Loja infantil "Tigrinho" |
Dois
anos atrás, em 24 de janeiro de 2015, a cidade ucraniana de Mariupol foi alvo de bombardeamentos russo-terroristas dos
sistemas de mísseis “Grad” que alvejaram o bairro residencial “Shidniy”: 31
pessoa (entre eles duas crianças) morreram; 117 (11 crianças) foram feridos,
alguns dos feridos ficaram deficientes físicos para sempre.
No total, foram disparados 120 mísseis, em alguns minutos foram danificados 4 jardins-de-infância, 3 escolas, um hospital, cerca de 50 prédios de habitação e 28 casas particulares. Outras 11 casas foram completamente arrasadas.
No total, foram disparados 120 mísseis, em alguns minutos foram danificados 4 jardins-de-infância, 3 escolas, um hospital, cerca de 50 prédios de habitação e 28 casas particulares. Outras 11 casas foram completamente arrasadas.
Claro
que ninguém queria acreditar, mesmo agora é difícil acreditar que os mísseis
foram usados contra os bairros residenciais. Como foi possível? Mas dado que eu
já tenha visto os resultados da chegada da horda, também conhecida como o “mundo
russo”, em outras cidades e aldeias, não que estava pronto, mas pelo menos tinha
visto e teve que trabalhar.
Até
aquele momento já existia uma equipa coesa de voluntários e ajudantes dos voluntários,
ninguém fazia as perguntas – todos trabalhavam. É lá onde passei uma parte da
minha infância visitando o irmão. Lá visitávamos os amigos e a madrinha. Lá tudo
estava como se fosse num nevoeiro: fumo, cortina de fumaça, camuflagem, vento e
frio.
Se
evoca frequentemente Mordor, era realmente visto pelos moradores de Mariupol naquele
dia no bairro “Shidne”. Fumo, fogo, sirenes, sangue, carros à arder, casas queimadas,
as pessoas fugindo, gritos e lágrimas, o céu negro... Uma tenda, um Doutor, o gerador,
combustível, lenha, lonas, vidros grânulos, alimentos, cobertores, material de
cobertura. Fervia o formigueiro voluntário.
Os
quem não deixou a cidade, indo viver com os seus familiares, ficou na cidade. Com
medo de saqueadores, pois os apartamentos ficaram sem janelas, sem luz, água,
gás. Um friiiiiio. E o leste estava todo agitado. Esperamos um novo ataque à
noite, portanto, começamos à procurar um lugar onde era possível ficar fora da
tenda. Alguém o encontrou junto aos sacristães da igreja e decidiram usar a
igreja como o abrigo. A autodefesa de Mariupol se juntou às patrulhas e identificação
dos mísseis não detonadas.
Trovejou
fortemente, mas a área residencial não foi atingida mais. De seguida, começou a
corrida à procura de lonas. Foram esvaziadas todas as lojas. As lonas eram
enviadas de outras regiões da Ucrânia, trazidas pelos voluntários de Berdyansk,
Zaporizhye, Dnipro e Mykolaiv. Era trazida e esgotada. E novamente esgotada.
Quando uns voluntários saíam, outros chegavam. E assim sem parar. Nas manhãs,
todos aqueles que passaram à noite no chão, estavam constipados e o Doutor os
tratava. Água, chaleiras, alimentos, medicamentos. E assim foi durante alguns dias.
O
prefeito fazia um show-off ridículo, mostrando o seu serviço ao governador. Quando
os governantes iam embora, o circo acabava e tudo voltava à estaca zero – os voluntários,
membros de autodefesa, as figuras públicas (uma espécie de mistura fina de pessoas
realmente preocupadas).
Acho
que ninguém conseguirá avaliar plenamente aquilo que aconteceu em Mariupol. O
que aconteceu em outras cidades ucranianas, com a chegada das forças russo-terroristas
de ocupação. É claro que ninguém desejava esses sentimentos aos habitantes de
outras cidades e regiões.
Mas
basta olhar para as fotos daquilo que aconteceu e imaginar a sua cidade neste estado.
Não é a Síria ou Afeganistão é Mariupol, Maryanka, Shirokine, Vodyane, Avdiivka
e assim por diante. Esta é Ucrânia no século 21.
É
assustador e difícil. Triplamente, dez, mil vezes mais difícil para as
crianças. Quando eles começam a se esconder, escutando a máquina de lavar a roupa
secar os lençóes, quando acordam com o som de um carro passando com a pergunta “novamente
vão nos bombardear?”
Isso
é impossível de esquecer.
É
impossível de perdoar.
Isso
estará em nós até o fim das vidas, e não só das nossas, estará nos nossos
genes.
Estará
agora em genes dos ucranianos do leste.
Nos
nossos genes estará a percepção de povo infantil, que discute de forma imponentemente,
com um copo de vodca na mão sobre a dominação do mundo, o povo que saltou todos
os diabos para roubar, matar, humilhar – o povo que vive toda a sua vida em
humilhação e em medo.
E
a culpa não é apenas dos que dispararam, que deram a ordem.
Culpados
são todos aqueles que permanecem em SILÊNCIO.
Os
que desviavam o olhar, vendo os equipamentos militares russos indo à Ucrânia.
Os
culpados são todos aqueles quem os chamou, os ajudou e os assistiu.
Não
importa se alimentavam aqueles animais nos postos de controlo ou curtiam os materiais
separatistas nas redes sociais. Cada um deles é culpado.
E
as mortes e sangue dos que morreram nesta guerra estão nas suas mãos.
Obrigado
à todos os que naqueles dias lutaram ativamente nos seus postos de voluntários,
médicos, cozinheiros, motoristas, ajudando aos residentes na zona leste de
Mariupol. Obrigado
à todos os ucranianos que não foram indiferentes, que se envolveram à distância, ajudando
aos voluntários em Mariupol. Sem vocês, seria muito mais difícil e muito mais duro.
Obrigado ao Evgen Sosnovsky
pelas
fotos (fonte).
1 comentário:
Morreu Bolotov! Realmente, mexer com a Ucrânia não é um bom negócio. hehehe
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