terça-feira, abril 07, 2015

Aniversário da tragédia de Katyn

79 anos atrás, em abril-maio de 1940, os carrascos do NKVD, fuzilaram cerca de 22.000 (21.857 já identificados) cidadãos polacos, prisioneiros das autoridades soviéticas, o crime contra a humanidade conhecido como Massacre de Katyn.

As vítimas foram executadas na floresta de Katyn, em campos de concentração situados nas localidades de Starobelsk e Ostashkov, no quartel-general da NKVD em Smolensk, nas cadeias em Kalinin e Moscovo, todos na Rússia; em alguns locais da Belarus; em Kharkiv, na Ucrânia, e em outros lugares próximos. Do total dos assassinados, cerca de 8 mil eram militares prisioneiros de guerra, outros 6 mil eram policiais e os restantes civis, pertencentes à elite intelectual polaca: professores, artistas, pesquisadores, historiadores, presos sob a acusação de serem sabotadores, espiões, latifundiários, donos de fábricas, advogados, sacerdotes e funcionários públicos perigosos.

Todos eles eram cidadãos da 2ª República polaca, em termos étnicos: polacos, belarusos, judeus (entre 500 à 600 pessoas) e ucranianos.

Os carrascos soviéticos demoraram um mês e meio, naquilo que se chamava “a operação de limpeza dos campos”. Os polacos eram trazidos em comboios de 500 pessoas cada, vindos dos diversos locais da URSS, onde eles estavam aprisionados. Diversos prisioneiros estavam contentes, achavam que serão libertados...   

Antes de fuzilamento, as vítimas eram roubadas pela última vez, lhes retiravam as alianças, crucifixos, pertences valiosos, depois amarravam as mãos atrás, usando o arame, levavam até a vala comum e disparavam na nuca. De seguida os corpos alinhados eram cobertos com a terra.
Nas décadas de 1980-1990, os estudantes soviéticos na Polónia eram doutrinados pela embaixada da URSS, que os instruía como responder as possíveis perguntas sobre a questão de Katyn. Os estudantes deveriam dizer que os culpados eram nazis, que por sua vez tentaram culpabilizar os soviéticos. Nos meados da década de 2000, o Ministério da Justiça russo, repetiu a deixa na sua resposta ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, argumentando que dado que as primeiras listas dos assassinados eram compiladas pelos alemães, estas não podiam ser consideradas como provas.   

Apenas em 1990, Gorbachov admitiu a culpa soviética, entregando ao Wojciech Jaruzelski uma parte dos documentos secretos sobre o massacre; o maior número de documentos foi entregue à parte polaca pelo Boris Yeltsin em 1991. Os últimos foram libertados pelo presidente russo Medvedev durante a sua cadência presidencial. Em novembro de 2010, a Duma Estatal russa aprovou uma declaração culpando Estaline e outros dirigentes soviéticos por haverem pessoalmente ordenado o massacre. Agora, Polónia possui praticamente o dossier completo das decisões políticas da liderança comunista: decisões do Bureau Político, com assinaturas do Estaline e Molotov, relatórios dos carrascos ordinários, etc.

Após a II G.M., a URSS tentou culpabilizar oficialmente os nazis pelo seu próprio crime, através do Tribunal de Nuremberga. Preparando as peritagens falsas e instruindo as “testemunhas”. O tribunal rejeitou em absoluto essa tentativa, mas a propaganda soviética teimava em culpar Alemanha quase até o fim da Perestroica...

Blogueiro

Atualmente, os diversos neo-estalinistas e pró-soviéticos defendem novamente a tese negacionista, apontando o uso no massacre de Katyn das pistolas alemãs “Walther”.

Sabe-se que em Katyn, os carrascos do NKVD usavam a munição de calibre 7,65 de marca “Geco 7.65D”, produzida pela fábrica alemã de “Gustaw Genschow Co.”. A munição, que após 1928 era vendida em quantidades consideráveis para Polónia, Países Bálticos e para a URSS. Além disso, em Katyn foram encontrados os cartuchos de fabrico soviético (Gracian Jaworowski, “Nieznana relacja о grobach katynskich”, Zeszyty Historyczne, Paris, 45, 1978:4).

Mais do que isso, as balas de calibre 7,65x17, fabricadas pela “Geco” podiam ser disparadas quer pelas diversas pistolas alemãs, quer pelas belgas: “Browning” de 1900 e 1910 e até mesmo pela americanas “Savage 1907” (FONTE).

Mas a verdadeira prova do crime soviético, como é obvio, não se encontra na origem das armas-assassinas. Pois, até é bastante habitual que em diversas operações clandestinas os governos usam o armamento dos seus adversários ou da terceira parte, basta lembrar os preparativos semelhantes na Operação Mar Verde.

À semelhança da Gestapo nazi, o NKVD soviético era uma pesada máquina burocrática, onde nenhum prisioneiro podia ser fuzilado ou morrer de causas naturais, sem que seja lavrado um auto e que sejam informados os superiores. Então, 22.000 prisioneiros polacos não poderiam desaparecer das cadeias e campos de concentração do NKVD em 1940 sem que isso seja contabilizado e justificado nos documentos do NKVD. E não existe nenhum documento neste sentido. Muito pelo contrário, sabe-se que NKVD fazia tudo para matar todos os prisioneiros em seu poder antes da chegada das tropas alemãs em 1941, após o início da guerra nazi-soviética. Os milhares de prisioneiros ucranianos, judeus e novamente polacos, foram assassinados nas cadeias de NKVD na Ucrânia Ocidental, nos dias (e as vezes horas) imediatos à entrada do exército alemão nas respetivas localidades, onde estes cidadãos estavam detidos (ler mais: Tragédia da Ucrânia Ocidental).     

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