Na guerra, mesmo
a aeronave mais avançada pode ser derrubada, as forças de operações especiais
podem ser emboscadas e aeroportos, bem defendidos, e bases militares podem ser
bombardeados e enfraquecidos à longa distância por simples armas de fogo
indireto. Tal foi o caso de um ataque reivindicado pelo Estado Islâmico em uma
base aérea estratégica leal [ao Bashar al-Assad] no centro da Síria. As imagens
de satélite adquiridas pela Stratfor
em parceria com a AllSource Analysis comprovam que a base aérea T4 foi severamente
danificada por um ataque de artilharia do Estado Islâmico. Em particular,
quatro helicópteros de ataque Mi-24 russos parecem ter sido destruídos.
A base aérea T4
é uma das mais importantes bases da Síria, está localizado na província de Homs
perto da cidade de Palmira e perto de uma cruzamento estratégico de auto-estradas
que levam ao Deir el-Zour, Raqqa, Damasco e outras áreas cruciais. A base
abriga dois esquadrões de ataque de asa fixa, um composto por aeronaves Su-24 e
outro pelos Su-22. Estes aviões têm realizado missões de ataque ao solo em toda
a Síria, incluindo as operações que eventualmente forçaram os militantes do
Estado Islâmico abandonar a Palmira. Além disso, a força aérea síria mantém na
base seis aeronaves de treino L-39 e alguns helicópteros de transporte Mi-8/17.
Além disso, as
forças russas tenham implantado na base um contingente de helicópteros de
ataque, pelo menos desde março de 2016, apoiando a ofensiva leal [ao Damasco)
para retomar Palmira no mesmo mês. A julgar pelas imagens de satélite, bem como
pelo vídeo tirado na base, a força russa consistia em cerca de quatro
helicópteros Mi-24P. Assim, de acordo com as fontes OSINT, não havia helicópteros
Mi-24 sírios à operar na base aérea T4 nos últimos meses.
No início de
maio, o Estado Islâmico lançou uma operação para capturar o campo de gás
natural Shaer ao nordeste da base aérea. Após disso, o grupo avançou ao sul,
buscando romper as posições das forças leais [ao Bashar al-Assad] em Palmira,
cortando a auto-estrada que liga o oeste de Palmira, passa pela base aérea T4 e
continua em direção a cidade de Homs. Embora o Estado Islâmico não foi capaz de
cortar a estrada por um tempo significativamente prolongado, conseguiu mover a
sua artilharia ao alcance da base, que posteriormente bombardeou.
No último dia 14
de maio o Estado Islâmico afirmou que quatro helicópteros de ataque russos e 20
caminhões carregados de munições foram destruídos no ataque. Na mesma época, as
forças leais [ao regime do Damasco] informaram sobre uma explosão acidental
ocorrida em uma área de armazenamento de munições numa base aérea. Trabalhando
com AllSource, Stratfor descobriu o que ocorreu ao olhar para as imagens de
satélite da base aérea, tiradas em diferentes períodos de tempo.
É evidente pelas
imagens que a parte nordeste da base aérea T4, a seção do aeroporto onde os
helicópteros estão concentrados, sofreu danos consideráveis. Os pontos de
impacto ordenados são visíveis, especialmente em torno dos abrigos de
aeronaves, estruturalmente reforçados e na área de triagem dos camiões de
carga. A imagem sugere fortemente que as explosões que destruíram cerca de 20
veículos e quatro helicópteros de ataque russos não foram acidentais, mas
estavam relacionados com fogo de artilharia do Estado Islâmico. Além disso, um
caça sírio MiG-25 Foxbat, provavelmente já fora do serviço, parece que também tem
sido danificado.
A destruição de
quatro helicópteros de ataque russos na base é um lembrete da ameaça constante que
a Rússia enfrenta na sua missão na Síria. A contribuição da Rússia ao governo
sírio tem sido notável em defender as posições lealistas e repelir não só os
rebeldes, mas também as forças jihadistas do conflito sírio. Mas essa
contribuição tem os seus custos. Mesmo que a Rússia continua a contar com a
aviação e poder de artilharia para apoiar as tropas governamentais, as suas
forças não são imunes do perigo.
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