terça-feira, maio 29, 2018

RIP jornalista russo Arkady Babchenko assassinado em Kyiv

Arkady Babchenko em Tshinvali (Geórgia ocupada), agosto de 2008
Hoje em Kyiv, foi assassinado o jornalista russo Arkady Babchenko (18/03/1977-29/05/2018). O crime foi confirmado pelo assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Gerashchenko. O jornalista foi baleado mortalmente na saída da sua casa (o assassino o esperava no espaço comum do prédio). Arkady Babchenko morreu antes de chegar ao hospital.
La guerra más cruel, Circulo de Lectores; Barcelona, 2008
Arkady Babchenko participou na 1ª (devido ao SMO) e na 2ª (como voluntário) guerras russo-chechenas. Após o fim de seu serviço em 2000, começou a trabalhar no jornalismo – era um repórter de guerra do jornal russo “Moskovsky Komsomolets”, depois o repórter militar do programa “Zabytiy Polk” (Regimente Esquecido). Posteriormente, colaborou com diversas publicações russas e trabalhou no jornal “Novaya Gazeta”.
Arkady Babchenko na Maydan de Kyiv, 18 à 19 da feveriro de 2014
É fundador do projeto “Jornalismo sem intermediários”. Autor da coletânea de contos “Alkhan-Yurt”. Vencedor de prémios literários e jornalísticos. Arkady Babchenko foi um crítico constante e incessante das ações das autoridades russas na Ucrânia, acusando a liderança do seu país de desencadear uma guerra agressiva.

O panfleto anti-Babchenko em Donetsk, primavera de 2014
Desde 2017 ele morava no exterior, dado que por várias vezes foi ameaçado de morte na Rússia. Ainda em 2014 foi publicamente declarado como inimigo público das organizações terroristas “dnr”/”lnr”. A sua morte foi exigida publicamente pelos terroristas das organizações terroristas “dnr”/lnr”, ativistas do partigo clandestino russo Outra Rússia (ex-Nacional-Bolchevique). Últimamente vivia em Kyiv, onde trabalhava no canal de televisão dos tártaros da Crimeia – ATR. Estava muito ativo na ajuda aos militares e civis ucranianos na linha da frente.  

Em Moscovo deixa a viúva e uma filha adolescente.

Arkady Babchenko sobre si mesmo (2 de outubro de 2017, na entrevista à publicação russa 7x7:

Aconteceu comigo o mesmo que aconteceu com Ucrânia: eu vivia, não me metia com ninguém e só queria que tivéssemos um estado do direito, onde é respeitada a lei, os direitos humanos, onde as pessoas não são mortas, e os oposicionistas não são baleados numa ponte, e onde prendem por quatro anos pelas postagens do Facebook. Não foi eu que vinha ao estado da Rússia, é o estado da Rússia veio até a mim, matou e aprisionou meus amigos, e eu fui empurrado para fora do país.

A sua última postagem foi dedicada à memória do major-general da Guarda Nacional da Ucrânia Serhiy Kulchytskiy:
Quatro anos atrás, o general Kulchitskiy não me levou neste helicóptero. Por causa da sobrecarga. Não havia lugar. O heli sobrecarregado se afastou do chão com esforço e, quase batendo com chassi no parapeito, partiu para [a colina de] Karachun. Duas horas após [tirar] essa foto, heli foi abatido. Quatorze pessoas morreram. Eu tive sorte. Segundo aniversário, acontece.

Mi-8 em que seguia o major-general Serhiy Kulchytskiy foi abatido pelos terroristas russos do grupo “Strelkov” Girkin exatamente 4 anos atrás, no dia 29 de maio de 2014, nos arredores de Sloviansk. Na queda morreram militares do grupo especial do Ministério do Interior da Ucrânia (ex-destacamento “Berkut”) de Ivano-Frankivsk e militares da Guarda Nacional da Ucrânia.
Arkady Babchenko no último dia de Maydan, já não era aoenas jornalista, era um cidadão
Quatro anos depois, o mesmo inimigo vil e implacável atingiu Arkady Babchenko em Kyiv. A linha da frente é extremamente longa, a guerra russo-ucraniana continua...
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