segunda-feira, abril 23, 2018

Arménia: no 11º dia Maydan vence com apoio do exército (27 fotos)

O Primeiro-ministro da Arménia, Serj Sargsyan, anunciou a sua demissão, no 11º dia dos protestos populares em massa que bloquearam a capital Yereven e outras cidades arménias. Além disso, uma unidade das Forças Armadas da Arménia se juntou aos manifestantes.
Serj Sargsyan e protestos chamados "Merzhir Serjin" | Մերժիր Սերժին | "rejeita Serj"
O Primeiro-ministro reconheceu que líder do maior partido da oposição, Nikol Pashinyan (líder do partido “Elk”/ “Êxodo”), que exigia a sua saída «tinha razão». A decisão foi acelerada após os manifestantes receberem apoio da Brigada das Forças de Manutenção da Paz, uma unidade “internacional” das FA da Arménia comandada pelo coronel Khachik Grigoryan. O Ministério da Defesa da Arménia reconheceu que uma parte dos militares da sua brigada das forças da paz «violou o regime de permanência na unidade militar».
“Me dirijo a vocês pela última vez como chefe de estado. Nikol Pashinyan estava certo. Eu estava errado. Nesta situação existem várias soluções, mas não optarei por nenhuma delas. Não é [coisa] minha. Estou deixando o cargo de chefe do nosso país”, disse Sargsyan, citado pela BBC.
Manifestantes receberam apoio da sociedade civil, do exército e da igreja ortodoxa
No dia 22 de abril, no hotel Marriott Armenia em Yerevan decorreu um encontro entre Serj Sargsyan e Nikol Pashinyan. O líder da oposição disse que vinha apenas para falar sobre a demissão do Primeiro-ministro. Este rejeitou os termos, considerando que estava perante um ultimato.
Algumas horas depois, o líder da oposição foi detido, o que apenas aumentou a indignação dos arménios, que preencheram a praça central do Yerevan e cercaram a esquadra de polícia, onde supostamente poderia estar Pashinyan. No total, no domingo, polícia de Yerevam deteve mais de 250 manifestantes, alguns deles foram libertos mais tarde.
A praça central de Yerevan no 8º dia dos protestos
No dia 23 de abril, Nikol Pashinyan também foi libertado, recebendo, de imediato, o apoio de pelo menos cerca de 100 militares, gesto apreciado pelos arménios.




Por causa dos acontecimentos em Yerevan, e pela primeira vez desde ano 2000, foi cancelada a tradicional procissão de tochas em memória das vítimas do genocídio arménio no Império Otomano, que ocorre anualmente no dia 24 de abril. Neste ano a procissão solene será substituída pela colocação de velas no complexo memorial Tsitsernakaberd.

Visões políticas do Nikol Pashinyan
Nikol Pashinyan, sempre no meio, de boné escuro "Adidas"
Pashinyan afirmou que a Arménia aderiu à União Económica Euro-asiática (Belarus, Cazaquistão e Rússia) “não de forma voluntária, mas forçada”. Ele descreveu as relações entre a Rússia como “a relação entre o falante e o ouvinte”. Ele criticou o presidente Serj Sargsyan na questão da defesa da Arménia, que, segundo Pashinyan “perdeu na questão do equilíbrio militar com o Azerbaijão, com o apoio e a intervenção do nosso parceiro estratégico da federação russa”. No que diz respeito ao conflito de Alto Karabakh, Pashinyan manifestou-se a favor da presença da república autoproclamada de Alto Karabakh em todas as negociações relativas à este território.

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