quinta-feira, abril 30, 2015

Descomunização da Ucrânia em curso

A Ucrânia continua o processo de descomunização do seu tecido social, as mudanças nos últimos 23 anos são apresentadas aqui em forma de uma infografia (FONTE).

Também queremos chamar a sua atenção para um texto de Tim Judah na The New York Review of Books, chamado “Ukraine: Inside the Deadlock”. Escrito à partir de Kyiv, é um trabalho que mistura impressões recolhidas no terreno com referências a alguns livros recentes sobre a Ucrânia. Eis um dos seus pontos centrais:
Ucrânia está na corrida contra o tempo. Se o objetivo de Putin é simplesmente desestabilizar o país, ao invés de realmente tomar mais território seu, então o povo irritado ajusta-se aos seus objetivos. O seu problema é que quanto mais a guerra se arrasta, o pior será para a economia e para o futuro da Rússia também. Será que ele vai reagir, optando, por de forma discreta, ajudar os rebeldes ainda mais ou escolhendo à retirar delicadamente Rússia do conflito? Só fanáticos que vêem Putin como uma espécie de messias ainda acreditam que ele não está alimentando (a guerra). Para os próprios rebeldes e seus partidários, a realidade é que militarmente a campanha estagnou, pelo menos por enquanto.

Ler original: “Ukraine: Inside the Deadlock”:
http://www.nybooks.com/articles/archives/2015/may/07/ukraine-inside-deadlock

Outros livros sobre Ucrânia que recomendamos (em inglês):
http://mitpress.mit.edu/books/conflict-ukraine
“Conflict in Ukraine: The Unwinding of the Post–Cold War Order” escrito por dois académicos americanos, Rajan Menon e Eugene B. Rumer (MIT Press, 2015, ISBN: 9780262029049) é um trabalho de primeira, curto e perspicaz que concentra-se na crise atual para dar aos leitores uma breve, mas útil introdução à história do país.
http://yalepress.yale.edu/book.asp?isbn=9780300211597             http://yalepress.yale.edu/book.asp?isbn=9780300154764

Olhando à situação na Ucrânia de uma forma diferente: “Ukraine Crisis: What It Means for the West” pelo academic britânico Andrew Wilson (Yale University Press, 2014, ISBN: 9780300211597), que em 2000 escreveu “The Ukrainians: Unexpected Nation”, agora na sua Terceira edição (Yale University Press, 2009, ISBN: 9780300154764), dedicado à moderna história do país até o ano 2009. No seu novo livro els também fala sobre o movimento Maydan.
http://www.amazon.com/The-Iron-Tsar-Times-Hughes/dp/1907499172            http://www.amazon.co.uk/Dreaming-City-Ukraine-Hughesovka-Stalino/dp/1847711243

Dois livros profundos sobre a história do leste da Ucrânia. No livro “The Iron Tsar: The Life and Times of John Hughes” (Author Essentials, 2010, ISBN: 9781907499173), Roderick Heather conta a estraordinária vida do empresário escocês que fundou a cidade de Donetsk em 1870, trabalhando e prosperando em carvão, ferro e aço. Outro livro sobre a cidade de Donetsk é “Dreaming a City: From Wales to Ukraine – The Story of Hughesovka / Stalino / Donetsk” é da autoria do Colin Thomas (Y Lolfa, 2009, ISBN: 9781847711243), que vem acompanhado de um DVD, da autoria do mesmo autor e dos historiadores escoceses.

quarta-feira, abril 29, 2015

“Centena Celestial”, o filme do Christian Seidel

O famoso escritor e produtor televisivo alemão, Christian Seidel, fez em 2014 um filme sobre os acontecimentos na Maydan (praça de Independência de Kyiv), dedicado às vítimas dos franco-atiradores governamentais e às suas famílias.

