domingo, abril 26, 2015

Chornobyl: segredos escondidos pela URSS

Na noite de 25 para 26 de abril de 1986, na estação nuclear de Chornobyl, colocada em funcionamento em 1977, se deu a explosão, que destruiu o 4º bloco energético, matando e retirando a saúde de milhares “liquidadores” da avaria e mudando para sempre o destino de milhões de ucranianos.

Alvo das críticas do mundo ocidental e desconfiança dos seus próprios cidadãos, a União Soviética procedeu tal, como sempre procedia nas situações semelhantes: colocando em segredo do estado os dados sobre a maior catástrofe tecnológica do século XX.

A edição ucraniana NV, reuniu os 5 pontos mais importantes que durante anos foram classificados de segredo do Estado:
Edifício do hotel "Polissya"
1. A estação, construída à maneira soviética, na antecipação das datas previstas, já dois anos após a colocação em funcionamento do 1º bloco energético começou criar preocupação aos especialistas e engenheiros. No informe da autoria do KGB da Ucrânia, datado de 17 de janeiro de 1979, pode-se ler:

“Em algumas áreas da estrutura do 2º bloco da estação nuclear de Chornobyl, foram registados os factos de desalinhamento dos projetos e da violação de tecnologia das obras de construção e de instalação, o que pode levar às avarias e acidentes”.
Grafiti atual
Segundo os dados, tornados públicos pela secreta ucraniana SBU em 2006, entre 1983 e 1985 por causa dos trabalhos de construção e de montagem de má qualidade, violação das normas tecnológicas e regras de segurança radioativa, na estação foram registadas 5 avarias e 63 casos de mal funcionamento dos equipamentos. Último caso se deu em fevereiro de 1986.

2. A explosão do 4º bloco energético, colocado na sua capacidade projetada 3 meses antes do tempo previsto (prática soviética que permitia receber os prémios e que levava às inúmeras tragédias), se deu às 1:23 do dia 26 de abril de 1986. A avaria se deu no decorrer da experiência para estudar a possibilidade de utilizar a inércia do rotor do gerador de turbina para produzir a eletricidade, caso no futuro, se registar a paragem de emergência do reator.
Grafiti atual
A experiência deveria ser conduzida em uma potência do reator de 700 MW, mas antes de início tinha caído até 30 MW. O operador tentou restaurar a capacidade e começou a experiência às 1:23:04 com em indicadores abaixo dos previstos em 200 MW. Alguns segundos depois a potência do reator começou a crescer e em 1:23:40 o operador pressionou o botão de segurança de emergência.

Mais tarde, exatamente essas ações serão classificados como a versão oficial do acidente. No entanto, de acordo com Anatoly Dyatlov, o engenheiro-chefe operacional adjunto da estação, que no momento do acidente estava na sala de controlo do 4º bloco energético, todas as ações do operador tinham sido previstas no manual e foram efetuados no modo normal (não emergencial) no intuito de parar o reator.

3. Após uso de botão de emergência, decorreram duas explosões com intervalo de alguns segundos, em resultado dos quais o reator foi totalmente destruído. Mais tarde, o próprio Dyatlov foi considerado como um dos culpados do explosão e recebendo a dose de radiação de 550 Rem (equivalente aos 5,5 Sievert) e estando seriamente doente foi condenado à 10 anos de cadeia geral.  

A posição de atribuição da culpa exclusivamente ao pessoal da estação nuclear de Chorbobyl foi adotada pela Comissão Estatal formada na União Soviética para investigar as causas do desastre, pelo tribunal e pelo KGB, que conduziu a sua própria investigação. Mesmo o relatório da AIEA em 1986, em geral, apoiou esta posição.  
Parque das diversões que nunca foi usado, a sua abertura deveria ocorrer em 1.V.1986
No entanto, quase 20 anos depois, o novo relatório da AIEA reconheceu os erros das alegações do seu último relatório sobre Chornobyl. No novo documento a organização confirmou que a maioria das ações de operadores, que o regime soviético anteriormente chamou de violações, na verdade, estavam conformes com as regras adotadas do momento ou não afetaram o decorrer do acidente. Além disso, os especialistas em segurança nuclear notaram a “cultura de segurança” muito baixa, praticada na estação nuclear naquele momento.

4.  Em geral, o relatório “actualizado” da AIEA de 1993, afirma que no dia antes do acidente no Chornobyl, o 4º bloco energético funcionou com uma série de parâmetros modificados – sistema de resfriamento de emergência do núcleo desligado e com a reduzida margem de reatividade operacional.

