Uma
das acusações habitualmente lançadas contra Ucrânia atual é a suposta “banderização” do país,
em que o “culto do Bandera”, alegadamente, está substituindo o “culto do Lenine”.
A estatística permite perceber até que ponto a descomunização ucraniana em
curso representa a dita “banderização” do espaço público ucraniano.
As
teses que alegam que a personalidade do Stepan Bandera está
universalmente (em toponímica e nos monumentos) substituir a figura do Lenine são
presentes nas alegações de vários críticos da descomunização da Ucrânia, principalmente
russos e mesmo alguns ocidentais.
Na
realidade:
–
desde o início de descomunização na Ucrânia foram desmontados 1320 monumentos
do “líder do proletariado” e foram construídos 4 (0,3%) monumentos ao líder da Organização
dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), todos na Ucrânia Ocidental e todos sem
interferência do poder estatal, graças à iniciativa do poder local e dos
ativistas sociais.
–
foram rebatizados 51.493 objetos de toponímica (ruas, praças, parques, etc.), destes,
apenas 34 (0,06%) e segundo as decisões dos órgãos do poder local, receberam o
nome “Stepan Bandera” (1 nas regiões de Transcarpátia, Poltava, Sumy e na cidade
de Kyiv; 2 na região de Kyiv; 3 na região de Ivano-Frankivsk e Mykolaiv; 4 na
região de Khmelnitskiy; 8 em Cherkassy e 10 em Chernivtsi).
Os
historiadores profissionais e mesmo os formadores de opinião éticos devem criar
as suas concepções, baseadas nos factos. Os que tentam impor à sociedade a sua
própria visão tendenciosa, baseada no “achismo” estão apenas atrapalhar. Assim,
para a conveniência de todos os interessados, apresentamos os números (obrigado ao Dr. Volodymyr Viatrovych).
Bónus
Em
1952, a CIA
produziu um documento analítico sobre os movimentos de libertação nacional da
Ucrânia, 50 anos depois, em 2002 o documento se tornou público (30 páginas,
formato PDF). O documento analisa a história e a evolução histórica da OUN, do Exército
Insurgente Ucraniano (UPA) e do Conselho Superior de Libertação da Ucrânia (UHVR).
Faça click para ver o documento na íntegra (30 páginas, PDF) |
Uma
das passagens do documento (marcada à vermelho) explica que no estágio inicial
da II G.M. os nacionalistas ucranianos tentavam colaborar com Alemanha, mas não
com o partido nazi [tradicionalmente a OUN teve boas relações com a organização
alemã Stahlhelm
– “Capacete de Aço, Liga de Soldados da Frente”]. As relações com partido nazi
não se deram devido as diferenças de objetivos e da ideologia de ambas as
partes. Nomeadamente, a ideologia da OUN não possuía traços de racismo e
anti-semitismo.
Resumindo,
50 anos atrás os analistas da CIA afastaram as acusações, novamente usadas
contra OUN e contra Ucrânia nos dias de hoje. Leiam os documentos da CIA, são
interessantes e também educam!
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