sábado, janeiro 21, 2017

Ucrânia: o impacto das minas terrestres nos civis

Marcus Brand, o representante da PNUD na Ucrânia disse à Al Jazeera que a sua agência calcula que cerca 1.400 pessoas foram mortos por minas terrestres, armadilhas ou munições não detonadas desde o início da guerra russo-ucraniana que começou em 2014. Cerca de 40% deles eram civis...

Desconhece-se quer o número certo das casualidades, quer o número real de minas plantadas, incluindo uma das mais perigosas, a mina antipessoal soviética OZM-72 que após ser acionada é expelida para o ar para explodir na altura da cintura, de forma atingir o maior número de alvos humanos.

A ONG americano-britânica Halo Trust assinala na Ucrânia 97 áreas perigosas, totalizando mais de 1.000 hectares, na maior parte fora da zona-tampão de 15 km nas áreas controladas pelo governo desde o começo de 2016. Mas esta estimativa inicial da área afetada por minas é provável ser a ponta do iceberg.

Dado que a guerra russo-ucraniana continua, a desminagem ainda não começou no terreno. Apesar disso, os esforços iniciais de limpeza e do levantamento de dados foram até agora limitados às áreas controladas pelo governo ucraniano. Os grupos internacionais de desminagem não receberam o acesso à pesquisa ou remoção de minas em Luhansk ou Donetsk, controlados pelos separatistas.

A batalha contra as minas terrestres
Os programas anti-minas da UNICEF na Ucrânia 
Estima-se que diariamente cerca de 30.000 civis cruzam a linha da frente, onde a densidade de minas é bastante alta. A UNICEF, lançou um programa de prevenção nas escolas ucranianas que abrange cerca de 80.000 jovens (em 2016) nas áreas afetadas (outros 500.000 já foram abrangidos até o fim de 2015). A Comite Internacional da Cruz Vermelha instalou os painéis publicitários, alertando sobre o perigo de minas, situadas ao longo das estradas principais na zona da linha da frente. A Cruz Vermelha instalou até as WC públicos junto aos postos de controlo para que os motoristas e passageiros que precisarem do banheiro, não andassem à vagar na floresta à beira da estrada, onde os esperam as minas ou armadilhas.

As ONGs acreditam que os esforços de remoção de minas poderiam ser acelerados e melhor financiados pelo governo ucraniano se fosse criada uma autoridade nacional de luta contra as minas, um órgão estadual que pudesse levar a cabo esforços de desminagem de acordo com as normas internacionais. Neste momento a luta contra as minas na Ucrânia é uma responsabilidade difusa entre 5 agências estatais: Ministério da Defesa e Exército; Serviço de Emergências; Serviço Especial de Transporte do Ministério do Transporte e Infra-estrutura, Polícia Nacional e Serviço de Guarda-fronteira.

Embora a Ucrânia tenha ratificado em 2005 o Tratado de Proibição de Minas, ratificado por 162 países – excluindo a Rússia e os Estados Unidos, não chegou à destruir as minas remanescentes, estimados em 10 milhões de unidades, até o prazo final de junho de 2010.

Blogueiro: no atual momento da guerra e na situação em que Ucrânia não recebe a ajuda militar devida e suficiente para poder enfrentar, de forma eficaz, a máquina de guerra russa, não faz nenhum sentido o país autodesarmar-se face à um acordo internacional meritório, mas que não defende, em absoluto, a soberania e independência nacionais.

Bónus
É Chucha. A gata da raça sphynx de Donbas que sofre do TEPT/PSPT, o transtorno pós-traumático. Ela treme, chia e se contorce de qualquer movimento. A gata foi encontrada pelos militares ucranianos num armário, no decorrer da varredura da área numa zona “cinzenta”. A encontraram – ouvindo. Chucha estava miando de todos os seus pulmões felinos num armário fechado. O armário estava minado e quando os sapadores não conseguiram abrir a porta, os militares simplesmente cortaram a parte lateral do armário. Dentro deste, estava pendurada Chucha, transformada em uma armadilha viva, os terroristas calcularam que algum ucraniano caridoso irá abrir o armário para liberar a gata. Estava magra e exausta. Os sapadores conseguiram desarmar a mina, libertaram Chucha e a levaram consigo. Eu nunca fui especialista em minas e honestamente pensava que as armadilhas com os animais é uma espécie de lenda militar urbana, nunca teria acreditado na sua veracidade se não visse Chucha e não escutasse a sua história, contada pelo homem que a salvou, Eugene. Após as trincheiras e a base militar, Chucha já está em Kyiv, ela ficará bem, por vezes a gata começa a murmurar mesmo, após ficar muito tempo nos braços de alguém. A boa gente lhe ofereceu um cobertor para mantê-la aquecida. E por que Chucha tem bigode queimado e como ela, após o seu resgate conseguiu dar o alarme na blindagem antes do bombardeamento é uma outra história bastante surpreendente, conta a voluntária ucraniana Olga  Halchenko

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