Além disso, dizem os especialistas, os funcionários da estação nuclear de Chornobyl não estavam informados sobre os perigos de trabalhar nas condições alteradas. Nas vésperas do acidente a margem de reatividade operacional estava abaixo dos valores regulamentados, mas os operadores não sabiam o seu valor corrente e, portanto, não sabiam que estavam violar os regulamentos.
Painel de controlo do 4º bloco energético do Chornobyl. O murro de concreto separa o painel
do espaço destruído na explosão do reator. O nível de radiação é alto, mas não é mortal.
É possível estar lá durante alguns minutos, respirando, usando a máscara. Foto atual.

Os liquidadores do acidente e os bombeiros, já após o acidente também não foram informados sobre os perigos de trabalhar nas instalações do bloco energético. “Quando eu soube da explosão, ninguém nos disse que o nível de radiação era perigoso para a vida. Era a época da antiga União Soviética, e o governo escondia nós as informações sobre o perigo. O nível de radiação, onde eu trabalhava, já era muito perigoso. Eu estava em um grupo de 20 pessoas, e apenas seis de nós agora ainda estão vivos”, contou um dos funcionários da estação que se tornou o liquidador, Valery Zabayaka, na conversa com o jornalista de Wired.com.

5. Já 20 minutos após a explosão, no local estavam os funcionários do KGB de Pripyat. “Liguei ao chefe da Direção, general Bykov e o informei sobre a situação, ele sabia tudo já às 2h00 de manha. Depois disso, era necessário que o bloco energético pare e saia do Veneno nuclear, mas nada foi feito. Isso se faz em 48 horas. Mas começaram levantar o reator e essa é uma das razões”, – contou o ex-chefe do Departamento do KGB de Pripyat, Victor Kolochko.
Os ex-funcionários do KGB ucraniano contam que logo após o desastre todos os documentos sobre o caso eram classificados de secretos, para evitar o pânico. No dia 27 de abril, foram tiradas as primeiras fotografias do reator destruído, uma das cópias foi enviada ao Milhail Gorbachov, outra ficou na posse do KGB ucraniano.

Na parte da tarde do dia 27 de abril, os residentes de Pripyat foram informados via rádio sobre a evacuação temporária. As 50.000 pessoas deixaram a cidade quase sem pertences, estando convencidos de que em breve voltarão para as suas casas. Naquele mesmo momento, os helicópteros começaram tentar cobrir o reator destruído com os materiais absorventes (arreia e chumbo, que dizem se transformava em vidro e líquido, respetivamente, antes de atingir o reator; todos os pilotos e membros destas tripulações já morreram).
A 3ª Direção Principal do Ministério da saúde da URSS (Informe Urgente de 26.04.1986, Nr. 1789-2s):
"adoção das medidas especiais, incluindo a evacuação da população da cidade não é necessária".
No dia 28 de abril no programa “Vremya” (o principal noticiário soviético das 20h00), o locutor leu o primeiro informe oficial da agência soviética TASS: “Na estação de energia nuclear de Chornobyl ocorreu um acidente infortuno. Um dos reatores foi danificado. São tomadas as medidas com intuito de eliminar as consequências do acidente. As vítimas receberam a assistência necessária. Foi criada uma comissão governamental para investigar o ocorrido”.
"Corrida ciclista da Paz, Kiev, 6-9 de maio de 1986!" (primeiro escândalo internacional ligado ao Chornobyl: algumas delegações dos países socialistas não vieram, imprensa soviética realmente chocada, "como eles puderam fazer isso?") 

Quando no dia 1 de maio de 1986, os moradores de Kyiv, acalmados pela imprensa soviética, saíram à manifestação trabalhista na avenida Khreschatyk, na capital foi registrado um dos maiores picos de radioatividade...

Fonte:
http://nv.ua/lifestyle/life/godovshchina-avarii-na-chaes-pyat-faktov-kotorye-skryvala-sovetskaya-vlast-v-1986-m-45471.html

Wladimir Klitschko venceu e mantêm os cinturões de IBF, WBA, WBO e IBO
Neste domingo, dia 26, em Nova Iorque decorreu o combate de pesos pesados entre ucraniano Volodymyr (Wladimir) Klitschko e o norte-americano Bryant Jennings. Tal como se esperava, ucraniano defendeu o seu título, uma decisão unanime dos 3 referis, que atribuíram lhe a vitória por: 116-111, 116-111 e 118-109.

Este foi o 66º combate do Volodymyr, a sua 63ª vitória e 52ª pelo knock-out. Ucraniano pela 18ª vez defendeu o seu título nas versões de IBF e IBO; 14ª (após a reconquista do título) na versão de WBO; 8ª na versão WBA e 11ª na versão da revista “Ring”.
Nas vésperas, o programa “Bom dia Portugal” da RTP, chamou Volodymyr de “russo”, mas após os protestos enérgicos e atempados das comunidades ucranianas espalhadas pelo mundo, retirou a notícia da sua página (embora sem retratar-se e sem pedir as desculpas públicas, algo que continuamos à exigir e aguardar).

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