O
Primeiro-ministro da Arménia, Serj Sargsyan, anunciou a sua demissão, no 11º
dia dos protestos populares em massa que bloquearam a capital Yereven e outras
cidades arménias. Além disso, uma unidade das Forças Armadas da Arménia se
juntou aos manifestantes.
Serj Sargsyan e protestos chamados "Merzhir Serjin" | Մերժիր Սերժին | "rejeita Serj" |
O Primeiro-ministro reconheceu que líder do
maior partido da oposição, Nikol Pashinyan (líder
do partido “Elk”/ “Êxodo”), que exigia a sua saída «tinha razão». A decisão foi
acelerada após os manifestantes receberem apoio da Brigada das Forças de
Manutenção da Paz, uma unidade “internacional” das FA da Arménia comandada pelo
coronel Khachik Grigoryan. O Ministério da Defesa da Arménia reconheceu que uma
parte dos militares da sua brigada das forças da paz «violou o regime de
permanência na unidade militar».
“Me
dirijo a vocês pela última vez como chefe de estado. Nikol Pashinyan estava
certo. Eu estava errado. Nesta situação existem várias soluções, mas não optarei
por nenhuma delas. Não é [coisa] minha. Estou deixando o cargo de chefe do
nosso país”, disse Sargsyan, citado pela BBC.
Manifestantes receberam apoio da sociedade civil, do exército e da igreja ortodoxa |
No
dia 22 de abril, no hotel Marriott Armenia em Yerevan decorreu um encontro
entre Serj Sargsyan e Nikol Pashinyan. O líder da oposição disse que vinha
apenas para falar sobre a demissão do Primeiro-ministro. Este rejeitou os
termos, considerando que estava perante um ultimato.
Algumas
horas depois, o líder da oposição foi detido, o que apenas aumentou a
indignação dos arménios, que preencheram a praça central do Yerevan e cercaram
a esquadra de polícia, onde supostamente poderia estar Pashinyan. No total, no domingo,
polícia de Yerevam deteve mais de 250 manifestantes, alguns deles foram
libertos mais tarde.
A praça central de Yerevan no 8º dia dos protestos |
#Armenia 🇦🇲: Armenian soldiers storm out of their barricades in #Yerevan to join the anti-government strikes pic.twitter.com/z1c1qwjIoj— Thomas van Linge (@ThomasVLinge) April 23, 2018
Por
causa dos acontecimentos em Yerevan, e pela primeira vez desde ano 2000, foi
cancelada a tradicional procissão de tochas em memória das vítimas do genocídio
arménio no Império Otomano, que ocorre anualmente no dia 24 de abril. Neste ano
a procissão solene será substituída pela colocação de velas no complexo
memorial Tsitsernakaberd.
Visões
políticas do Nikol Pashinyan
Nikol Pashinyan, sempre no meio, de boné escuro "Adidas" |
Pashinyan
afirmou que a Arménia aderiu à União Económica Euro-asiática (Belarus,
Cazaquistão e Rússia) “não de forma voluntária, mas forçada”. Ele descreveu as
relações entre a Rússia como “a relação entre o falante e o ouvinte”. Ele
criticou o presidente Serj Sargsyan na questão da defesa da Arménia, que,
segundo Pashinyan “perdeu na questão do equilíbrio militar com o Azerbaijão,
com o apoio e a intervenção do nosso parceiro estratégico da federação russa”. No
que diz respeito ao conflito de Alto Karabakh, Pashinyan manifestou-se a favor
da presença da república autoproclamada de Alto Karabakh em todas as
negociações relativas à este território.
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