O filme mostra e humanisa os heróis ucranianos caídos, hoje conhecidos como a “Centena Celestial”. Nos encontros emocionais entre o realizador e os familiares daqueles que morreram no centro de Kyiv, podemos sentir o humanismo dos que deram as suas vidas pela Ucrânia. O filme é sobre a Revolução de Dignidade (movimento Maydan) e sobre o preço que foi pago para o triunfo desta mesma revolução. Como escreveu um dos diários mais influentes da Alemanha,  “Süddeutsche Zeitung”: “O filme nós toca até as profundesas da alma”.
Christian Seidel sobre o seu filme:
Quendo eu, quase casualmente se encontava em Kyiv no início de 2014, começei filmar aquilo que via, pois fiquei muito emocionado pelos encontros com as diversas pessoas e por aquilo que presenciei.
Testemunhei como no dia 20 de fevereiro de 2014, os franco-atiradores e (polícias) “Berkut”, participando numa orgia-assassina sem precedentes, mataram as pessoas indefesas. Isso, mais a propaganda mentirosa, que começou à seguir, me tocou sobremaneira. Senti a necessidade de fazer o filme, onde poderia mostrar que pessoas estavam na Maydan, principalmente as vítimas indefesas dos assassinatos em massa, chamados pelo povo ucraniano de “Centena Celestial”. Não, eles não eram terroristas ou fascistas, como diz a propaganda russa. Essas pessoas, as suas famílias – esposas, filhos, estão no centro da atenção deste filme documental...

Fiz o filme que queria, tal como sempre quiz faze-lo. Quero dizer, não tendo nenhum cliente, a película foi feita de forma absolutamente independente de qualquer interferência, sem exigências sobre o seu conceito, etc.”
Ver a versão integral do filme no YouTube (81´13´´):
https://www.youtube.com/watch?v=smIv_gguEP4

terça-feira, abril 28, 2015

Filhos de Chornobyl: o que torna diferentes os ucranianos nascidos em 1986?

O acidente nuclear de Сhornobyl, a 26 de abril de 1986, ficará, sem dúvida, marcado para sempre como uma das páginas mais trágicas da história do nosso planeta.

por: Rodrigo Barbosa | Com KATERYNA KHINKULOVA
A zona de exclusão de 30 quilómetros criada há 29 anos continua em vigor, deixando a céu aberto uma região fantasma e a cúpula de cimento – supostamente temporária – que esconde um reator que concentra ainda elevados níveis de radioactividade. A complexidade da estrutura que deverá selar definitivamente o local levou a inúmeros atrasos e, hoje, os trabalhos estão ainda em curso.

A euronews falou com três ucranianos, nascidos em Chornobyl ou nos arredores, no fatídico mês abril de 1986. A questão colocada foi: como é ser um “filho de Chornobyl?”
Olha Zakrevska (nas fotos do início deste artigo) é fotógrafa profissional e gere o seu próprio estúdio na capital ucraniana, Kyiv. Nasceu a 11 de abril de 1986 em Pripyat, a localidade mais próxima da central de Chornobyl. O pai era um jovem perito em energia nuclear.

“…alguns pais proibiam os filhos de brincarem com o meu irmão e comigo, dizendo que eramos radioactivos e contagiosos.”
“Vivi em Pripyat nos primeiros 15 dias de vida. Saímos a 26 de abril de 1986 e passámos um ano com amigos e família em Kyiv. Um ano mais tarde, deram-nos um apartamento. O meu pai continuou a deslocar-se a Chornobyl e a trabalhar ali.
Chornobyl sempre fez parte da história da minha família. Os nossos vizinhos também trabalhavam na central, fazia parte do nosso quotidiano, dos controlos de rotina que tínhamos de fazer no médico ou dos documentos que tínhamos de preencher para receber ajudas.
Atualmente, tento ainda compreender completamente o que Chornobyl significa para mim. Quando completei 25 anos, apercebi-me, de repente, que cresci na sombra deste acontecimento, deste fenómeno. É por isso que procuro agora outras famílias de Chornobyl e as convido ao meu estúdio, para fotografá-las e falar com elas. Muitos têm agora as próprias famílias e filhos e todos se preocupam com a saúde, como é óbvio. Quando era nova, os médicos diziam sempre: ‘Não temos ideia em que medida a radioactividade poderá afetá-la’. Algumas coisas previsíveis, mas muitas outras, não.
Acho que muitas pessoas, incluíndo as que nasceram em Pripyat, ainda não estão prontas para pensar e analisar o que significou Chornobyl para nós. Alguns preferiam esquecer. Eu acredito que, já que aconteceu, é melhor tentar percebê-lo. Chornobyl traumatizou-nos e, ao lidarmos com este trauma, penso que podemos viver uma vida melhor.
Penso que algumas feridas podem tornar-nos mais fortes e mais preparados para lidar com as dificuldades da vida. Um dia os meus país tiveram de partir, sabendo que não regressariam. Depois, tivemos de lidar com os preconceitos: depois de mudarmos para longe, alguns pais proibiam os filhos de brincarem com o meu irmão e comigo, dizendo que eramos radioactivos e contagiosos.
Fotografo famílias de Chornobyl há algum tempo e gostava de, um dia, transformar esta coleção num projeto propriamente dito. O que é mais importante para mim, no entanto, é encontrar os amigos e colegas dos meus pais, os que trabalhavam em Chornobyl em 1986, e reatar relações.”
Olexiy Starynets nasceu a 26 de abril de 1986, o próprio dia da tragédia, numa pequena localidade alguns quilómetros a sul da capital ucraniana. Hoje em dia é um jornalista de desporto e vive em Kyiv. Apesar da data de aniversário sempre ter sido fonte de comentários acerca de ser um “bebé de Chornobyl”, mostra-se otimista acerca do futuro.

