempo de intervir, os músicos russos não vieram para tocar os seus violoncelos.
Os
bombardeamentos russos começaram apenas no dia seguinte, mas a sua efetividade não
era alta, pois os insurgentes já estavam na cidade, onde não eram os alvos
fáceis. Os insurgentes libertaram os prisioneiros da cadeia de Palmira que se
juntaram às suas fileiras. Os combates ferozes nos arredores de Palmira
decorreram desde então.
O
blogueiro patrioteiro russo, El-Murid escreve que as forças russas evacuaram a
sua base de aviação T4,
já atacada pelos insurgentes no passado, existem os dados que apontam a
destruição na base de quatro ou cinco aeronaves pertencentes às forças do regime sírio.
O mesmo El-Murid escreve que os insurgentes não pararam em Palmira e avançam em
força ao oeste, chegando praticamente ao aeródromo de El-Tiyas (T4), que fica no
meio caminho entre Palmira e Homs. Pelos cálculos do El-Murid as forças dos
insurgentes não ultrapassam 1.000 homens.
Não
é crível que Daesh/EI irá defender Palmira à todo o custo, eles tentam poupar os
combatentes, sabendo que não possuem grandes reservas em pessoal. Caso acharem que
a defesa da cidade não é lhes favorável de forma tática, irão recuar aos territórios
por si controlados, onde possuem as posições defensivas reforçadas.
A
guerra na Síria é uma guerra de alta manobralidade, onde os alvos são forças
inimigas e pontos de controlo de comunicações. Ataque e tomada de Palmira é a
derrota mais humilhante e mais vergonhosa do Putin nesta guerra, até agora. A situação
semelhante aconteceu durante o ataque russo contra a cidade de Grozny em
janeiro de 1996, quando as pequenas unidades chechenas infringiram as perdas
pesadas às forças russas muito superiores, aniquilando algumas bases e pontos
de apoio do exército russo. Em 2016, as imagens vistosas de bombardeamentos
indiscriminados e centenas de mísseis de cruzeiro foram contrariadas por alguns
grupos de insurgentes, que mesmo nestas condições conseguiram impor a sua
iniciativa ao inimigo, invertendo a situação em uma parte inteira da linha da
frente. O decorrer da guerra não será afetado, mas as imagens dos meios de
comunicação russas que retratavam Putin como vencedor absoluto são irremediavelmente
estragadas.
Porque
Palmira foi atacada? O mais certo se tratar de uma operação localizada para diminuir
a pressão em Aleppo, aniquilando o agrupamento governamental. As forças russas,
iranianas e assaditas cercaram Aleppo e já mais de seis meses atacam a cidade.
O território da Síria está sendo controlado pelos satélites e pela inteligência
militar russa, as unidades russas de forças especiais agem em toda a linha da
frente. Todas as forças estão colocadas para tomar a cidade e proclamar mais
uma “vitória” na guerra síria. Quase todo Aleppo está tomada, embora pequenas
unidades de infantaria, armados apenas com as armas ligeiras, morteiros e
sistemas antitanque TOW continuam se defender, apesar da superioridade dos
adversários em todos os tipos de armas, em número dos efetivos e constantes ataques
da aviação, helicópteros e mísseis de cruzeiro russos contra os bairros da
cidade, causando a destruição e a morte de centenas de civis. Pois deve-se
notar que a Rússia usa na Síria o cenário checheno – com a destruição completa
das cidades sírias e a morte de milhares de civis.
As
qualidades combativas de infantaria insurgente síria merecem a mais alta avaliação.
Continuar a combater nas condições do cerco completo a em superioridade absoluta
do inimigo em equipamentos militares, sob os bombardeios constantes é digno de
estudo. A infantaria na guerra moderna continua a desempenhar um papel
fundamental, e mesmo os bombardeamentos indiscriminados das forças russas não
são capazes de vencer a infantaria bem abrigada e bem motivada. A infantaria
pode agir de forma bastante encoberta possível, é muito mais difícil de
detectar do que os equipamentos militares. É óbvio que a Rússia repetidamente,
para fins de propaganda, superestima a eficácia dos ataques aéreos – mesmo após
35.000 ataques aéreos os insurgentes que não possuem nenhum sistema de defesa
aérea, continuam a se defender dos ataques das forças terrestres, e causar lhes
os prejuízos graves. Os generais russos já “mataram”, no papel, dezenas de milhares
de militantes, apenas sem nenhuma evidência real de perdas tão pesadas dos rebeldes
– pelo contrário, de acordo com a força de resistência, as suas perdas não são tão
grandes para minar a sua capacidade de luta.
A
qualidade de preparação e de motivação da infantaria possuem o significado crucial
numa guerra moderna, o exemplo da Síria mostra isso de uma forma convincente.
As
perdas do material governamental em Palmira 9-12-XII-2016
Em
Palmira e na base aérea El-Tiyas (T4) as forças insurgentes capturaram cerca de
40 armazéns com munições, 12.000 metralhadoras, 30 tanques, 6 BMP, 14 viaturas
4x4, mísseis antitanque, 6 canhões de 122 mm, 6 antiaéreas de 23 mm; camiões,
etc (WorldOnAlert).
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