quinta-feira, janeiro 19, 2017

Os ostarbeiter ucranianos: entre Estaline e Hitler

75 anos atrás começou a implementação da política nazi de exploração do trabalho forçado ucraniano na Alemanha. Em 18 de janeiro de 1942 de Kharkiv à Colónia partiu o primeiro comboio com 1.117 trabalhadores. De acordo com estimativas aproximadas, entre 1,7 à 2,4 milhões de ucranianos serviram como ostarbeiter na Alemanha nazi.
Assim começou a política nazi de uso do trabalho forçado semi-escravo na Alemanha durante a II G.M. Os jovens trabalhadores estrangeiros substituíam os seus pares alemães, mobilizados ao Wehrmacht e aos organismos da defesa.  
Permanecendo no 3º Reich, os ostarbaiter trabalhavam de forma exaustiva, passavam a fome, morriam de doenças infecciosas e desnutrição. O Tribunal Militar Internacional de Nuremberga reconheceu em 1946 o trabalho forçado de estrangeiros, que foi utilizado na Alemanha nazi, como um crime contra a humanidade e a violação do direito internacional.

Em 2017, Ucrânia, pela primeira vez na história e ao nível estatal, recorda solenemente o 75º aniversário trágico daquela política nazi, organizando uma série de eventos dedicados à problemática dos ostarbaiter.
A propaganda nazi de trabalho na Alemanha, dirigida aos ucranianos em língua russa
Nomeadamente, o Museu Nacional de História da Ucrânia na II G.M. (Facebook) apresentará a sua exposição “Os ostarbaiter” que contará com a mostra documental dos materiais de arquivo e os depoimentos dos antigos ostarbaiter, intervenções dos historiadores (entre eles Dr. Volodymyr Viatrovych) e dos representantes da comunidade académica da Ucrânia.  
A propaganda soviética de 1945:
"Libertaremos todos os soviéticos do cativeiro fascista"
Já após a II G.M., muitos destes ostarbaiter não quiseram voltar à URSS comunista, temendo, com toda a razão objetiva as repressões estalinistas apenas pelo facto da sua permanência, contra a vontade própria, na Alemanha nazi. Na fuga da Europa e para escapar à possível deportação para a URSS, alguns destes ostarbaiter foram aos destinos tão longínquos como Argentina, Austrália ou Brasil...


Exemplo de propaganda nazi de 1942 (em russo):

“Que grande e alegre impressão de vida normal tranquila numa grande cidade alemã! Que belos edifícios! Tantos são! Como tudo está limpo e arrumado! Esta é a nossa fábrica! Aqui vamos trabalhar e melhorar as nossas habilidades profissionais! O trabalho prático no exterior, as habilidades de produção alemãs vêm a calhar aos nossos rapazes para que após a guerra, no seu país natal, na qualidade de mestres, chefes das unidades restaurar a indústria destruída pelos bolcheviques. [...] Aqui está o primeiro pagamento. É prazeroso receber o primeiro salário ganho na Alemanha...”

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