“Quando era pequeno, mudámos várias vezes e, em cada nova escola, passava por exames médicos. Era sempre o mais saudável!”
“A minha primeira memória de Chornobyl? Será certamente a minha primeira memória de um aniversário, claro! As pessoas falavam sempre nisso, na escola, porque nasci no mesmo dia da explosão. A minha mãe e o meu avô disseram-me que ouviram falar no desastre desde o primeiro dia. Na maternidade onde a minha mãe deu à luz, eles fechavam as janelas para tentar impedir a entrada da radioactividade e lavavam o chão com mais frequência. A explosão ocorreu nas primeiras horas do dia 26 de abril; eu nasci às 6 da tarde.
Quando era pequeno, mudámos várias vezes e, em cada nova escola, passava por exames médicos. Era sempre o mais saudável! É claro que os meus pais nunca pararam de se preocupar com os efeitos de Chornobyl, porque viviamos apenas a 250 quilómetros e, algumas vezes, viajávamos mesmo a sítios mais perto.
Não penso em mim como um filho de Chornobyl. Não afetou a minha saúde, de nenhuma forma. Nunca fui a Pripyat ou ao local da central. Tenho a certeza de que irei um dia, só para ver como é. Mas sou bastante positivo acerca da energia nuclear. Se for lidada da forma correta, é segura e amiga do ambiente. Tanto quanto percebi, o acidente de Chornobyl foi provocado por um erro humano.
Claro que Chornobyl faz parte da nossa história, mas não penso muito nisso. Mas os meus amigos lembram-se sempre do meu aniversário!”
Yuri Vyshnevsky também é um jornalista de Kyiv. Nasceu a 1 de abril de 1986. O pai trabalhou na zona de exclusão, durante os meses que se seguiram ao acidente.
“Este enorme desastre ambiental feriu não só a Ucrânia, como outros países europeus.”
“A minha mãe foi comigo e com a minha avó para a Moldova depois do acidente e o meu pai vinha visitar quando podia. Falavamos de Chornobyl de vez em quando mas, felizmente, não afetou muito a nossa família. Estamos todos bastante saudáveis, apesar do ambiente, na Ucrânia, ser bastante poluído.
Chornobyl é uma grande pedaço da nossa história. A Ucrânia tornou-se conhecida na Europa da pior forma, não podemos esquecê-lo. Houve um grande número de outros acontecimentos que, no entanto, me tornam orgulhoso de ser ucraniano: a declaração da independência ou vitórias desportivas de alguns dos meus compatriotas, como os futebolistas do FC Dynamo Kyiv, os irmãos Klitschko no mundo do boxe ou os campeões olímpicos ucranianos. Todas estas coisas positivas não fazem, no entanto, esquecer este enorme desastre ambiental, que feriu não só a Ucrânia, como outros países europeus.
Não penso em mim como um filho de Chornobyl. Felizmente, não afetou a minha saúde. Mas, através do meu trabalho, vejo crianças cujos pais tem estado doentes ou que estão, elas próprias, doentes. Isso é muito triste.
Nunca estive na zona de exclusão, mas muitos dos meus amigos estiveram. Hoje em dia é muito fácil ir até lá, numa visita guiada, por isso a ‘exclusão’ é muito limitada.
Será o nuclear uma boa ideia? Penso que a energia nuclear é necessária, porque muitos países não tem recursos naturais suficientes. Mas é importante ser responsável na sua utilização, para evitar desastre que prejudicam os humanos e a natureza.”
Fonte:
http://pt.euronews.com/2015/04/27/filhos-de-chernobyl-o-que-torna-diferentes-os-ucranianos-nascidos-em-1986

