quarta-feira, maio 23, 2018

Tapetes – o símbolo decadente de status social soviético (14 fotos)

A moda de colocar os tapetes nas paredes nasceu exatamente na URSS, tapete era um símbolo de status social dos seus usuários e até servia de utilidade: garantia o melhor isolamento de som e tornava as paredes dos apartamentos soviéticos mais aconchegantes nas épocas frias.

Tapete no passado soviético
Na União Soviética antes da II G.M. os tapetes eram um objeto de luxo bastante raro que só as famílias abastadas podiam ter – nos apartamentos mais simples, as famílias podiam se permitir à tapeçaria barata e de tamanho pequeno. O uso massificado de tapetes se deu na década de 1960 – em parte devido às mudanças maciças dos cidadãos das barracas estalinistas aos novos apartamentos populares, chamadas khrushchevki.

Devido à má qualidade da construção dos novos prédios habitacionais em massa, o isolamento acústico nos khrushchevki deixava muito à desejar, e uma boa maneira de melhorar o isolamento de som e do calor, era pendurar o tapete na parede. Via de regra, o tapete estava pendurado naquela parede do apartamento, que era comum com os vizinhos, mais tarde, os tapetes começavam à ser pendurados em outras paredes.
Na URSS o tapete era considerado e realmente era um objeto de luxo. O salário médio soviético rondava 130-140 rublos (220-237 dólares ao câmbio oficial soviético da época), enquanto o custo de um tapete decente começava à partir de 150-180 rublos (254-308 dólares). Havia casos em que os cidadãos pagavam por uns tapetes especialmente cobiçados (não se trata de obras de arte antigas) os 300, 500 e até 800 rublos (508; 847 e 1.356 dólares). Dá para acreditar nisso?

Em geral, na URSS nas décadas de 1960 e 1970, o tapete era um objeto bastante caro e sua presença na parede do apartamento atestava a prosperidade dos proprietários.

Vida com o tapete ao fundo

Gradualmente, o uso dos tapetes se tornava cada vez mais generalizado, em substituição dos tapetes caros, vindos de Turquemenistão, Quirguistão e do Azerbaijão, vieram as cópias baratas, feitas localmente, nas repúblicas europeias da URSS, muitas vezes, usando materiais sintéticos. Nos meados da década de 1980, praticamente cada segunda família soviética possuía um tapete na parede, surgindo uma série de hábitos quotidianos e as regras associadas ao uso dos tapetes.
Almoço de uma família soviética de uma boa classe média-média
Tapetes eram pendurados na parede de seguinte modo – primeiro, era necessário perfurar a parede de betão, e, em seguida, colocar nos furos as cavilhas de madeira caseiros, e, em seguida, colocar neles os parafusos. Os parafusos na URSS eram feitos de um aço barato e de má qualidade – por causa disso a chave de fenda frequentemente danificava a fenda de cruzeta o que tornava toda essa operação muito mais “divertida” ;-) No próprio tapete eram colocados os ganchos especiais de alumínio, através dos quais este ficava pendurado sobre os parafusos.
Um tapete prestes à ser limpo no Inverno
Uma ou duas vezes por ano, os tapetes eram limpos. No inverno, a operação era geralmente feita sobre a neve (colocando o tapete sobre a neve com a face para baixo), no verão, muitas vezes as tapetes eram limpos nos pátios de prédios habitacionais – no quotidiano soviético era bastante habitual ver um homenzinho à levar o tapete enrolado para o pátio, pendurando-o na barra de exercícios físicos e depois o batendo com uma força tremenda com um batedor de plástico – muitas vezes próprio para a operação, o som produzido se espalhava pelo bairro, parecendo com o de artilharia reativa.

Fim da época do aconchego tapeceiro
Tapetes nas paredes sobreviveram, com sucesso, a década de 1990 e só no início do segundo milénio começaram ser vistos como um objeto fortemente anacrónico. Os tapetes já não eram encarados como a fonte de aconchego, apenas como objetos que atraiam a poeira, e já nem sequer serviam como símbolo de status – na década de 1990 surge uma série de coisas novas (aparelho televisor com VHS, sistemas de som, consolas de jogos), que representavam o símbolo da prosperidade dos seus donos muito mais evidentemente do que um simples tapete.
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E, no entanto, os tapetes não se apressaram em ceder as suas posições, permanecendo pendurados nas paredes de muitos apartamentos. Nos meados da década de 2000 começou a época da fotografia digital, e Internet ficou repleta de milhares de retratos e auto-retratos tirados com um tapete ao fundo – especialmente engraçado era ver as/os jovens de sub-culturas gótica ou emo, maquiadas “à Hollywood”, quando no fundo dos seus quartos estavam o tapete, o velho aparador de pratos, as poltronas soviéticas de pernas tortas e o televisor “Iunost”, fabricado em 1976.
Jovens gangstas russos
Sexy
Estilo gopnik
Emo
Uma patriota sexy
Quase imediatamente depois disso o tapete se tornou um meme na Internet cirílica – eram ridicularizados retratos realmente ridículos com tapetes no fundo, e o próprio tapete na parede, do símbolo de status e de prosperidade nos anos 1970 se tornou, nos meados da década de 2000, o símbolo de pobreza. Por volta de mesma época os tapetes começaram desaparecer dos apartamentos de uma forma maciça, e agora existem apenas nos apartamentos restaurados ao estilo “velha guarda”, ou (na segunda opção) – em apartamentos de babuchkas ou mantidos neste estilo soviético decadente.
Exemplo de um dos demotivadores, na realidade é Neuschwanstein Castle
Tapetes como fundo dos telemóveis
O jovem patriota russo
Macho com a sua chica
Fotos: faqindecor.com | kp.by | doseng.org | 4tololo.ru | Texto: Maxim Mirovich

1 comentário:

Anónimo disse...

Esse habito de colocar tapete sobre o sofa nao eh um costume dos povos eslavos da russia, isso remonta aquelas etnias da parte mais asiatica. Nao se ve isso na Ucrania por exemplo.