Em novembro de 1979 o catedrático sul-africano Niël
Barnard se torna o novo chefe do Departamento Sul-Africano de Segurança
Nacional (DONS) que em 6 de fevereiro de 1980 se transforma em Serviço Nacional de Inteligência (NIS). Em 2015 Barnard publicou o livro de suas memórias Secret
Revolution: Memoirs of a Spy Boss que seguramente será apreciado por todos
os que se interessam pela África e pelo mundo dos serviços secretos.
Niël Barnard e Gert Rothman nas Maurícias |
No mundo sinistro dos
espiões, poucas regras são respeitadas e tudo é permitido em nome da segurança
do Estado – até mesmo falar com o seu inimigo № 1. E é exatamente isso que Niël
Barnard fez no final dos anos 1980 como chefe do Serviço Nacional de
Inteligência. Instruido por Pieter Willem Botha
(1916 – 2006) ele começou as conversações secretas com Nelson Mandela sobre a
possibilidade da organização das eleições democráticas na África do Sul. Nem mesmo os membros do gabinete do primeiro-ministro sul-africano foram
informados dessas negociações.
A edição em afrikaans |
O livro revela os
detalhes dessas reuniões que foram o primeiro passo para uma África do Sul
democrática. O texto também fala do vínculo pessoal especial que se desenvolveu
entre esses dois ex-inimigos. Embora os dois homens tivessem as personalidades
fortes e poderiam ser teimosos e até mesmo de mau humor às vezes, eles
perceberam a importância do que estavam fazendo.
Niël Barnard em 2015 |
O livro também oferece
uma visão fascinante sobre a vida diária dos espiões e dos sucessos da NIS na
década de 1980. Como chefe de espionagem Barnard conseguiu estabelecer relações
com amigos e inimigos do estado sul-africano. Ele não só visitou vários chefes
de Estado africanos numa época em que a África do Sul foi evitada pela
comunidade internacional, mas também conseguiu abrir um canal de inteligência
com a URSS comunista (após a detenção na RAS em junho de 1980 do agente do KGB Alexey
Kozlov aka “Otto Schmidt” e da sua consequente troca em 11 de maio de 1982 na Alemanha
Federal por 8 cidadãos alemães e um militar sul-africano).
Ex-agente do KGB Alexey Kozlov na década de 2010 |
Em soma, “Secret
Revolution: Memoirs of a Spy Boss” é uma leitura obrigatória para quem quer conhecer
melhor a história da África do Sul na década de 1980.
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