Showbiz e Ucrânia
http://showmania.novy.tv/2015/04/23/blejk-lajvli-z-yavilasya-na-publitsi-v-kolorah-ukrayinskogo-prapora
A atriz americana Blake Lively, mais conhecida pelo seu papel na série «Gossip girl», apoiou o novo trend de moda, aparecendo no público às cores da bandeira da Ucrânia (fonte & fotos).
Ucrânia agradece!

segunda-feira, abril 27, 2015

O general nazi acarinhado pelo MGB soviético

O ativista nazi Otto Ernst Remer, era o mais jovem general do Wehrmacht, que notabilizou-se no apoio incondicional ao Hitler durante a tentativa do golpe contra o fuhrer em julho de 1944. Após o fim da II G.M., a secreta soviética MGB-KGB recrutou e financiou as atividades do ex-general, famoso pelo seu “anti-imperialismo americano”, “anti-sionismo” e pela ideia da criação do estado alemão-russo GeRússia.

Remer chegou à ser preso pelos aliados, mas não cumpriu qualquer pena, se dedicando de seguida à carreira política. A secreta soviética não precisou de coagi-lo, o ex-general realmente odiava liberalismo ocidental e os judeus. Foi a plataforma perfeita para que MGB pudesse construir a sua 5ª coluna na nova Alemanha Federal.
Otto Ernst Remer na frente Leste na II G.M.
Já em 1949 Remer cria o Partido Socialista do Reich (PSR), uma organização neonazi que usa os fundos soviéticos para se apresentar às eleições regionais e nacionais das zonas ocidentais da Alemanha, promovendo a ideia da GeRússia, o estado pan-germânico em oposição aos EUA e ao “sionismo mundial”.

Novamente preso e depois libertado, Remer recebe a recomendação do MGB de deixar Alemanha, movendo-se para África e para o Extremo Oriente, onde primeiro, trabalha para o presidente egípcio Gamal Abdel Naser e depois para o governo sírio. Na Síria, o seu companheiro de trabalho era Alois Brunner, o ex-chefe do campo de concentração nazi de Drancy. Brunner era um dos criadores dos serviços secretos sírios e até o fim foi protegido pelo regime “progressista” do clã Assad.
No entanto, o Remer voltou à Alemanha Federal nos anos 1980, criando o Movimento Alemão de Liberdade, partido neonazi que servia de “guarda-chuva” para cerca de 23 organizações neonazis clandestinas. No plano politico, os seus inimigos continuaram os mesmos: EUA, NATO e “sionismo”. Apoiado financeiramente pelo KGB, Remer explicava o seu apoio à URSS nos seguintes termos: “russos são brancos, quando os EUA são muito contaminados pelas minorias raciais”.
"Destrua o que te destrói": a propaganda do Remer dos anos 1980
No seu “Manifesto do Movimento Libertário Alemão” (1983), o ex-general defendia a saída da Alemanha da NATO, a saída dos americanos da Alemanha e da Europa; além do desenvolvimento das parcerias com Rússia (URSS). “Para Reagan e para os sionistas”, – escrevia Remer, – “a URSS é encarnação do mal, mas para nós é uma grande potência vizinha, com os seus próprios requisitos de segurança e uma doutrina que lhes corresponde”.

