Marcus
Brand, o representante da PNUD
na
Ucrânia disse à Al Jazeera
que
a sua agência calcula que cerca 1.400 pessoas foram mortos por minas
terrestres, armadilhas ou munições não detonadas desde o início da guerra
russo-ucraniana que começou em 2014. Cerca de 40% deles eram civis...
Desconhece-se
quer o número certo das casualidades, quer o número real de minas plantadas,
incluindo uma das mais perigosas, a mina antipessoal soviética OZM-72 que após ser acionada
é expelida para o ar para explodir na altura da cintura, de forma atingir o
maior número de alvos humanos.
A
ONG americano-britânica Halo Trust
assinala
na Ucrânia 97 áreas perigosas, totalizando mais de 1.000 hectares, na maior
parte fora da zona-tampão de 15 km nas áreas controladas pelo governo desde o
começo de 2016. Mas esta estimativa inicial da área afetada por minas é
provável ser a ponta do iceberg.
Dado
que a guerra russo-ucraniana continua, a desminagem ainda não começou no
terreno. Apesar disso, os esforços iniciais de limpeza e do levantamento de dados foram até
agora limitados às áreas controladas pelo governo ucraniano. Os grupos internacionais
de desminagem não receberam o acesso à pesquisa ou remoção de minas em
Luhansk ou Donetsk, controlados pelos separatistas.
A
batalha contra as minas terrestres
Os programas anti-minas da UNICEF na Ucrânia |
Estima-se
que diariamente cerca de 30.000 civis cruzam a linha da frente, onde a
densidade de minas é bastante alta. A UNICEF, lançou um programa de prevenção nas
escolas ucranianas que abrange cerca de 80.000 jovens (em 2016) nas áreas afetadas (outros 500.000 já foram abrangidos até o fim de 2015). A Comite
Internacional da Cruz Vermelha instalou os painéis publicitários, alertando
sobre o perigo de minas, situadas ao longo das estradas principais na zona da
linha da frente. A Cruz Vermelha instalou até as WC públicos junto aos postos
de controlo para que os motoristas e passageiros que precisarem do banheiro, não
andassem à vagar na floresta à beira da estrada, onde os esperam as minas ou
armadilhas.
As
ONGs acreditam que os esforços de remoção de minas poderiam ser acelerados e
melhor financiados pelo governo ucraniano se fosse criada uma autoridade
nacional de luta contra as minas, um órgão estadual que pudesse levar a cabo
esforços de desminagem de acordo com as normas internacionais. Neste momento a
luta contra as minas na Ucrânia é uma responsabilidade difusa entre 5 agências
estatais: Ministério da Defesa e Exército; Serviço de Emergências; Serviço
Especial de Transporte do Ministério do Transporte e Infra-estrutura, Polícia Nacional
e Serviço de Guarda-fronteira.
Embora
a Ucrânia tenha ratificado em 2005 o Tratado de Proibição de Minas, ratificado
por 162 países – excluindo a Rússia e os Estados Unidos, não chegou à destruir as
minas remanescentes, estimados em 10 milhões de unidades, até o prazo final de
junho de 2010.
Blogueiro:
no atual momento da guerra e na situação em que Ucrânia não recebe a ajuda
militar devida e suficiente para poder enfrentar, de forma eficaz, a máquina de
guerra russa, não faz nenhum sentido o país autodesarmar-se face à um acordo
internacional meritório, mas que não defende, em absoluto, a soberania e
independência nacionais.
Bónus
É
Chucha. A gata da raça sphynx de Donbas que sofre do TEPT/PSPT,
o transtorno pós-traumático. Ela treme, chia e se contorce de qualquer
movimento. A gata foi encontrada pelos militares ucranianos num armário, no
decorrer da varredura da área numa zona “cinzenta”. A encontraram – ouvindo.
Chucha estava miando de todos os seus pulmões felinos num armário fechado. O
armário estava minado e quando os sapadores não conseguiram abrir a porta, os militares
simplesmente cortaram a parte lateral do armário. Dentro deste, estava pendurada
Chucha, transformada em uma armadilha viva, os terroristas calcularam que algum ucraniano
caridoso irá abrir o armário para liberar a gata. Estava magra e exausta. Os sapadores
conseguiram desarmar a mina, libertaram Chucha e a levaram consigo. Eu nunca
fui especialista em minas e honestamente pensava que as armadilhas com os animais
é uma espécie de lenda militar urbana, nunca teria acreditado na sua veracidade
se não visse Chucha e não escutasse a sua história, contada pelo homem que a
salvou, Eugene. Após as trincheiras e a base militar, Chucha já está em Kyiv, ela
ficará bem, por vezes a gata começa a murmurar mesmo, após ficar muito tempo
nos braços de alguém. A boa gente lhe ofereceu um cobertor para mantê-la aquecida.
E por que Chucha tem bigode queimado e como ela, após o seu resgate conseguiu
dar o alarme na blindagem antes do bombardeamento é uma outra história bastante surpreendente, conta a voluntária ucraniana Olga Halchenko.
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