sábado, janeiro 21, 2017

A “banderização” da Ucrânia atual: mitos e realidade

Uma das acusações habitualmente lançadas contra Ucrânia atual é a suposta “banderização” do país, em que o “culto do Bandera”, alegadamente, está substituindo o “culto do Lenine”. A estatística permite perceber até que ponto a descomunização ucraniana em curso representa a dita “banderização” do espaço público ucraniano.

As teses que alegam que a personalidade do Stepan Bandera está universalmente (em toponímica e nos monumentos) substituir a figura do Lenine são presentes nas alegações de vários críticos da descomunização da Ucrânia, principalmente russos e mesmo alguns ocidentais.

Na realidade:
– desde o início de descomunização na Ucrânia foram desmontados 1320 monumentos do “líder do proletariado” e foram construídos 4 (0,3%) monumentos ao líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), todos na Ucrânia Ocidental e todos sem interferência do poder estatal, graças à iniciativa do poder local e dos ativistas sociais.
– foram rebatizados 51.493 objetos de toponímica (ruas, praças, parques, etc.), destes, apenas 34 (0,06%) e segundo as decisões dos órgãos do poder local, receberam o nome “Stepan Bandera” (1 nas regiões de Transcarpátia, Poltava, Sumy e na cidade de Kyiv; 2 na região de Kyiv; 3 na região de Ivano-Frankivsk e Mykolaiv; 4 na região de Khmelnitskiy; 8 em Cherkassy e 10 em Chernivtsi).

Os historiadores profissionais e mesmo os formadores de opinião éticos devem criar as suas concepções, baseadas nos factos. Os que tentam impor à sociedade a sua própria visão tendenciosa, baseada no “achismo” estão apenas atrapalhar. Assim, para a conveniência de todos os interessados, apresentamos os números (obrigado ao Dr. Volodymyr Viatrovych).

Bónus

Em 1952, a CIA produziu um documento analítico sobre os movimentos de libertação nacional da Ucrânia, 50 anos depois, em 2002 o documento se tornou público (30 páginas, formato PDF). O documento analisa a história e a evolução histórica da OUN, do Exército Insurgente Ucraniano (UPA) e do Conselho Superior de Libertação da Ucrânia (UHVR).  
Faça click para ver o documento na íntegra (30 páginas, PDF)
Uma das passagens do documento (marcada à vermelho) explica que no estágio inicial da II G.M. os nacionalistas ucranianos tentavam colaborar com Alemanha, mas não com o partido nazi [tradicionalmente a OUN teve boas relações com a organização alemã Stahlhelm – “Capacete de Aço, Liga de Soldados da Frente”]. As relações com partido nazi não se deram devido as diferenças de objetivos e da ideologia de ambas as partes. Nomeadamente, a ideologia da OUN não possuía traços de racismo e anti-semitismo.

Resumindo, 50 anos atrás os analistas da CIA afastaram as acusações, novamente usadas contra OUN e contra Ucrânia nos dias de hoje. Leiam os documentos da CIA, são interessantes e também educam! 

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