Antes da sua morte, Remer novamente defendeu a confederação da Alemanha e Rússia que deveria absorver os países da Europa Central e do Leste sob o seu domínio conjunto. O capital do novo Reich deveria se situar em Minsk, na atual Belarus.
Em 1994, as autoridades alemãs o condenaram à 22 meses de prisão pelo incitamento do ódio e do racismo, mas antes de ser preso, Remer fugiu para Espanha, onde acabou por falecer um ano mais tarde.

Fontes:
http://windowoneurasia2.blogspot.com/2015/04/ex-nazi-general-backed-by-soviet-secret.html (versão curta em inglês);
http://ttolk.ru/?p=23592 (versão maior em russo)

RIP “Mariachi” (batalhão “Donbas”)
Neste sábado, dia 25 de abril, os terroristas russos atacaram na localidade de Shyrokyne as posições do batalhão da Guarda Nacional da Ucrânia, “Donbas”. Em resultado do fogo dos morteiros de grande calibre e dos canhões auto-propulsados, foram feridos pelo menos dois militares ucranianos. Um deles, “Mariachi”, foi evacuado do campo da batalha, mas não chegou ao hospital de Mariupol, pois os terroristas russos alvejaram a ambulância que transportava o combatente ferido.
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=815709225172461&id=100002001744306
Pergunta-se novamente, quem são os neonazis desta guerra?

domingo, abril 26, 2015

Chornobyl: segredos escondidos pela URSS

Na noite de 25 para 26 de abril de 1986, na estação nuclear de Chornobyl, colocada em funcionamento em 1977, se deu a explosão, que destruiu o 4º bloco energético, matando e retirando a saúde de milhares “liquidadores” da avaria e mudando para sempre o destino de milhões de ucranianos.

Alvo das críticas do mundo ocidental e desconfiança dos seus próprios cidadãos, a União Soviética procedeu tal, como sempre procedia nas situações semelhantes: colocando em segredo do estado os dados sobre a maior catástrofe tecnológica do século XX.

A edição ucraniana NV, reuniu os 5 pontos mais importantes que durante anos foram classificados de segredo do Estado:
Edifício do hotel "Polissya"
1. A estação, construída à maneira soviética, na antecipação das datas previstas, já dois anos após a colocação em funcionamento do 1º bloco energético começou criar preocupação aos especialistas e engenheiros. No informe da autoria do KGB da Ucrânia, datado de 17 de janeiro de 1979, pode-se ler:

“Em algumas áreas da estrutura do 2º bloco da estação nuclear de Chornobyl, foram registados os factos de desalinhamento dos projetos e da violação de tecnologia das obras de construção e de instalação, o que pode levar às avarias e acidentes”.
Grafiti atual
Segundo os dados, tornados públicos pela secreta ucraniana SBU em 2006, entre 1983 e 1985 por causa dos trabalhos de construção e de montagem de má qualidade, violação das normas tecnológicas e regras de segurança radioativa, na estação foram registadas 5 avarias e 63 casos de mal funcionamento dos equipamentos. Último caso se deu em fevereiro de 1986.

2. A explosão do 4º bloco energético, colocado na sua capacidade projetada 3 meses antes do tempo previsto (prática soviética que permitia receber os prémios e que levava às inúmeras tragédias), se deu às 1:23 do dia 26 de abril de 1986. A avaria se deu no decorrer da experiência para estudar a possibilidade de utilizar a inércia do rotor do gerador de turbina para produzir a eletricidade, caso no futuro, se registar a paragem de emergência do reator.
Grafiti atual
A experiência deveria ser conduzida em uma potência do reator de 700 MW, mas antes de início tinha caído até 30 MW. O operador tentou restaurar a capacidade e começou a experiência às 1:23:04 com em indicadores abaixo dos previstos em 200 MW. Alguns segundos depois a potência do reator começou a crescer e em 1:23:40 o operador pressionou o botão de segurança de emergência.

Mais tarde, exatamente essas ações serão classificados como a versão oficial do acidente. No entanto, de acordo com Anatoly Dyatlov, o engenheiro-chefe operacional adjunto da estação, que no momento do acidente estava na sala de controlo do 4º bloco energético, todas as ações do operador tinham sido previstas no manual e foram efetuados no modo normal (não emergencial) no intuito de parar o reator.

