Em
1961, o assassino do KGB, Bohdan Stashynsky,
fugiu para a Alemanha Federal. O agente confessou dois assassinatos sonantes: à
mando do chefe do KGB Aleksandr Shelepin e com o provável conhecimento do
Nikita Khrishov ele foi responsável pela morte dos dois líderes da resistência
ucraniana na Diáspora: Lev Rebet
e Stepan Bandera.
A
história da vida do Bohdan Stashynsky é o tema central do novo romance não
ficcional do renomado historiador americano-ucraniano Serhii Plokhii – “The Man
with the Poison Gun: a Cold War Spy Story”. O livro é um conto emocionante
de ofício de espionagem soviética, completo com prendas explosivas, operações elaboradamente
encenadas, agentes e traições duplos. Além disso, a história destes assassinatos
se confunde com a história da Ucrânia. Mostrando como um inimigo cruel e
implacável usa os ucranianos para cometer os crimes contra o seu próprio povo.
Ler os trechos do romance na edição Kindle |
Bogdan Stashinsky em 1962 foto @ULLSTEIN BILD/GETTY IMAGES |
Seguiu-se
o julgamento mais publicitado de toda a Guerra Fria. A publicidade provocada
pelo caso Stashinsky obrigou o KGB a mudar o seu modus operandi no exterior (parar,
quase por completo com os assassinatos políticos) e ajudou a terminar a
carreira de Aleksandr Shelepin, um dos líderes soviéticos mais ambiciosos e
perigosos. O testemunho de Stashinsky, envolvendo os governantes do Kremlin em
assassinatos políticos realizados no exterior, abalou o mundo da política
internacional. A história de Stashinsky inspiraria os filmes, peças de teatro e
livros, incluindo o último romance de James Bond de Ian Fleming, “The Man with
the Golden Gun”.
Stashinsky (primeiro à esquerda) no seio da sua família |
Os
bolcheviques criaram o laboratório de venenos desde início do seu regime. Mas
nos meados da década de 1950, possivelmente usando uma invenção alemã como
ponto de partida, os cientistas do KGB estavam refinando o que Serhii
Plokhy chama no seu romance de arma admirável, um engenho de dois canos
que disparava ácido cianídrico.
No caso do Rebet, a execução foi perfeita, os médicos alemães constataram a
paragem cardíaca e a “morte natural”. No caso do Bandera algo correu mal, no
último momento o líder ucraniano sentiu o perigo e desviou a cara, a mini-nuvem
de ácido cianídrico não o atingiu em cheio...
Em
15 de outubro de 1962 Bohdan Stashynsky foi condenado à 8 anos da cadeia pesada,
o seu caso foi último na jurisprudência alemã em que o autor do crime judicialmente
punível («Tatnächste») era considerado apenas cúmplice («Beihilfe») e não o
principal objeto do crime («Täter»).
Cumprindo
2/3 da sua pena, Stashynsky aparentemente foi libertado em dezembro de 1966 (informação
avançada pela revista «Der Stern» № 8 de 23 de fevereiro de 1969) e juntamente (ou
não) com a sua esposa alemã, Inge Pohl, após fazer a operação plástica e
receber a nova identificação, se mudou para a África do Sul.
Em
6 de março de 1984, a agência americana de informação, UPI,
citou o chefe da Política Sul-Africana general Mike C. W. Geldenhuys (1978-1983) que
na entrevista ao jornal sul-africano “Rand Daily Mail” (de linha liberal e fechado
em 1985) disse que Bogdan Stashinsky veio à Africa do Sul em 1968, imediatamente
após a sua saída da prisão alemã.
“Fomos
abordados pelo Serviço de Segurança da Alemanha Ocidental e foi nos pedido para
dar o asilo à este homem na África do Sul, porque eles estavam convencidos de
que era o único país onde ele seria comparativamente a salvo de agentes do KGB.
Ele forneceu ao nosso serviço de inteligência uma grande quantidade de informações
valiosas sobre a estrutura e funcionamento dos serviços secretos russos [soviéticos],
disse general Geldenhuys.
Segundo
o general Geldenhuys, entrevistado pelo Serhii Plokhy para o seu livro telefonicamente,
na RAS Bohdan Stashynsky casou-se pela segunda vez e viveu (vive) nos arredores
de Durban (hoje ele teria cerca de 85-86 anos).
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