3. Após uso de botão de emergência, decorreram duas explosões com intervalo de alguns segundos, em resultado dos quais o reator foi totalmente destruído. Mais tarde, o próprio Dyatlov foi considerado como um dos culpados do explosão e recebendo a dose de radiação de 550 Rem (equivalente aos 5,5 Sievert) e estando seriamente doente foi condenado à 10 anos de cadeia geral.  

A posição de atribuição da culpa exclusivamente ao pessoal da estação nuclear de Chorbobyl foi adotada pela Comissão Estatal formada na União Soviética para investigar as causas do desastre, pelo tribunal e pelo KGB, que conduziu a sua própria investigação. Mesmo o relatório da AIEA em 1986, em geral, apoiou esta posição.  
Parque das diversões que nunca foi usado, a sua abertura deveria ocorrer em 1.V.1986
No entanto, quase 20 anos depois, o novo relatório da AIEA reconheceu os erros das alegações do seu último relatório sobre Chornobyl. No novo documento a organização confirmou que a maioria das ações de operadores, que o regime soviético anteriormente chamou de violações, na verdade, estavam conformes com as regras adotadas do momento ou não afetaram o decorrer do acidente. Além disso, os especialistas em segurança nuclear notaram a “cultura de segurança” muito baixa, praticada na estação nuclear naquele momento.

4.  Em geral, o relatório “actualizado” da AIEA de 1993, afirma que no dia antes do acidente no Chornobyl, o 4º bloco energético funcionou com uma série de parâmetros modificados – sistema de resfriamento de emergência do núcleo desligado e com a reduzida margem de reatividade operacional.

Além disso, dizem os especialistas, os funcionários da estação nuclear de Chornobyl não estavam informados sobre os perigos de trabalhar nas condições alteradas. Nas vésperas do acidente a margem de reatividade operacional estava abaixo dos valores regulamentados, mas os operadores não sabiam o seu valor corrente e, portanto, não sabiam que estavam violar os regulamentos.
Painel de controlo do 4º bloco energético do Chornobyl. O murro de concreto separa o painel
do espaço destruído na explosão do reator. O nível de radiação é alto, mas não é mortal.
É possível estar lá durante alguns minutos, respirando, usando a máscara. Foto atual.

Os liquidadores do acidente e os bombeiros, já após o acidente também não foram informados sobre os perigos de trabalhar nas instalações do bloco energético. “Quando eu soube da explosão, ninguém nos disse que o nível de radiação era perigoso para a vida. Era a época da antiga União Soviética, e o governo escondia nós as informações sobre o perigo. O nível de radiação, onde eu trabalhava, já era muito perigoso. Eu estava em um grupo de 20 pessoas, e apenas seis de nós agora ainda estão vivos”, contou um dos funcionários da estação que se tornou o liquidador, Valery Zabayaka, na conversa com o jornalista de Wired.com.

5. Já 20 minutos após a explosão, no local estavam os funcionários do KGB de Pripyat. “Liguei ao chefe da Direção, general Bykov e o informei sobre a situação, ele sabia tudo já às 2h00 de manha. Depois disso, era necessário que o bloco energético pare e saia do Veneno nuclear, mas nada foi feito. Isso se faz em 48 horas. Mas começaram levantar o reator e essa é uma das razões”, – contou o ex-chefe do Departamento do KGB de Pripyat, Victor Kolochko.
Os ex-funcionários do KGB ucraniano contam que logo após o desastre todos os documentos sobre o caso eram classificados de secretos, para evitar o pânico. No dia 27 de abril, foram tiradas as primeiras fotografias do reator destruído, uma das cópias foi enviada ao Milhail Gorbachov, outra ficou na posse do KGB ucraniano.

Na parte da tarde do dia 27 de abril, os residentes de Pripyat foram informados via rádio sobre a evacuação temporária. As 50.000 pessoas deixaram a cidade quase sem pertences, estando convencidos de que em breve voltarão para as suas casas. Naquele mesmo momento, os helicópteros começaram tentar cobrir o reator destruído com os materiais absorventes (arreia e chumbo, que dizem se transformava em vidro e líquido, respetivamente, antes de atingir o reator; todos os pilotos e membros destas tripulações já morreram).
A 3ª Direção Principal do Ministério da saúde da URSS (Informe Urgente de 26.04.1986, Nr. 1789-2s):
"adoção das medidas especiais, incluindo a evacuação da população da cidade não é necessária".
No dia 28 de abril no programa “Vremya” (o principal noticiário soviético das 20h00), o locutor leu o primeiro informe oficial da agência soviética TASS: “Na estação de energia nuclear de Chornobyl ocorreu um acidente infortuno. Um dos reatores foi danificado. São tomadas as medidas com intuito de eliminar as consequências do acidente. As vítimas receberam a assistência necessária. Foi criada uma comissão governamental para investigar o ocorrido”.
"Corrida ciclista da Paz, Kiev, 6-9 de maio de 1986!" (primeiro escândalo internacional ligado ao Chornobyl: algumas delegações dos países socialistas não vieram, imprensa soviética realmente chocada, "como eles puderam fazer isso?") 

Quando no dia 1 de maio de 1986, os moradores de Kyiv, acalmados pela imprensa soviética, saíram à manifestação trabalhista na avenida Khreschatyk, na capital foi registrado um dos maiores picos de radioatividade...

Fonte:
http://nv.ua/lifestyle/life/godovshchina-avarii-na-chaes-pyat-faktov-kotorye-skryvala-sovetskaya-vlast-v-1986-m-45471.html

Wladimir Klitschko venceu e mantêm os cinturões de IBF, WBA, WBO e IBO
Neste domingo, dia 26, em Nova Iorque decorreu o combate de pesos pesados entre ucraniano Volodymyr (Wladimir) Klitschko e o norte-americano Bryant Jennings. Tal como se esperava, ucraniano defendeu o seu título, uma decisão unanime dos 3 referis, que atribuíram lhe a vitória por: 116-111, 116-111 e 118-109.

Este foi o 66º combate do Volodymyr, a sua 63ª vitória e 52ª pelo knock-out. Ucraniano pela 18ª vez defendeu o seu título nas versões de IBF e IBO; 14ª (após a reconquista do título) na versão de WBO; 8ª na versão WBA e 11ª na versão da revista “Ring”.
Nas vésperas, o programa “Bom dia Portugal” da RTP, chamou Volodymyr de “russo”, mas após os protestos enérgicos e atempados das comunidades ucranianas espalhadas pelo mundo, retirou a notícia da sua página (embora sem retratar-se e sem pedir as desculpas públicas, algo que continuamos à exigir e aguardar).

sábado, abril 25, 2015

Portugal expulsa os espiões russos

Os agentes estrangeiros queriam aceder à informação civil e empresarial guardada no Instituto de Registos e Notariado. Foram apanhados pelos SIS.

por: António José Vilela e Nuno Tiago Pinto
No final de 2013, o Serviço de Informações de Segurança (SIS), detetou uma tentativa de intrusão por parte de espiões russos no Instituto de Registos e Notariado (IRN). Os agentes estrangeiros quereriam aceder à informação civil e empresarial guardada no IRN através de um funcionário da instituição. A secreta portuguesa montou então uma operação de contra-espionagem que culminou com o desmantelamento da missão russa e na expulsão de dois funcionários da embaixada de Portugal.

Esta operação do SIS correu em paralelo com a investigação da Polícia Judiciária (PJ) à alegada rede de corrupção montada em torno da atribuição dos chamados vistos gold. A certa altura, as duas cruzaram-se: os inspectores da PJ apanharam uma equipa da secreta (entre eles o próprio diretor, Horácio Pinto) a fazer um varrimento electrónico no gabinete do presidente do IRN, António Figueiredo, o principal suspeito do caso dos vistos gold, actualmente em prisão preventiva.
Conheça todos os detalhes desta teia que envolve magistrados, espiões e fugas de informação na edição desta semana da revista Sábado.

De acordo com esta perspetiva, os dados da informação civil foram alvo de cobiça por parte dos espiões russos com o objetivo de permitir aos seus agentes uma circulação discreta e fácil, sobretudo no espaço da União Europeia (FONTE).
E caso possuir qualquer outra informação relevante sobre a atividade de espionagem russa em Portugal, não deixe de partilhar essa informação com SIS:

http://www.sis.pt/contactos.html
Espiões russos expulsos da República Checa
A secreta checa, o Serviço de Segurança de Informação (BIS), detectou recentemente no país uma rede de espionagem russa. Em resultado, a República Checa deportou três espiões russos, um dos quais era diplomata acreditado no país, um outro era diplomata recém-chegado e um terceiro, (presumivelmente o cabecilha do grupo), o diplomata, acreditado num país terceiro e sem ligações formais à embaixada russa em Praga, escreve Respekt.

quinta-feira, abril 23, 2015

Ucrânia celebrará as vitórias contra exército russo na I G.M.


O presidente da Ucrânia, Petró Poroshenko, assinou o Decreto sobre a homenagem aos Atiradores Ucranianos de Sich (USS) e do centenário da sua vitória contra as tropas russas na batalha de monte Makivka (Cárpatos Ucranianos), no decorrer da I G.M.
No texto do Decreto, explica-se a importância destes acontecimentos históricos:
Olena Stepaniv, a primeira mulher oficial do mundo, membro dos USS
O decreto foi emitido, contando com o papel importante das formações dos Atiradores Ucranianos de Sich (USS) em renascimento das tradições militares nacionais, da sua participação activa na revolução ucraniana de 1917-1921 e no estabelecimento do Estado ucraniano no início do século XX”.

Nomeadamente, além de palestras tradicionais, exposições e congressos históricos, no âmbito deste Decreto, em maio de 2015 no monte Makivka na região de Lviv, irão decorrer os eventos comemorativos, com a participação ativa de diversos organizações juvenis da Ucrânia.

Além disso, Petró Poroshenko deu as orientações para batizar ou rebatizar as unidades militares ucranianas e as instituições de ensino em memória dos Atiradores de Sich.
Blogueiro

Os ferozes combates posicionais pelo controlo da monte Makivka decorreram entre 29 de abril à 4 de maio de 1915, durante a I G.M. Os combates opuseram a divisão austro-húngara de infantaria, comandada pelo Ignaz Edler von Fleischmann (1857-1929), que contava com sete centenas da 1ª e 2ª companhia dos Atiradores de Sich e o exército russo.
Memorial aos ucranianos caídos na batalha de Makivka
No decorrer dessa batalha as unidades ucranianas mostraram a sua bravura especial. Mais tarde, em 1917-1921, os veteranos da unidade participaram ativamente no estabelecimento e na defesa da República Popular da Ucrânia (UNR) e da República Popular da Ucrânia Ocidental (ZUNR).
Arquiduque Wilhelm com camisa bordada ucraniana
Um dos membros dos Atiradores de Sich era Arquiduque Wilhelm da Áustria (Wilhelm Franz von Habsburg-Lothringen), também conhecido pelo seu pseudónimo ucraniano de Vasyl Vyshyvaniy (1895 – 1948).

Bónus
O Centro UA Crisis organiza em Kyiv a exposição fotográfica e leilão de caridade “Aeroporto”, da autoria do fotógrafo Sergei Loiko:
https://www.facebook.com/sergei.loiko
A exposição é dedicada aos defensores do aeroporto de Donetsk, aos ciborgues ucranianos. Eles se tornaram uma lenda e as suas histórias ficarão com os ucranianos para sempre. As suas emoções e faces foram imortalizadas pelos objetivos do Sergei Loiko. Durante a exposição será realizado um leilão silencioso, onde poderão ser compradas as fotos exibidas. Todos os fundos recolhidos serão utilizados para fins de caridade.
Os ciborgues na exposição
Sergey Loiko no meio dos ciborgues, único vestido de civil
Local: “Casa da Ucrânia”, praça da Europa, Kyiv

Militares americanos finalmente na Ucrânia (2)

Os militares da 173ª Brigada aerotransportada do exército dos EUA (173-rd Airborne Brigade Combat Team), que chegaram à Lviv para participar nos exercícios militares conjuntos americano-ucranianos “Fearless Guardian”, começaram os treinos conjuntos com os efetivos da Guarda Nacional da Ucrânia no polígono de Yavoriv.